13/10/2025 - 7:00
A Audi está numa fase boa aqui no Brasil, e o A3 Sedan faz parte dela: o modelo foi renovado em janeiro desse ano, ganhando visual atualizado e muito conteúdo de série que, até então, ele não dispunha, como um belo pacote ADAS com vários assistentes de condução de série. Rodas maiores e acabamento aperfeiçoado também entraram nesse lote de melhorias. Só que, na versão topo de linha, ele custa R$ 345 mil.
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A3 Sedan Performance Black tem preço próximo do A5
E é justamente o caso dessa Performance Black avaliada: é completona, com (quase) tudo que se espera num Audi, e traz todas as qualidades de um modelo premium tipicamente alemão. Só que ela tem um problema, que se chama…Audi A5: por R$ 35 mil a mais, é possível levar para casa o sedan médio com ares de coupé, fruto de um projeto mais moderno, com plataforma superior e motorização bem mais poderosa. Sem contar um nível de luxo e requinte acima do que é encontrado no A3.
De fato, hoje as versões mais caras do A3 Sedan têm como principal Calcanhar de Aquiles seu irmão maior A5, que, graças a algumas “mexidas” da Audi do Brasil, conseguiu chegar aqui com uma boa relação custo X benefício, até mesmo frente aos concorrentes de tamanho (BMW Série 3, Mercedes Classe C e afins).
Versões mais baratas…
Mas, calma lá: o A3 Sedan nem sempre tem um preço tão próximo do A5 assim. Isso porque, por menos de R$ 300 mil, já dá pra levar pra casa a versão Advanced, com um bom recheio de equipamentos e tecnologias, e exatamente a mesma mecânica desse carro de quase R$ 350 mil que você vê nas fotos. Mais interessante, não?

3 versões, 1 motor
Assino embaixo. O A3 Sedan pode fazer muito mais sentido nas opções menos caras, especialmente essas de entrada. Até porque, qualidades ele tem de sobra. Começando pelo bom e velho motor 2.0 turbo a gasolina (EA-888), mesmo de VW Golf GTI ou Jetta GLI, aqui recalibrado para 204 cv de potência com algo próximo dos 32,5 mkgf de torque, casado ao câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas (S Tronic). Pena, porém, que ele não traga mais a tecnologia híbrida-leve (MHEV), que melhorava o consumo e ainda trazia bônus como isenção de rodízio.

Esse 2.0 turbo é conhecido pela elasticidade, despertando com força máxima a baixíssimas rotações (1.600 rpm), seguindo crescente até mais de 4 mil giros. Apesar de grande e massudo, o EA-888 trabalha de forma silenciosa sob o capô do A3 Sedan, e até gera um ronco gostoso nas acelerações, também graças ao sistema de escape. Em nossos testes, levou menos de 7 segundos para ir de 0 a 100 km/h. Canhãozinho, especialmente no modo de condução mais esportivo, pensado para acelerar.

O casamento do motor com a transmissão automatizada é competente, mas vez ou outra acabam dando umas “brigadinhas”, como em subidas íngremes (oscilam entre muitas passagens e reduções de marchas), ou mesmo em descidas, situação em que o carro ativa o máximo de freio-motor possível, elevando o giro desnecessariamente. No mais, uma dupla imbatível, onde o câmbio de relações longas combina com o 2.0 turbo de força crescente. Bingo!

Consumo pode surpreender
Além da performance, esse comportamento elástico faz bem ao consumo. Em quase 650 km rodados, o A3 Sedan fechou a semana de testes com média de 12,5 km/l de gasolina, isso com muito trânsito lento. Na realidade, são dois extremos: enquanto na estrada, com o 2.0 em baixos giros e câmbio longo, era fácil passar dos 17 km/l, na cidade a maior inércia do conjunto mecânico cobrava mais caro. Nesse caso, os melhores números rondaram os 9,5 km/l. Sempre no modo Efficiency, que retarda o powertrain para consumir menos, e mantendo o Start & Stop ligado.
Bom pra viajar
Nesse sentido, é fácil entender que, apesar de pequeno, o A3 Sedan é um carro bom para viajar. Consegue se virar em ultrapassagens com o menor toque no acelerador (e muitas vezes esticando a sétima longa, sem reduzir), traz silêncio e suavidade no asfalto bom, e conta com poderosos sistemas de ar-condicionado e, principalmente, som (esse, digno de vários elogios).

Apesar de ser o modelo de entrada da Audi no Brasil, mostra toda a solidez de um carro premium desenvolvido na Alemanha: é daqueles que, a 150 km/h, passa a sensação de estar a menos de 100. Direção precisa e justinha, pedais com peso calibrado e, principalmente, suspensões independentes que caem bem na tocada esportiva. Com curso curto de molas e amortecedores, pneus largos e carroceria baixa, o A3 Sedan pode dispensar a tração integral, mas tem o pique de um kart em curvas rápidas.

Na cidade, alguns problemas
Na buraqueira das cidades brasileiras, enfrentando valetas, lombadas, desníveis, e tendo que lidar com o anda-e-para do trânsito urbano, tudo isso citado como mérito acima pode não garantir o máximo conforto a bordo, nem tampouco uma vida tranquila (pneus de perfil baixo podem rasgar em buracos, rodas “taludas” raspam em calçadas, parachoques “bicudos” enroscam no chão e por aí vai). A tocada ainda é prazerosa e divertida, sem dúvidas, só que requer mais cuidado.
Vida a bordo
Esquecendo tudo isso, quem viaja no A3 Sedan tem vida boa. Tudo do cockpit é voltado ao motorista, facilitando bastante a condução e operação dos controles (quem dirige se sente “abraçado”). A ergonomia de bancos, volante e pedaleira, todos bem-posicionados, conta muito a favor, assim como os amplos ajustes desses mesmos componentes (menos pedais, fixos).
Curiosamente, não é um carro com posto de condução muito baixo, ainda que sua proposta e visual sugiram esportividade. Porém, bancos mais altos acabam, diretamente, melhorando a visibilidade de quem dirige. Cai bem, já que área envidraçada não é sua especialidade. E vale destacar o layout bonito e charmoso de multimídia e instrumentação digital, que formam uma bela dupla, junto com as luzes ambientes em LED personalizável (criam até uma espécie de efeito 3D nas portas).
Espaço interno e porta-malas
Não espere um interior com espaço interno de sobra. O ideal é que quatro adultos viajem no A3 Sedan, e nada mais. Há um vão mediano para as pernas de quem vai atrás, e o teto nem é tão acanhado, só que a carroceria baixa dificulta o entra-e-sai. Além disso, há um enorme túnel central, que limita a movimentação no banco traseiro. A tração está na dianteira, mas parece que ele foi pensado para ter um cardã atravessando por ali. 425 litros de porta-malas agradam, mesmo com a “boca” do compartimento pequena. Na realidade, no geral, o A3 Sedan é um carro pequeno.
O que traz de série?
Essa versão Performance Black tem as (lindíssimas) rodas diamantadas aro 19, faróis full-LED com facho matricial, ar digital automático tri zone, bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecimento, interior em couro e camurça, luz diurna com assinatura personalizável, teto-solar, sistema de som Sonos 3D, carregador de celular sem fio, lavadores de faróis, sensores de chuva e crepuscular, além de um enorme pacote de assistentes de condução (uma sopa de letrinhas que merece quase um texto a parte). Só seria melhor com resfriamento de bancos e head-up display, que ele não dispõe.
Ainda mais legal nas versões de entrada
Que o A3 Sedan é um baita carrinho legal, não restam dúvidas. O problema é o preço dessas versões mais caras, como a Performance Black avaliada, que o deixa perigosamente próximo do irmão maior (e superior) A5. Agora, se você pensa nas configurações de entrada, e especialmente aquela abaixo de R$ 300 mil, aí não tem erro: ele tem quase tudo pra te agradar.
