04/09/2020 - 14:52
O Jeep Renegade híbrido, na verdade batizado Renegade 4xe (quatro por e), acaba de ser lançado na Europa. E nossa parceira, a Quattroruote, já fez um primeiro teste, na Itália, do modelo que faz médias de incríveis 45 km/l e pode rodar mais de 40 km sem gastar uma única gota de combustível.
Mas um Jeep que se liga na tomada? Estranho. Porque, desde o início do mundo, os veículos off-road estão intimamente ligados à mecânica. Motores térmicos com torque avassalador, diferenciais bloqueáveis, marchas reduzidas: praticamente tudo que você precisa para passar sem dificuldade pelas situações mais difíceis.
E você não acreditaria que, a bordo de um Jeep Renegade híbrido recarregável, obstáculos como os espalhados no percurso off-road do campo de provas da FCA em Balocco, Itália, poderiam ser superados. Pelo contrário: quando as coisas se complicam, o Renegade 4xe Trailhawk não demonstra que pesa 200 kg a mais do que o 2.0 Multijet vendido atualmente no Brasil.
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O Jeep Renegade híbrido escala quase qualquer lugar, passa por alagamentos (no máximo com 40 cm de profundidade) e é capaz de enfrentar enormes desafios mostrando a mesma naturalidade do seu irmão a diesel.
INTEGRAL À SUA MANEIRA
O sistema do Jeep Renegade híbrido, compartilhado com o Compass 4xe, consiste em um motor-gerador que dá partida no motor térmico – o motor turbo a gasolina FireFly de quatro cilindros e 180 cv com distribuição MultiAir, que movimenta as rodas dianteiras –, dá uma mão na aceleração e ainda ajuda a recarregar a bateria.
Sob o assoalho da parte do porta-malas do Jeep Renegade híbrido, há também uma unidade elétrica de 44 kW (60 cv) (da GKN) com diferencial integrado, que transfere o movimento para o eixo traseiro. Desta forma, é possível ajustar o torque traseiro com grande precisão: uma ajuda importante para superar as partes mais difíceis da pista.
A bateria de íons de lítio de 11,4 kWh é dividida em duas partes: uma ocupa o lugar tradicionalmente reservado para o eixo de transmissão, que não é necessário aqui, e a outra é colocada sob o assento traseiro. Esta configuração única, no entanto, rouba quase 19 litros do tanque e cerca de vinte litros da capacidade do porta-malas.
MUDANDO O CARÁTER
Três modos de condução podem ser selecionados a partir dos botões no painel: ao partir, o Jeep Renegade híbrido, ou 4xe, é ajustado como Hybrid, com os motores sendo gerenciados com total autonomia.
Ao apertar o botão elétrico, por outro lado, o SUV esquece o quatro cilindros e viaja apenas com a energia da bateria, andando a até 130 km/h, e por um máximo de cerca de 40 km.
A terceira possibilidade chama-se E-Save, e é útil se, depois de uma longa viagem, você que fazer um percurso urbano: pode optar por rodar só com gasolina, “congelando” assim o nível de carga da bateria, ou reabastecer o acumulador até 80% de sua capacidade, usando a térmica como gerador (exatamente como faz o Volvo XC40 híbrido; leia aqui).
Finalmente, há um quarto modo de condução, esse sem precedentes, selecionável pelo botão Selec-Terrain: o Sport, que aumenta a carga na direção e torna a resposta do trem de força ainda mais robusta.
Nada revolucionário no cenário de plug-ins, porém. A beleza, no entanto, é que, apesar da abundância de configurações e da possibilidade de escolher entre dois níveis de carregamento regenerativo na frenagem, o Jeep Renegade 4xe não mostra nenhum tipo de deficiência: parece muito com um Renegade movido a gasolina com transmissão automática de dupla embreagem (o 1.3 turbo europeu, não nosso arcaico 1.8).
Se o motorista quiser, pode sentir todos os 240 cv de potência disponíveis: a mecânica híbrida responde de forma brilhante às demandas do motorista, acelerando de 0-100 em 7s1, embora com um certo ronco do quatro cilindros em aceleração total. Além disso, o acabamento e a direção mantêm um sabor turístico, do qual não dá para reclamar.
Até porque o Renegade híbrido é muito atraente, também por outras qualidades. Um exemplo? O consumo médio (declarado) é de mais de 45 km/l. Para chegar perto desses resultados, entretanto, a bateria deve ser recarregada com frequência.
Voltando à direção, fui convencido pela modulação da frenagem, clássico calcanhar de Aquiles dos híbridos: neste Jeep, você pode dosar a força no pedal com muita precisão. A transmissão automática de seis marchas, por sua vez, poderia ser mais suave em ação, mesmo que, no geral, não cometa erros gritantes quando chamada a escolher marchas. E, no modo manual ele se defende, apesar da ausência dos remos você não joga a seu favor.
O advento da eletrificação, que se espalhará por toda a linha da marca dentro de alguns anos, não trouxe mudança significativa para o Renegade do ponto de vista estético. A marca se limitou a dar a ele leves toques azuis nos logotipos 4xe, nos emblemas da Jeep e nas inscrições com o nome do modelo, localizados na parte inferior das portas dianteiras.
ENCONTRE AS DIFERENÇAS
O Jeep Renegade 4xe não tem grandes mudanças no habitáculo: as formas do painel continuam as mesmas de sempre (e o peso dos anos, para ser sincero, começa a ser sentido), bem como o espaço, adequado para quatro pessoas.
Atrás do volante, porém, aparece uma nova instrumentação, com um inédito display colorido de 7″, cheio de informações. Além do sistema multimídia Uconnect, com Android Auto e Apple CarPlay apenas via cabo, há uma série de menus relativos ao funcionamento do sistema híbrido e à gestão de energia, que podem ser visualizados de forma bastante clara no tela tátil de 8,4 polegadas.
Na Europa, o Jeep Renegade híbrido tem ajudas eletrônicas de segurança como o sistema que detecta o cansaço do motorista, que estreia agora na linha Jeep. Por fim, uma nota sobre o local de produção: tal como o Compass 4xe, este Renegade nasceu nas linhas da fábrica de Melfi, que foi recentemente remodelada.
NO BRASIL?
É de lá que ele deve vir, importado para o Brasil, ainda este ano ou no próximo. Preço? Na Europa, este Trailhawk 4xe avaliado, com incentivos do governo, custa menos de 10% a mais que a mesma versão a diesel – são € 41.500, o que, em conversão direta, dá assustadores R$ 260.000.
Resultado da desvalorização do real. Um Trailhawk a diesel, que aqui custa R$ 158.290, enquanto lá sai pelo equivalente a R$ 236 mil. Ou seja: ou a marca vai perder dinheiro, ou terá que produzir o modelo aqui, ou desistir de sua importação. Se conseguissem, como na Itália, ter um preço 10% acima do modelo Trailhawk a diesel, poderia partir de R$ 180 mil — um valor que dá para considerar. Mas nem é preciso dizer vender o Jeep Renegade híbrido aqui por R$ 260 mil seria totalmente inviável.