05/01/2021 - 18:00
Mercedes-AMG C 63 S: que carro! Alguns modelos de automóveis marcam a nossa vida, seja por questões afetivas, seja pela beleza, ou mesmo pela forma com que entregam seu desempenho. Foi durante um bate-papo com o editor Flávio Silveira que lembramos do quanto era brutal o Mercedes-Benz C 63 Coupé AMG Black Series. À época, em 2012, o canhão com motor V8 6.2 naturalmente aspirado e câmbio automatizado de sete marchas descarregava 517 cv de potência e 63,2 kgfm de torque.
Muita água rolou nestes oito anos, e vieram à nossa garagem outros puro-sangue igualmente impressionantes de Affalterbach, sede da divisão AMG, como o Mercedes-AMG S 63 Coupé, o Mercedes-AMG GT S e sua variante radical Mercedes-AMG GT R – um carro de pista homologado para a rua, com propulsor V8 4.0 biturbo de 585 cv e 71,4 kgfm.
Colossal e intenso, da mesma forma, também é este Mercedes-AMG C 63 S, que reúne o melhor de dois mundos. O sedã, da geração W205, entrega não apenas espaço para a família, como também altíssimas doses de desempenho e esportividade.
Diferentemente do Mercedes-AMG C 43 4Matic (R$ 489.900), que tem um V6 3.0 biturbo de 390 cv e 53 kgfm, aqui no Mercedes-AMG C 63 S repousa sob o capô um V8 4.0 biturbo de 510 cv e 71,4 kgfm. Com relação peso-potência de 3,3 kg/cv e peso-torque de 23,5 kg/kgfm, ele atinge 100 km/h em insignificantes quatro segundos.
De arrepiar os cabelos
O Mercedes-AMG C 63 S é um carro para iniciados, não para iniciantes, pois o poderio gerado pelo V8 construído artesanalmente impressiona pela voracidade e rapidez nas reações.
O motor tem a ajuda da nova caixa automatizada multidiscos AMG SpeedShift MCT de nove marchas, que substituiu a antecessora de sete – que era o calcanhar de Aquiles do modelo.
Uma das vantagens da mudança aparece logo de início pela maior rapidez nas trocas/reduções. Trafegando a 120 km/h em nona marcha, basta cravar o pé no acelerador e o sistema pula, em um piscar de olhos, para a quinta marcha, fazendo o supersedã ganhar velocidade absurdamente rápido. Esse Mercedes-AMG C 63 S precisa ser respeitado!
A dirigibilidade irretocável ainda é garantida pela tração traseira – por isso aconselho deixar controles eletrônicos de tração/estabilidade ligados para evitar “braçadas” que colocariam um ponto final na história de um carro de R$ 733.990 (valor bem próximo ao do Porsche 911 Carrera S).
Os bancos superesportivos seguram o motorista com firmeza e têm ajuste de comprimento do assento. O espaço no banco traseiro é bom, mas o túnel é alto. Ao lado, a placa no motor com o nome do engenheiro que o montou
Mesmo sendo intempestivo, o Mercedes-AMG C 63 S consegue ser dócil ao selecionar os modos Eco ou Comfort, com direção leve ao esterço, marchas passadas brevemente e suspensões AMG até macias ao absorver as irregularidades do asfalto – e isso utilizando largos pneus de medidas 245/35 R19 à frente e 265/35 R19 atrás.
O tom da conversa começa a mudar nos programas Sport e Sport+. Ambos utilizáveis no dia a dia, dão um comportamento mais afiado e garantem saídas de semáforo/pedágios de causar vertigem.
Já o ronco do “V-oitão” merece um capítulo à parte: poucos carros produzem uma sinfonia tão envolvente. De cabeça, lembro-me do Jaguar F-Type SVR e do já citado Mercedes-AMG GT R. As trocas sequenciais de marchas são feitas por aletas atrás do volante e acompanhadas de “pipocos” a partir dos médios giros.
Além disso, o sopro dos turbocompressores montados no meio do “V” do bloco se faz presente. É um carro sensorial, que aguça os sentidos de qualquer um.
Também há o programa “Race”, exclusividade deste C 63 S frente ao irmão C 63, de 475 cv e 66,3 kgfm. As reações ficam ainda mais impetuosas e assustadoras, ao menor toque no pedal do acelerador.
Por fim, há, ainda, os modos para pisos escorregadios e o “Individual”. Este último, como diz o próprio nome, permite ajustar individualmente parâmetros do motor, do câmbio, das suspensões e do diferencial traseiro.
Muita fibra
Como não poderia deixar de ser, o interior do Mercedes-AMG C 63 S tem acabamento primoroso, com fibra de carbono no console central e detalhes em aço escovado.
O quadro de instrumentos, totalmente digital e configurável, é de 12,3”, e a central multimídia de 10,2” não tem tela sensível ao toque, mantendo os tradicionais controles da marca, mas possui conectividade Android Auto/Apple CarPlay (bem que merecia um atualização para o MBux).
O volante de base achatada tem uma empunhadura perfeita e botões táteis, além de dois seletores na porção inferior. O da direita é giratório, a exemplo do famoso Manettino utilizado nos superesportivos da Ferrari, possibilitando alternar entre os modos de condução, enquanto o da esquerda, por exemplo, muda o câmbio de automático para manual ou vice-versa, altera a atuação do ESP e a sonoridade do sistema de exaustão.
Quem viaja no banco traseiro desfruta de bom espaço para as pernas/joelhos, mas o quinto passageiro sofre com o túnel central elevado.
Embora seja um carro para poucos, custando hoje um pouco mais de R$ 700 mil, o Mercedes-AMG C 63 S é capaz de marcar a vida de qualquer mortal. E certamente já está no meu “álbum de figurinhas” dos Dream Cars (meus carros dos sonhos).
Mercedes-AMG C 63 S
Preço básico R$ 733.990
Carro avaliado R$ 733.990
Motor: oito cilindros em V 4.0, 32V, injeção direta, biturbo, duplo comando variável
Cilindrada: 3982 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 510 cv a 5.500 rpm
Torque: 71,4 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automatizado multidisco, nove marchas
Direção: elétrica
Suspensões: braços sobrepostos (d) e multibraços (t), amortecedores com controle eletrônico
Freios: discos ventilados (d/t)
Tração: traseira
Dimensões: 4,757 m (c), 1,839 m (l), 1,426 m (a)
Entre-eixos: 2,840 m
Pneus: 245/35 R19 (d) e 265/35 R19 (t)
Porta-malas: 435 litros
Tanque: 66 litros
Peso: 1.680 kg
0-100 km/h: 4s0
Velocidade máxima: 290 km/h
Consumo cidade: 7 km/l
Consumo estrada: 10,3 km/l
Emissão de CO2 169g/km
Consumo nota E
Nota do Inmetro: D
Classificação na categoria: E (Extra Grande)