10/11/2025 - 7:00
As conclusões que cheguei no test-drive de lançamento do Novo Kicks foram as mesmas após passar 1 semana avaliando o modelo por aí: é um baita carro, mas não espere performance à altura. Falo principalmente dessa versão mais completa Platinum, que beira os R$ 200 mil e, com isso, faz do SUV da Nissan o carro 1.0 mais caro do Brasil. A VW tem T-Cross 1.4 turbo, a Chevrolet tem Tracker 1.2 turbo, a Honda tem HR-V 1.5 turbo, a Hyundai tem Creta 1.6 turbo, mas aqui ele tem o mesmo powertrain das versões de entrada.
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Novo Kicks não é para quem curte o melhor desempenho
Não é um carro para quem quer performance, assim como sua antiga geração, e para muita gente isso não é problema. Pudera, seu motor 1.0 turboflex, emprestado do Renault Kardian, tem o maior torque (força) do segmento, chegando a quase 22,5 mkgf com etanol. A potência, em contrapartida, é mediana, com 120/125 cv com gasolina/etanol. Essa força extra do 1.0 turbo, que surge de forma prematura e com pouco turbolag, deixa o Novo Kicks bem ágil nas arrancadas, retomadas de baixas e médias velocidades, ou na hora de encarar uma subida.
Ágil na cidade
Em resumo, para a cidade, é uma excelente pedida. A parceria entre esse motor e a transmissão automatizada de dupla embreagem e seis marchas é feliz, ainda que as relações do câmbio sejam encurtadas para melhor performance. E, mesmo para uma caixa de dupla embreagem, ela quase não dá os típicos “tranquinhos” nas passagens, o que é vantagem e deixa o carro ainda mais macio, progressivo e confortável.

Além disso, claro, ela acaba ajudando na agilidade do Novo Kicks em baixas e médias velocidades, afinal trabalha com a marcha seguinte, ou anterior, sempre pré-engatada, no gatilho. Consumo? No trânsito urbano livre, não era difícil ver o computador de bordo bater a marca dos 12,7 km/l de gasolina, número excelente para seu porte e proposta.

Pode faltar na estrada…
Só que na estrada pode faltar força vez ou outra, especialmente com o carro carregado. Aí, mesmo com a torque extra desse motor e a transmissão de dupla embreagem, o Novo Kicks pode sofrer um pouco nas ultrapassagens ou retomadas de altas velocidades. Vale lembrar que, como parte dos motores turbo, o 1.0 do Novo Kicks rende melhor em baixos e em médios giros.

Essa performance rodoviária mais contida faz com que o motorista exija mais reduções e maiores rotações durante a viagem. Não é problema para o conforto a bordo, já que o modelo da Nissan é disparado um dos mais silenciosos da categoria, só que o motorista vê o combustível ir embora mais rápido: proporcionalmente, em nossos testes, ele não foi tão mais econômico na estrada, chegando a 15,5 km/l e nada muito além disso. Rivais 1.0T podem mostrar números mais promissores, mesmo sem esse nível de silêncio.

Não só de motor se vive um carro
Ainda bem que um carro não é feito só de motorização. Se fosse assim, a situação do Novo Kicks seria bem mais complicada. Mas, na falta de potência e torque, a Nissan compensou motorista e passageiros com outras qualidades. Vejamos…
Beleza
Para muita gente, o design conta a favor. Por mais que as rodas aro 19 com pneus de perfil baixo deixem ele um pouquinho mais áspero no rodar, o jogo cai bem na estética geral do carro, que é estiloso e elegante, especialmente nessa cor vermelha metálica. É um dos mais bem resolvidos da categoria no quesito “desenho”, e o público deixa isso claro torcendo pescoços e arregalando olhos para ver o Kicks Platinum melhor. Bonito ele é.

Espaço
Com a carroceria maior, também ganha muitos pontos em espaço interno. Quatro adultos grandes vão bem acomodados nele, sem sofrer com aperto nas pernas, ombros ou cabeça. Se você tem a primeira geração do Kicks como referência em espaço interno, saiba que essa ficou ainda melhor. E o porta-malas, maior que o de Compass ou Corolla Cross, bebe da mesma fonte: são 470 litros de capacidade. Mancada só não oferecer tampa elétrica nessa versão…
Parece médio
No quesito vida a bordo, também dá para enganar alguns desavisados falando que o carro em questão é um SUV médio, e não compacto. Levam a crer isso o console largo e alto, bancos grandes, e acabamento surpreendentemente bom, com vários pontos em tecido, painel emborrachado e materiais bem escolhidos. Não só isso: portas grandes e luxos internos passam a mesma impressão de estar a bordo de um carro superior. A dupla tela de 12,3” para multimídia e instrumentação digital são exemplo: valorizam o passe da cabine.
Prazeroso ao volante
Toda a engenharia da Nissan caprichou no Novo Kicks, talvez já sabendo que precisariam compensar as limitações da motorização com outros pontos fortes. Além do espaço interno amplo, do visual bem acertado, do acabamento esmerado e boa vida a bordo, ele é um SUV prazeroso de guiar. Conta com posição baixa do banco do motorista, e o volante, com amplos ângulos de ajuste, facilitam para a melhor ergonomia. Pena só o banco do motorista não ter ajustes elétricos, outro vacilo como o da tampa do porta-malas.

Não é um carro que cansa depois de ser dirigido por longos períodos, e suas calibrações mecânicas mostram que o projeto é, de fato, totalmente novo. Não traz nada do seu antecessor, que ainda é vendido sob o nome de Kicks Play. O Novo Kicks se comporta de forma neutra mesmo próximo da sua velocidade máxima, e passa segurança de sobra em curvas rápidas. É o que chamam, no meio automotivo, de “carro com bastante chão”.
O que oferece essa Platinum?
Na direção, comandos macios e precisos, como é de praxe num modelo de marca japonesa, junto do novo volante de melhor pega. Ah, e os freios são a disco nas quatro rodas, isso desde a versão de entrada Sense, que hoje beira os R$ 167 mil. Além deles, nessa Platinum topo de linha são destaques o enorme teto-solar panorâmico, o amplo pacote de assistentes de condução (ADAS), o sistema de som Bose com alto-falantes nos encostos de cabeça dianteiros, a dupla tela de 12,3” cada, o ar digital automático, sensores de luz e chuva, câmeras 360º, partida remota do motor, iluminação ambiente em LED e por aí vai.
Caro sim, simples não
O Novo Kicks Platinum é pra quem não quer o carro mais potente, ou o que ofereça o melhor desempenho, trocando isso pelo design elogiável, amplo espaço interno, porta-malas generoso, bom recheio de série e dirigibilidade acertada. E está tudo bem. R$ 200 mil é uma cifra bem salgada, sem dúvidas, e a Nissan tem na prateleira da parceira Renault o 1.3 turboflex do Duster, que cairia aqui como uma luva. Mas parece que ela preferiu mesmo trocar cavalos por tecnologias…





























