Alguns carros são atemporais. Entre eles, está o Mercedes-Benz Classe G (de Geländewagen, ou veículo cross-country). Nascido com proposta militar em 1979, por sugestão do então rei do Irã, Mohammad Reza Shah, ele evoluiu ao longo das décadas, mas nunca perdeu a essência de suas linhas ou dos faróis redondos, característicos também do Porsche 911. Dos campos de batalha, caiu nas graças de celebridades como Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Entre outros motivos porque, produzido em Graz, na Áustria, é um SUV que reúne requinte e capacidade vigorosa, sendo capaz de vencer os mais duros obstáculos off-road.

Nesta versão da terceira geração (W463), envenenada pela submarca e preparadora oficial AMG, tudo é exponencial: ele faz inveja a muito esportivo, com 100 km/h em 4,5 segundos. O esmero nos acabamentos é impactante até para quem está acostumado ao luxo, e o cheiro da cabine remete ao de jatos executivos. Absolutamente tudo é forrado em couro, há alcantara até no teto e um relógio analógico da renomada IWC.

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Custa R$ 1,8 milhão, mas fica mais caro ao somar opcionais: sempre tem rodas aro 22”, mas, dependendo do modelo, são R$ 9.500 a R$ 22.700 extras. Já as cores exclusivas custam de R$ 13.100 a R$ 77.400. Quer mais? Há, ainda, itens como aplicação interna de fibra de carbono (R$ 56.600).

Enfim: com R$ 2,1 milhões, você poder ter um Mercedes-AMG G 63 bastante exclusivo na sua garagem! O visual quadradão impõe respeito em meio ao trânsito paulistano: são 4,873 metros de comprimento, com 2,890 de entre-eixos, 1,984 de largura e 1,966 de altura. Dos anos 1970, o utilitário esportivo “raiz” mantém as setas sobre os para-lamas salientes, a característica maçaneta/batida de porta, bem como o estepe colocado na tampa do porta-malas de “apenas” 454 litros (1.941 litros ao rebater a segunda fileira).

A sensação de dirigir enxergando o capô é ímpar, e a posição de guiar altíssima, somadas à linha de cintura baixa da carroceria, garante ótima visibilidade em todas as direções – o que é muito desejado no uso em trilhas. Quem viaja atrás tem bom espaço para as pernas, graças aos generosos 2,89 m de entre-eixos, e as formas peculiares da carroceria deixam espaço de sobra também para ombros e cabeça.

Mercedes-AMG Classe G – Crédito: Divulgação

Oito Cilindros, duas turbinas

A usina de força que fica debaixo do capô é de arrepiar, com o moderno motor 4.0 biturbo (M177) casado ao câmbio automático multidisco com nove marchas da AMG, que envia – sempre às quatro rodas – 585 cv de potência e um pico de respeitáveis 850 Nm (86,7 kgfm) de torque na faixa de 2.500 a 3.500 rpm. É uma brutalidade assombrosa, com a sinfonia do oito cilindros em V emitida pelas saídas de escape laterais, abaixo da janela traseira esquerda: uma das “sinfonias” mais belas já produzidas por um carro, “borbulha” em baixa rotação e “embaralha” quando sobe o giro!

É um SUV ríspido quando provocado, capaz de ganhar velocidade num piscar de olhos. Parece até não tomar conhecimento de seu próprio peso, superior a 2,5 toneladas (a relação peso-potência é de 4,38 kg/cv). O desempenho é auxiliado pela ótima transmissão automática, que catapulta da nona para a quarta marcha ao se cravar o pé direito.

Mesmo assim, no uso urbano, é dócil, permitindo um consumo na faixa de 6 km/l (aceitável). Estão disponíveis os programas que mudam a entrega do motor, da transmissão, das suspensões e do escape: vão do mais comedido “Comfort” ao “Sport+”, onde o Mercedes-AMG G 63 revela seu lado demoníaco. As suspensões AMG pneumáticas lidam de forma espetacular com as irregularidades dos diferentes pisos. Nada é sentido na cabine, e a sensação é de estar em um tapete voador. Isso com um conjunto que ainda tem boa desenvoltura em curvas, inibindo a rolagem da carroceria e saídas de frente ou traseira. Além de o G ser surpreendentemente grudado ao chão, destacam-se a calibração da direção, rápida e precisa ao esterço, e a tração que reparte essa força toda entre os eixos (dianteiro 40%, traseiro 60%).

Mas o Classe G precisa ter capacidade off-road: mais parrudo que qualquer SUV monobloco, tem três bloqueios de diferenciais (dianteiro, central e traseiro), engatados individualmente em movimento, e ângulos de ataque/saída são de 26,7º e 29,2º, na ordem. Não por acaso, ele é um dos clássicos supremos da história automotiva e, especialmente, do mundo off-road – como os antigos Land Rover Defender.

Sua unidade 500 mil, produzida pela Mercedes-Benz, deixou a linha de produção de Graz, na Áustria, em abril deste ano. Bruto, luxuoso e com desempenho estrondoso, podemos considerar este como um SUV definitivo? Ou excêntrico demais? Caso tenha essa quantia sobrando, aproveite a oportunidade de colocar um futuro clássico na sua garagem. É um carro para se colecionar!

Mercedes-AMG Classe G – Crédito: Divulgação

Mercedes-AMG G 63

Preço básico: R$ 1.869.900

Preço avaliado: R$ 2.099.700

Motor: oito cilindros em V 4.0 32V, duplo comando de válvulas com variação na admissão, turbo, injeção direta

Combustível: gasolina

Potência: 585 cv a 6,000 rpm

Torque: 850 Nm entre 2,500 e 3,500 rpm

Câmbio: automático sequencial, nove marchas

Direção: elétrica

Suspensões: braços sobrepostos (d) e eixo rígido (t), molas pneumáticas

Freios: discos ventilados (d/t)

Tração: integral permanente

Dimensões: 4,873 m (c), 1,984 m (l), 1,966 m (a)

Entre-eixos: 2,890 m

Pneus: 295/40 R22

Porta-malas: 454 litros (1.941 litros com o rebatimento da segunda fileira de bancos)

Peso: 2.595 kg

Tanque: 100 litros 0-100 km/h: 4s5

Velocidade máxima: 240 km/h (limitado eletronicamente)

Consumo cidade: 5,2 km/l

Consumo estrada: 6,2 km/l

Nota do Inmetro: E

Classificação na categoria: E (Fora de Estrada Grande)