Por Flávio Silveira

O Sentra por pouco não roubou o título do Civic na Compra do Ano 2025. Olhando para o que ambos oferecem, o Honda é superior, obviamente – afinal, é híbrido e tem muito mais potência e torque para começar. Por isso, também, é mais caro. É uma excelente compra se você puder pagar. Mas, ao analisar os custos e os benefícios, o Sentra parte de R$ 157.890, pouco mais que as versões top de sedãs “quase médios”, e se destaca não apenas diante do Honda, mas também de seu verdadeiro alvo: o Toyota Corolla. Ciente disso, após um hiato nas vendas, a Nissan trouxe o Sentra de volta no ano passado e agora o atualizou, com mudanças discretas que incluem o novo logo da marca. Além disso, a versão básica Advance já tinha frenagem automática e ganhou luz alta automática e alertas de ponto-cego, tráfego cruzado e mudança de faixa – antes oferecidos só na Exclusive, de R$ 178.490.

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Ouvi poucas críticas a respeito do sedã, como a central multimídia com tela pequena, a ausência de freio de mão elétrico (é acionado por pedal) e de carregador por indução, por exemplo. Mas são detalhes insignificantes diante do conjunto que além dos citados ADAS (com atuação exemplar), tem:
 ar bizona,
 faróis de LED,
 banco de couro (elétrico para o motorista),
 chave presencial,
 sensores de estacionamento,
 rodas aro 17,
 seletor modos de condução, e muito mais.

Isso na versão “básica” – a top ainda soma teto solar, partida remota, retrovisor interno antiofuscante e externo rebatível, ACC, câmeras 360o e som Bose com subwoofer.

Também se destacam:
• 
os materiais macios (o console central destoa),
 o belo design,
 a montagem impecável,
 e a facilidade de uso, com botões físicos para ajustes principais e telas relegadas a segundo plano (como deve ser), além de comandos no volante que são exemplo de organização e um cluster claro e bonito, que combina analógico com digital.

O acabamento caramelo do Sentra Exclusive dá um ar diferente por R$ 1.700 extras, o porta-malas tem 466 litros e o espaço traseiro deixa os SUVs compactos no chinelo (muitos custam mais que o Sentra quando igualmente equipados).

(Divulgação)
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A posição de dirigir é ótima, o acabamento tem materiais de boa qualidade e os comandos são todos fáceis e claros – como os do ar-condicionado bizona, sempre de série

Se o bom pacote a um custo relativamente baixo não convenceram, os maiores benefícios aparecem ao volante, resultado da plataforma de carro médio. Ela oferece, por exemplo:
 suspensão traseira independente – que “suvezinhos” e sedãs intermediários não têm e garante mais conforto ao rodar e uma dinâmica excelente, sem deixar a carroceria inclinar demais nas curvas: além da vantagem natural de um sedã, por ser mais baixo, as molas e amortecedores são perfeitamente calibrados.
• Bancos e volante são amplamente ajustáveis, permitindo escolher entre uma posição de dirigir mais baixa, típica de sedã, ou mais alta.
• O motor 2.0 de 151 cv e 200 Nm pode não ser flex, mas é muito competente – ajudado pelo ótimo câmbio CVT, o Sentra arranca rápido, sem patinar demais.
• A caixa tem oito marchas simuladas, com opção de trocas manuais por aletas e, ainda, o modo L para descidas de serra ou uma direção mais esportiva.

Mas o sedã não é para isso: responde muito bem já a meia carga do acelerador – e rápido, por não haver turbina ou turbo lag. Dirigindo assim, é extremamente compensador ao volante e o conta-giros fica na faixa de 3.500 rpm, garantindo ótimo consumo: fiz 11 km/l na cidade e 16 na estrada.

Então, se você tem de R$ 160 mil a R$ 180 mil para gastar, pense bem se precisa mesmo de um SUV, seja compacto ou médio, ou de um sedã intermediário “top”. Não deixe de considerar este Sentra – mesmo que seja na versão de entrada.

(Divulgação)

Nissan Sentra 2.0 Exclusive

Motor: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, ciclo Atkinson, injeção direta, duplo comando de válvulas com variação na admissão e no escape
Cilindrada: 1997 cm³
Combustível: gasolina
Potência: 151 cv a 6.000 rpm
Torque: 196 Nm a 4.000 rpm
Câmbio: automático sequencial CVT, oito marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,646 m (c), 1,816 m (l), 1,456 m (a)
Entre-eixos: 2,707 m
Pneus: 215/50 R17
Porta-malas: 466 litros
Tanque: 47 litros
Peso: 1.405 kg
0-100 km/h: 9s4
Velocidade máxima: 200 km/h
Consumo cidade: 11 km/l
Consumo estrada: 13,9 km/l
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: B (Grande)