Enquanto dirijo o novo Kia Sportage híbrido, tento me lembrar da primeira geração, ainda de 1993: passaram-se quase três décadas, mas parece até mais. Não vou falar, como de costume, sobre o fato de que os coreanos não são mais os mesmos (péssimos) carros daquela época.

Mas, se as duas últimas gerações do SUV já tinham alcançado notáveis ​​níveis de qualidade – dinâmica e construtiva –, esta quinta marca outro importantíssimo passo adiante, sob todos os pontos de vista. E um rápido teste neste Kia Sportage híbrido entre a cidade de Milão e o Vale de Aosta, na Itália, foi o suficiente para confirmar isso.

Os quilowatts fornecidos pela parte elétrica são suficientes para eu sair da cidade sem dar muito trabalho ao motor a gasolina com quatro cilindros, que sempre atua de modo bastante discreto.

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O belo quadro de instrumentos e o fluxo de energia exibido na tela central. O cluster no modo de assistente de direção e outra das opções de visualização. O console central com os controles de câmbio e seletor de terreno, o carregador sem fio e o espaço na cabine/porta-malas

A marca ainda não confirma em quais das versões vai apostar, mas o SUV deve chegar este mês ou nó próximo. Estou ao volante da configuração full hybrid, com sistema paralelo (saiba mais sobre os tipos de híbridos clicando aqui), que seria a mais adequada para a Kia importar para o Brasil por cerca de R$ 300 mil.

Esta configuração faria dele um belíssimo e ousado rival para o Toyota RAV4 – e também, com a tração 4×4 opcional, para o Jeep Compass híbrido, chamado de 4xe, que acaba de chegar (depois, podem vir ainda o Sportage híbrido leve e quem sabe até o plug-in, este último com 265 cv e autonomia elétrica de até 60 quilômetros).

No Kia Sportage full hybrid, o motor a combustão de 180 cv e 265 Nm (cerca de 27 kgfm) tem a ajuda de um powertrain elétrico que atua como gerador e motor de partida, com 18 cv e, ainda, de uma unidade de tração de 60 cv e mais 264 Nm. Elas não se somam, como em todo híbrido, e, no total, o conjunto tem 230 cv (e torque de 350 Nm, como no VW Tiguan 2.0).

Assim, o desempenho do Kia Sportage híbrido é mais que adequado, com 0-100 km/h em oito segundos, e a mistura da elasticidade do 1.6 TGDi com a assistência elétrica garante dirigibilidade suave, porém ágil. Quanto ao consumo, a marca divulga média de 18,2 km/l – mas fizemos um pouco menos no percurso, pois tinha muitas serras.

Um híbrido para qualquer terreno

Por outro lado, não dá para criticar o acabamento interno. Este Kia Sportage híbrido que estou dirigindo é o GT Line Plus, configuração topo de linha, e com todos os opcionais possíveis (mas a base é a mesma em todas as versões).

E ainda é muito funcional: o túnel central tem uma prateleira de carregamento por indução tão grande que dá para colocar smartphone e fones de ouvido, além de haver um segundo compartimento para guardar duas latas e outros objetos e um porta-objetos profundo sob o apoio de braço, com forro na parte inferior para evitar ruídos.

Algumas reminiscências do novo EV6 elétrico também são evidentes, a começar pelo da área de comandos e do grande comando giratório do câmbio automático, bem prático de usar.

Um botão menor seleciona os programas de direção, e também o novo modo Terrain, que adapta a eletrônica e a tração aos vários tipos de superfícies. Estão disponíveis os modos lama, areia e neve. Mas, para ter uma capacidade off-road de verdade, é preciso escolher a versão 4×4 — não temos ainda a confirmação de quais chegam ao Brasil.

Analogias com o EV6

As afinidades deste Kia Sportage híbrido com o novo Kia totalmente elétrico continuam em outros elementos, como a concha atrás dos bancos dianteiros, moldada de modo a funcionar também como um cabide.

O painel do novo Sportage tem um conjunto de telas voltado para o motorista, em formato curvo como no EV6. Na verdade, são duas telas de 12,3 polegadas lado a lado. O volante dessa versão GT Line tem a base achatada, e o console elevado traz uma série de comandos, como você pode ver no detalhe abaixo

E até mesmo na habitabilidade: embora não se beneficie da arquitetura com assoalho plano de um carro movido a bateria (o Sportage nasceu na plataforma N3), parece ter perfil alto: na área traseira, há muito conforto para as pernas, na altura não há problemas, e, no porta-malas, a capacidade declarada é de ótimos 587 litros.

Mas o elemento mais claramente comum com o EV6 é o gigantesco monitor curvo que incorpora quadro de instrumentos digital configurável e sistema de informação e multimídia. Na realidade, são dois monitores de 12,3”, lado a lado, que atuam como interface para um ótimo sistema, rico em informações e de fácil uso e leitura.

Mais abaixo, fica o também bastante prático controle do sistema de ar-condicionado: para ajustar a temperatura, há dois botões serrilhados, com boa aderência, enquanto para as outras funções você conta com uma superfície sensível ao toque, que também pode se tornar o navegador entre os menus. Mas, infelizmente, os controles são menos intuitivos do que esperava.

O que mais aprecio na viagem é a eficácia da suspensão, com calibração bem suave: o novo Sportage flutua bem no asfalto, e mesmo em pisos ruins o amortecimento é adequado.

A cabine também parecia bem insonorizada: no geral, o SUV é silencioso, e o único incômodo perceptível aparece em velocidades altas, por alguma turbulência gerada pelos espelhos retrovisores.

Isso torna a condução muito confortável, com a contribuição adicional de assistências ao motorista nível 2 perfeitamente ajustadas, especialmente no gerenciamento do volante, com ação progressiva e homogênea.

Tudo parece ter sido pensado – e muito bem executado – para uma viagem o mais tranquila possível, aliviando o motorista de tarefas simples como ativar a recirculação de ar antes de entrar em um túnel: o GPS localiza o túnel, e o ar-condicionado se ajusta automaticamente.Kia Sportage híbrido

Kia Sportage 1.6 T-GDI HEV GT LINE PLUS

Preço básico (estimado) R$ 235.000
Carro avaliado (estimado) R$ 300.000

Motores: gasolina quatro cilindros em linha 1.6, comando variável, 16V + elétrico dianteiro
Cilindrada: 1598 cm3
Combustível: gasolina+bateria
Potência: 180 cv de 1.500 a 4.500 rpm (g) + 60 cv (elétrico) = 230 cv a 5.500 rpm
Torque: 265 Nm a 5.500 rpm + 264 Nm a 1.600 rpm = 350 Nm de 1.750 a 2.750 rpm
Câmbio: automático, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira (há uma versão 4×4)
Dimensões: 4,515 m (c), 1,865 m (l), 1,645 m (a)
Entre-eixos: 2,680 m
Pneus: aro 18
Porta-malas: 587 litros
Tanque: n/d
Peso: 1.574 kg
0-100 km/h: 8s2
Velocidade máxima: 193 km/h
Consumo médio: 18,2 km/l (Europa)
Emissão de CO2: 24g/km*
Consumo nota: A
Nota do Inmetro: A*
Classificação na categoria: A* (SUV Grande)

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