Uma obra-prima da engenharia alemã é a melhor forma de iniciar esta avaliação do Porsche Taycan. E há tempos não desembarco de um automóvel inteiramente embasbacado pelo desempenho. Se o futuro são os carros elétricos, como dizem, que todos sejam ao menos “similares” ao primeiro esportivo totalmente elétrico do fabricante de Stuttgart. Algo difícil de expressar por palavras, mas tentarei…

Observá-lo pela primeira vez causa um misto de sensações, pois estamos um passo no futuro, porém, sem esquecer dos mais de 70 anos de tradição de Stuttgart. Frente a frente é impossível ficar indiferente pela beleza das linhas, que remetem diretamente tanto ao 911 quanto ao Panamera. Ou seja, a essência do design Porsche está lá intrínseca nos quatro cantos deste cupê de quatro portas. 

O acesso ao interior é realizado pelas maçanetas retráteis e a perfeita posição de dirigir, como nos “irmãos” com motor a combustão Cayman, Boxster e 911, é assegurada com mínimos ajustes. O teto baixo não causa claustrofobia, enquanto os comandos estão magnificamente posicionados à mão e o acabamento é irretocável. A partida foi mantida à esquerda da coluna de direção; à direita está a alavanca seletora de câmbio. O cluster digital curvo/flutuante é de 16,8” ao passo que o multimídia é de 10,9” – uma terceira tela de 8,4” é dedicada aos ajustes de temperatura do ar-condicionado.

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Esse granturismo 4+1 mais ousado em relação ao Panamera oferece um bom espaço para quem viaja atrás graças aos 2,90 m de entre-eixos da plataforma J1, na qual é construído. Os passageiros de alta estatura podem raspar a cabeça por conta do caimento do teto. Não é algo que tire o brilho do Taycan, que chegou ao nosso mercado nas configurações Taycan 4S (R$ 589.000), Taycan Turbo (R$ 809.000) e Taycan Turbo S (R$ 979.000).

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Tiro de canhão

No lugar do icônico Flat-six ou de um V8 foram empregados no Taycan dois motores elétricos síncronos (um em cada eixo) ante os assíncronos, como os utilizados nos modelos Audi e-tron, Mercedes-Benz EQC e Tesla Model S. Logo de início soa estranho estar em um Porsche e não escutar nenhum ruído. O único perceptível é o da rolagem dos pneus de medidas 265/35 R21 à frente e 305/30 R21 atrás. E como é o fôlego do esportivo totalmente elétrico?

Rápido. Ultrarrápido. As acelerações da versão Taycan Turbo S causam vertigem e perda de visão periférica. Em situações de pé embaixo, o passageiro dificilmente terá força para chegar ao painel. Também pudera, estão disponíveis imediatos 625 cv de potência, que saltam para 761 cv com a função Overboost. O torque descomunal é de 107 kgfm (com o controle de largada). Números capazes de impulsionar os seus 2.295 kg de 0 a 100 km/h em pífeos 2,8 segundos ou da imobilidade aos 200 km/h em 9,6 segundos. A velocidade máxima declarada é de 260 km/h.

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Só para comparar, o 911 Turbo S, com um seis cilindros 3.8 de 650 cv de potência e 81,6 kgfm cumpre a mesma prova em 2,7 e 8,9 segundos, respectivamente. 

Comparações à parte, é impressionante estar ao volante do Taycan Turbo S. Isso ficou evidente após algumas voltas no traçado de 3.493 m de extensão do Velo Città, no interior de São Paulo – confira o teste completo dos nossos parceiros italianos da Quattroruote.

Um comportamento visceral, seja nas acelerações capazes de pressionar com força o corpo contra o encosto do banco ou nas saídas de curvas. Você é catapultado para frente e os dois motores elétricos trabalham conjuntamente ao câmbio automático de duas marchas posicionado no eixo traseiro – uma outra caixa de uma marcha vai instalada no eixo dianteiro.

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A dinâmica irretocável é garantida pelo baixo centro de gravidade, com o conjunto de bateria montado no assoalho, a distribuição de peso na ordem de 49% (frente)/51% (atrás), o eixo traseiro direcional e ainda, como já falamos, dos mais de 70 anos de história da Porsche.

Porsche Taycan Turbo S
Foto: Divulgação (Rafael Gagliano)

Os freios de carbocerâmica se encarregam de colocar ordem na casa e os dianteiros utilizam pinças de dez pistões! De acordo com o fabricante, em aproximadamente 90% das frenagens a energia é regenerada de volta à bateria. Inclusive é possível ajustar o efeito por meio das aletas no volante ou deixar a câmera frontal decidir de acordo com o tráfego à frente. Só para citar: o poder de regeneração pode chegar até 265 kW e ao frear de 200 km/h a 0 km/h é possível recuperar 4 km de autonomia. 

Eletricidade e modos de condução

O Porsche Taycan é o primeiro elétrico a utilizar um sistema de alimentação de 800 volts ao invés de 400 volts. As vantagens dos motores síncronos frente aos assíncronos aparecem, por exemplo, na maior robustez, na pouca manutenção e na baixa energia/calor para ser mais eficiente. 

Estão presentes os modos de condução Range, Normal, Sport, Sport Plus e Individual, que são escolhidos pelo seletor giratório no volante. No primeiro, a velocidade é limitada entre 90 e 140 km/h para promover um menor consumo de energia e redução do arrasto. Aliás, a aerodinâmica foi trabalhada oferecendo cortinas aerodinâmicas, saias laterais pronunciadas, assoalho inferior revestido para beneficiar a passagem do ar, flaps e spoiler traseiro ativo. Este último atua em três níveis de velocidade: 90 km/h, 160 km/h e 200 km/h. O coeficiente aerodinâmico, dependendo da versão, varia de 0.22 a 0.25, segundo o fabricante.

Porsche Taycan Turbo S
Foto: Divulgação (Rafael Gagliano)

Na hora de carregar o Porsche Taycan é item de série o carregador de 11 kW permitindo “encher o tanque” em nove horas – opcionalmente, um de 22 kW o carrega por completo em 4,5 horas. O alcance total declarado é de até 388 km. Não à toa deixei o Porsche Taycan Turbo S completamente estarrecido e sigo assim até hoje.

Caso os veículos elétricos sejam mesmo o futuro, que eles tenham algo de Porsche Taycan, o melhor elétrico que o dinheiro pode comprar e o mais visceral que estive ao volante.


FICHA TÉCNICA

Porsche Taycan Turbo S
Preço básico: R$ 979.000
Carro Avaliado: R$ 979.000

Motores: um dianteiro e um traseiro, ambos elétricos síncronos com imã permanente
Combustível: bateria
Potência: 258 + 456 cv = 625 cv (761 cv com overboost)
Torque: 40,8 + 56,1 kgfm = 107 kgfm
Câmbio: automático de duas marchas no motor traseiro, diferencial traseiro com transferência de torque ativa
Direção: elétrica
Suspensões: duplo quadrilátero (d) e multi-link com 5 braços (t), molas pneumáticas, amortecedores eletrônicos, barra antirrolagem ativa
Freios: carbocerâmica (d/t)
Tração: integral elétrica
Dimensões: 4,96 m (c), 1,97 m (l), 1,38 m (a)
Entre-eixos: 2,90 m
Pneus: 265/35 R21 (d) e 305/30 R21
Porta-malas: traseiro: 366 litros; dianteiro: 81 litros
Baterias: íons de lítio, 396 células, 723V, 93,4 kWh
Peso: 2.295 kg
0-100 km/h: 2s8
0-200 km/h: 9s6 
Velocidade máxima:
260 km/h
Consumo cidade: 3,6 km/kWh (Europa)
Consumo estrada: 3,4 km/kWh (Europa)
Emissão de CO2: zero g/km
Nota: A (EUROPA)
Autonomia: 388 km (oficial)
Recarga completa: 9h (carregador 11 kW); 4,5 horas (carregador 22kW) 
Classificação na categoria: Emissão Zero