20/06/2020 - 10:55
De 2011 para cá, o Renault Duster conquistou os consumidores pela robustez associada ao porta-malas volumoso. Tanto que ele foi o SUV mais vendido de 2012, quando duelava roda-a-roda com o Ford EcoSport, e conquistou a vice-liderança do segmento nos anos de 2013 e 2014. O voo em céu de brigadeiro nublou após a vinda de Jeep Renegade, Honda HR-V, Nissan Kicks, Hyundai Creta, o “irmão” Captur, o Peugeot 2008, além do VW T-Cross e do Chevrolet Tracker.
Muito mais que séries especiais, como a Tech Road (2012), a Tech Road II (2013), a Outdoor (2014), a Dakar (2015) – mesmo ano do facelift – e a GoPro (2019), o utilitário esportivo compacto merecia uma repaginada. Embora não seja uma nova geração, o Duster 2021 debutou importantes aperfeiçoamentos. A plataforma Dacia B0 (a mesma do Captur) está 12,5% mais rígida e todos os painéis externos são novos.
O visual repaginado surgiu na Europa em 2017 e o Duster 2021 passou a exibir grade frontal mais sofisticada e faróis com luzes de LED em formato de “C”. O capô ficou mais alto/vincado e agora é sustentado por duas molas a gás (antes, uma), enquanto as dobradiças não ficam mais à mostra. A traseira ganhou “polêmicas” lanternas quadradas similares às do Jeep Renegade, no lugar das antigas verticais.
Os novos traços não mudaram a personalidade “quadradona” do SUV. E isso é muito bom! Não só mais belo, com elementos incorporados ao Captur 2021 – que debutou no mercado russo (leia mais) – mas também com o interior transformado da água para o vinho.
Ao abrir a porta, somos recepcionados por um aviso sonoro, que pode ser desabilitado. Apesar do painel em plástico duro, a escolha dos materiais foi um “gol de placa”. Aparecem superfícies acetinadas, saídas de ar horizontais, região acolchoada nas portas e central multimídia Easy Link, com tela de 8” e conectividade Android Auto/Apple CarPlay. O equipamento oferece interface intuitiva de mexer, não tem botões físicos e uma saída USB – a única para os ocupantes.
Agora falando da habitabilidade, os bancos possuem boas medidas e o entre-eixos de 2,673 m (o mesmo do Captur) é superior ao dos oponentes Renegade (2,570 m), HR-V (2,610), Kicks (2,620 m), Creta (2,590 m), 2008 (2,542 m), T-Cross (2,651 m) e Tracker (2,570 m), só para comparar. O revestimento em couro é cobrado à parte por R$ 1.700.
O volante é o do Sandero, com sistema de direção assistido eletricamente e coluna ajustável em altura/profundidade. O comando satélite continua lá transmitindo uma pegada antiquada ao Renault Duster 2021. Desculpa, mas não consigo me acostumar a ele. No entanto, os comandos dos vidros elétricos foram reposicionados garantindo maior ergonomia – antigamente, o joelho do motorista esbarrava na peça onde ficavam os controles.
Elogio máximo para o ótimo porta-malas de 473 litros. Ou seja, maior que do Renegade (320), HR-V, Kicks (432), Creta (431), 2008 (402), T-Cross (373) e Tracker (393). O compartimento de bagagens do Renault Duster manteve-se superior inclusive ao do Renault Captur (437).
Um item desta versão Iconic CVT (iniciais R$ 90.690) está nas quatro câmeras espalhadas pela carroceria. Não é um sistema de 360º, como o do Kicks, mas coopera nas manobras/balizas ou evita batidas indesejadas. Afinal, segundo nossas medições, a peça frontal onde estão os faróis de longo alcance mede 16 cm de profundidade podendo gerar batidinhas indesejadas. O equipamento é oferecido opcionalmente no pacote Outsider (R$ 2.300), que também adiciona ao SUV os alargadores de para-lamas, os frisos nas portas e as barras longitudinais de teto na cor preta – a mesma tonalidade das capas dos retrovisores.
Anda bem?
O motor do Duster 2021 é o conhecido quatro cilindros aspirado 1.6 compartilhado no Kicks. Avaliamos o SUV da Renault na ocasião do lançamento (veja aqui) e agora o experimentamos no ambiente tipicamente urbano. Esse bloco “milisseis” está acoplado ao câmbio continuamente variável (CVT), enquanto o câmbio manual aparece na versão de entrada ZEN (R$ 74.690).
São até 120 cv de potência e 16,2 kgfm de torque, quando abastecido com etanol. Entretanto, o Renault Duster Iconic pesa 1.279 kg, que resulta em uma relação peso-potência de 10,66 kg/cv. Ao volante, não espere por respostas de prontidão, pois seu comportamento é ligeiramente lento nas acelerações e retomadas.
Nos momentos de “pé no porão”, o ruído do motor não invade a cabine, como no antecessor, pois o isolamento acústico teve uma atenção especial. Entre as novidades, os vidros dianteiros são 3,5 mm mais espessos.
O câmbio CVT ajuda a dar uma matada no desempenho. Embora menos potente, a bordo do Nissan Kicks fica a sensação de maior agilidade graças ao peso de 1.142 kg e a relação peso potência de 10,02 kg/cv. Para quem sentiu falta do motor aspirado 2.0 de até 148 cv de potência, ele saiu de cena para dar espaço, futuramente, ao bloco 1.3 turbinado, desenvolvido pela Mercedes-Benz, que equipa as carrocerias Hatch e Sedan do Classe A. Essa unidade já está disponível no Captur 2021 à venda na Rússia.
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O modo ECO deixa o Renault Duster (mais) comedido em prol do consumo e também ajuda na eficiência o sistema Start-Stop, com funcionamento suave ao ligar/desligar o motor em breves paradas, como nos semáforos. A vinda da direção assistida eletricamente possibilitou leveza ao esterço.
A segurança é garantida pelos controles eletrônicos de tração/estabilidade, o assistente de partida em rampas, os cintos de segurança de três pontos/encostos de cabeça para todos os passageiros traseiros, o sensor crepuscular e o alerta de pontos cegos. Entretanto, o Duster só tem os airbags frontais. Uma falha, pois Kwid e Captur oferecem as bolsas de ar frontais e laterais.
O contato com o piso fica a cargo dos confortáveis pneus Continental ContiCross Contact de medidas 215/60 R17 e as suspensões macias. Outra novidade está na versão 4WD sumir do catálogo, porém, o SUV oferece uma pitada de estripulia no off-road light por conta dos ângulos de entrada (30º), de saída (34,5º) e vão livre de 23,7 cm.
As mudanças providenciadas no Duster 2021 foram bacanas e substanciais para mantê-lo vivo entre os consumidores. Quem não o considerava uma opção de compra, agora pode olhar com bons olhos. Mesmo não sendo, a rigor, uma nova geração.