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A Kia lançou oficialmente no Brasil a quarta geração de seu aclamado crossover Sportage. Ontem revelamos aqui os equipamentos e preços das duas versões que já estão à venda. E agora chegou a hora de mostrar nossas primeiras impressões ao volante do carro. Esse primeiro – e rápido – contato foi com a versão mais barata.

A princípio o valor sugerido de R$ 109.990 da versão de entrada LX pode parecer bastante atraente, mas, assim como 70% dos clientes que já reservaram o crossover talvez você prefira gastar mais e pagar os R$ 134.990 pedidos pela topo de linha EX.

Embora acusado por muitos de ser uma imitação do Porsche Cayenne, o crossover tem personalidade própria, sim, e bastante forte. Revelada ao mundo em setembro no Salão de Frankfurt, ela mostra uma boa evolução do design do modelo – novamente desenvolvido pelo aclamado Peter Schreyer, alemão que criou o Audi TT e revolucionou o design coreano com modelos da Kia, como o Soul e o próprio Sportage que sai de linha (prova do seu sucesso é que mesmo depois de tanto tempo no mercado foi o importado mais vendido em maio). Não é á toa que Schreyer hoje está na presidência da Kia, além de seguir como chefe de design – tanto da Kia quanto da Hyundai.

No design, essa versão básica perde parte do design futurista ao não oferecer as luzes de neblina de LED, formadas por quatro LEDs, e as luzes de circulação diurna (DRLs), agora com elemento redondo integrado ao farol. Perde também sofisticação ao abrir mão dos cromados e das diferentes rodas aro 19 da versão EX (aqui na LX têm 17”). Mas o capô alto e a bocona dianteira, assim como as lanternas traseiras ligadas por refletores, ainda fazem dele um crossover bastante atraente. Sem a costumeira coluna D, o Sportage da terceira geração, em teoria, era quase um hatch (não fosse a altura da carroceria). E mantém essa característica.

Embora a plataforma não tenha mudado, as dimensões cresceram um pouco (4 cm no comprimento, 3 na largura e 3 no entre-eixos) – e o crossover chega a respeitáveis 4,48 m de comprimento (3 cm a mais que o primo Hyundai ix35). O porta-malas também cresceu um pouco, e agora beira 600 litros até a cobertura (a marca só divulga o número até o teto: 868 litros). O espaço tanto no banco traseiro é bastante satisfatório, e agora o encosto reclina em oito posições diferentes, em até 39o (eram duas posições e 29o).

O acabamento foi aprimorado, e agora há material emborrachado no painel no lugar do plástico rígido. Fonte de reclamação, a apoio de braço dianteiro cresceu. Os painéis das portas desse LX, porém, vem sem couro ou tecido. São todos em plástico rígido, o que é meio decepcionante para um carro desse valor. Assim como a central multimídia muito básica, sem navegador GPS e com tela pequena. Para completar, o ar-condicionado não é digital e sequer automático (mas tem saídas traseiras). Já o interior da EX está em outro patamar: tem couro, teto solar panorâmico duplo, ar automático de duas zonas central de 7” com navegador, volante esportivo (base chata), bancos com ajuste elétrico e luzes de leitura em LED, por exemplo.

Já a mecânica nada mudou, e o Sportage segue com o 4 cilindros 2.0 flex com duplo comando variável e com o câmbio automático sequencial de seis marchas. Melhorias no isolamento acústico reduziram os ruídos, segundo a marca. De fato, o barulho do motor só invade a cabine nas esticadas de marcha – frequentemente necessárias, porém, já que o motor de 156/167 cv (g/e) precisa se esforçar para movimentar a pesada carroceria (a potência foi diminuída em 11 cv para poluir menos). O consumo é apenas razoável, como nota C do Inmetro, mas equivale ao de outros crossovers de seu porte.

É fácil encontrar uma boa posição ao volante, graças ao novo e amplo ajuste de profundidade do volante. Ao partir, porém, me surpreendo com o velho freio de mão com acionamento no pé (esquerdo). Em movimento, a direção elétrica agrada, embora não seja lá muito comunicativa, e as suspensões são bastante confortáveis e silenciosas. A visibilidade também é boa, apesar da grossa coluna C.

Uma novidade interessante é o seletor de modo de condução. Como nos modelos alemães, há um botão junto ao câmbio que permite escolher entre três modos – Normal, Eco ou Sport. No Eco o acelerador responde com preguiça e trocas de marcha são antecipadas, enquanto no Sport o volante ganha rigidez em velocidades mais altas, o acelerador fica mais sensível e as marcha são esticadas. Já as trocas de marcha sequenciais ficaram mais rápidas, mas nessa versão LX só é possível fazê-las via alavanca, já que borboletas junto ao volante são exclusivas da mais cara.

Mas onde essa versão LX mais economiza é nos itens de segurança, algo bastante questionável em um carro dedicado ao uso familiar.  E é justamente aí que está boa parte das novidades mais interessantes, disponíveis apenas na versão EX como o monitor de ponto cego e o alerta de tráfego cruzado (avisa sobre carros vindo ao se dar ré numa vaga de shopping, por exemplo), o auxílio em descidas e o assistente de partida em subidas. O pior é que nem mesmo airbags laterais e de cortina ou os imprescindíveis controles de tração e estabilidade (principalmente em veículos altos como ele). Assim, fica difícil aconselhar a compra dessa versão. A maioria dos clientes deve ir à concessionária atraída por seu preço, um bela isca para que acabem concluindo que vale a pena fazer um esforço extra para levar a EX – cuja avaliação você vê na próxima edição da revista MOTOR SHOW.

A marca espera vender globalmente mais de três milhões de unidades dessa geração. Aqui, com limitações de importação (que a Kia luta para derrubar), devem ser emplacadas 300 a 400 unidades mensalmente. Outra boa novidade é que agora as revisões têm preços fixos (10.000 km = R$ 224,64, 20.000 km = R$ 636,03, 30.000 km = R$ 449,64, 40.000 km = R$ 1035,47, 50.000 km = R$ 449,64, 60.000 km = R$ 872,09).

Nessa versão de entrada, o modelo briga principalmente com o conterrâneo Hyundai ix35, mas também deve incomodar as versões topo de modelos como Jeep Renegade e Honda HR-V, que beiram R$ 100 mil – mas são muito mais equipados, principalmente nos itens de segurança. Já a topo EX não deixa de ser uma opção interessante a Honda CR-V e Toyota RAV4, além de ser também uma alternativa a modelos premium como Audi Q3, Mercedes GLA e BMW X1, que partem de R$ 140/160 mil.

OBS: Essa versão parece ser oferecida apenas para ter a propaganda mostrar um preço mais atraente, pois a Kia parece não muito interessada em mostrá-la. Disponibiliza pouquíssimas fotos dela, por isso a maioria das imagens na galeria é da versão mais cara. Assim que conseguirmos mais imagens da LX, as publicaremos.

FICHA TÉCNICA
KIA SPORTAGE LX
PREÇO BÁSICO: R$ 109.990
CARRO AVALIADO: R$ 109.990

Motor: 4 cilindros em linha, 16V, duplo comando variável, coletor de admissão variável
Cilindrada: 1999 cm3
Combustível: flex
Potência: 156 cv a 6.200 rpm (g) e 167 cv a 6.200 (e)
Torque: 18,8 kgfm a 4.700 rpm (g) e 20,2 kgfm a 4.700 (e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensão: MacPherson (d) e Multilink (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,480 m (c), 1,855 m (l), 1,665 m (a)
Entre-eixos: 2,670 m
Pneus: 225/60 R17 (EX: 245/45 R19)
Porta-malas: 570 litros (estimado) – 865 litros até o teto
Tanque: 62 litros
Peso: 1.570 kg
0-100 km/h: 11s2 (Medição MOTOR SHOW)
Velocidade máxima: 182 km/h (Automobile Revue)
Consumo cidade: 8,7 km/l (g) e 6,0 km/l (e)
Consumo estrada: 11 km/l (g) e 7,5 km/l (e)
Emissão de CO2: 142 g/km (com etanol = 0)
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: A (Utilitário Esportivo Grande)