A nova picape da RAM nasce como primeiro modelo da marca totalmente desenvolvido no país. Resgata o nome da picape Dodge com monobloco feita de 1982 a 1984, além de marcar a volta da sigla R/T a um utilitário no Brasil – depois de mais de 20 anos do lançamento da Dakota. Também construída na arquitetura small wide da Stellantis, ela chegou nas versões Rebel, Laramie e R/T, com duas opções de propulsores, mas sempre combinados à transmissão automática de nove marchas.

Com capô encorpado, suas linhas “copiam” as irmãs “picaponas” 1500, 2500 e 3500, com detalhes em preto/grafite na Rebel e cromados na Laramie. Já a versão esportiva R/T (Road/Track: “estrada/pista”) mescla acabamentos no tom da carroceria e em preto brilhante, além de também ser identificada pela nomenclatura, pelas faixas no capô, pelas rodas de 19” e pelo teto em tom contrastante. Um easter egg bacana é a bandeira norte-americana colocada em um arranjo interno da lanterna.

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Dentro da picape, os materiais empregados no acabamento são superiores aos da Fiat Toro – ficam mais para o Jeep Compass. Ergonomia e habitabilidade são exemplares, com comandos à mão, coluna de direção amplamente ajustável em altura e profundidade e bom aproveitamento de espaço da cabine. À frente dos olhos, o condutor enxerga o capô (como acontece nas picape médias, assim como no Jeep Renegade e na Fiat Toro) e o quadro de instrumentos tem tela 100% digital com 10,3”. O habitáculo ainda tem ar-condicionado automático digital de duas zonas, multimídia com tela horizontal (viva!) de 12,3” com Apple CarPlay e Android Auto sem fio, seis entradas USB (sendo três do tipo “C”), seletor giratório de marchas e carregador por indução. Os revestimentos da versão R/T mostram aplicações de couro/camurça nas portas, no volante e nos confortáveis bancos, dotados de generosas abas laterais para melhor suporte e acomodação do corpo.

Quem viaja atrás tem espaço razoável para as pernas por conta dos 2,994 metros de entre-eixos, só um pouco mais que os 2,990 da Toro. De para-choque a para-choque, a RAM Rampage tem exatos 8,3 cm a mais no comprimento que a picape monobloco da Fiat. Já a caçamba da Rampage é de 980 litros, contra 937 da Toro.

Rampage R/T – Crédito: Divulgação

Fôlego de sobra

Nosso primeiro contato contemplou um trecho fora de estrada e algumas voltas no Autódromo de Interlagos (SP). No uso off-road, a versão Rebel convenceu ao vencer sem medo os obstáculos por conta do ângulo de ataque de 25,7º e da altura livre em relação ao solo de ótimos 26,4 cm.

A calibração realizada nas suspensões filtra e absorve muito bem os impactos, além de inibir solavancos em caminhos irregulares. Há ainda, uma eficiente tração 4×4, auxiliada pelo trabalho dos pneus mistos 235/65 R17. Já a direção eletricamente assistida é leve/precisa ao esterço, ao passo que o raio de giro de 11,9 m possibilita alta manobrabilidade em locais apertados.

Saindo dos caminhos tortuosos para o asfalto, a Rampage R/T demonstrou ótima disposição para acelerar. O poderio vem do propulsor Hurricane 4, aplicado pela primeira vez em um veículo produzido no Brasil (e que logo deve chegar ao Jeep Commander). Trata-se de um quatro cilindros 2.0 16V com turbo e injeção direta, que é atrelado à caixa automática de nove marchas e rende bons 272 cv e 400 Nm (40,8 kgfm). A prova de 100 km/h é completada em breves 6,9 segundos. Uma pena não ser possível transmitir a sinfonia que ecoa pelas duas saídas de escape, pois a musicalidade da picape é um capítulo à parte – e instiga o motorista a pisar mais fundo no pedal do acelerador.

Esse desempenho elogiável fica ainda melhor ao se pressionar a tecla R/T, que deixa as respostas mais instigantes, o volante mais firme, e passa as marchas em rotações mais elevadas.

Rampage R/T – Crédito: Divulgação

As suspensões adotam sistema multilink no eixo traseiro, o que acaba inibindo a rolagem da carroceria nas curvas do circuito contornadas rapidamente, da mesma forma que o motorista não sente as transferências de peso nas paradas fortes – trata-se de uma picape extremamente “na mão”, e com frenagens extremamentes eficientes graças aos discos ventilados nas quatro rodas.

Para quem percorre grandes distâncias ou então não faz questão de desempenho, as versões Rebel e Laramie vêm com o 2.0 16V Multijet a diesel, com 170 cv e 380 Nm (38,8 kgfm) – já usado por Compass, Commander e Fiat Toro. Com boas opções mecânicas e grande importância mercadológica para a RAM, a Rampage prova ser um produto vencedor. Vai vender muito, pois, com uma excelente engenharia, conquista pela versatilidade os clientes que desejam migrar dos SUVs para as picapes. Nem tão grande quanto a 1500, nem tão pequena, é uma “picape-carro” de responsabilidade!

Esportiva ou ecológica?

Ford Maverick Hybrid – Crédito: Divulgação

A principal rival da RAM Rampage é a Ford Maverick, que também usa monobloco e tem feito sucesso nos EUA. Por R$ 224.890, aqui pode ser comprada tanto na versão 4×4 com motor 2.0 turbo de 253 cv e uma excelente dirigibilidade, Compra do Ano 2023, ou por R$ 234.890, a Hybrid, mais urbana, que combina o motor 2.5 a outro elétrico para superar 20 km/l tanto na cidade quanto na estrada. Com essa “dupla opção”, venceu a Compra do Ano 2024.

RAM Rampage R/T

Preço básico
R$ 239.990

Carro avaliado
R$ 269.990

Motor: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, duplo comando de válvulas com variação na admissão e no escape, turbo, injeção direta

Cilindrada: 1995 cm³

Combustível: gasolina

Potência: 272 cv a 5.200 rpm

Torque: 400 Nm a 3.000 rpm

Câmbio: automático sequencial, nove marchas

Direção: elétrica Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)

Freios: discos ventilados (d/t) Tração: 4×4 automática, reduzida com acionamento eletrônico

Dimensões: 5,028 m (c), 1,886 m (l), 1,780 m (a)

Entre-eixos: 2,994 m

Pneus: 235/55 R19

Caçamba: 980 litros

Tanque: 55 litros

Peso: 1.917 kg

0-100 km/h: 6s9

Velocidade máxima: 220 km/h

Consumo cidade: 8,0 km/l

Consumo estrada: 10 km/l

Nota do Inmetro: B (estimada) Classificação na categoria: C (estimada)