20/10/2025 - 6:00
Não faltaram problemas crônicos na vida do Renault Kwid aqui no Brasil: freios que superaqueciam, eixo traseiro que quebrava, coluna de direção que se rompia, maçanetas internas com baixa durabilidade, entre outros. Porém, passados oito anos de mercado, essas e outras deficiências de projeto ficaram no passado. Hoje, o carrinho mostra-se maduro como nunca.
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Kwid agora supre a falta do Sandero
Esse processo de amadurecimento é normal com cada carro após anos de produção, período em que justamente os erros e falhas vão sendo sanados. Para o Kwid, esse processo era mais do que necessário, já que, desde que o Sandero saiu de linha, ele cumpre o papel de hatch subcompacto e também o de compacto na linha da Renault. Por isso, precisou passar por alguns aperfeiçoamentos.
Quanto custa o Kwid Iconic?
Essa versão Iconic, que chegou no modelo 2026, assume o posto de topo de linha e passa dos R$ 85 mil sem isenções ou descontos, mas ronda os R$ 75,6 mil no Programa Carro Sustentável, com IPI zerado. É a mais cara, e também a mais silenciosa, completa e “refinada” da linha: tem adesivos pela carroceria, rodas de liga-leve escurecidas, teto em preto brilhante, apliques externos verdes e por aí vai.
Vida a bordo: melhorou
Em seis dias e 500 km percorridos com o Kwid Iconic, fica claro que sua vida a bordo evoluiu. Desde um ar-condicionado poderoso, passando pela porta USB-C para carregar celular, até chegar nos bem-vindos alto-falantes traseiros, resolvendo um problema antigo do carrinho (que só tinha falantes embutidos no painel). Ouvindo música num sistema de som superior, e com o conforto do ar-condicionado, tudo fica melhor. E, no geral, a direção leve e desmultiplicada (várias voltas de batente a batente), faz com que o Renault seja um dos mais fáceis de guiar do Brasil.
Econômico e ágil
O motor 1.0 de três cilindros é o mesmo, bem como o câmbio de cinco marchas. Seus 68/71 cv de potência com 9,4/10,0 mkgf de torque dão, e muito bem, conta do recado de mover o Kwid e seu peso-pena (820 kg). Apesar de não oferecer duplo comando de válvulas, nem variadores de fase, brinda com boa força em baixas rotações, o que agiliza bastante as arrancadas, comportamento em subidas e ultrapassagens urbanas. Em alta, as quatro válvulas por cilindro também permitem boas respostas.

Nada surpreendente. Porém, pra lá de suficientes para a proposta do Kwid, que é a de encarar trânsito urbano e, no máximo, uma viagem rápida. Notáveis evoluções na coxinização e nível de isolamento acústico do motor, que trabalha mais quieto, mas ainda nítido para os ocupantes (não dava para pedir mais num modelo de entrada). Da mesma forma, a transmissão de marchas curtas e com relações próximas entre si, casa feliz com a embreagem progressiva e trambulador relativamente preciso.
Testado na cidade e na estrada, ele curiosamente mostrou-se bem mais eficiente no primeiro caso, no seu habitat natural. Com Start & Stop, conseguia passar dos 15,0 km/l de gasolina em algumas situações, sendo guiado de forma econômica e adiantando as trocas das cinco marchas (geralmente 2ª entrando já aos 10 km/h, 3ª aos 30 km/h, 4ª aos 40 km/h e 5ª antes dos 50 km/h). Na estrada, por conta da relação final curta (mais de 3.700 rpm a 120 km/h), não foi tão mais econômico, rondando os 17,0 km/l justamente aos tais 120 por hora. É urbano, então rende mais na cidade.

Robusto, mas com limitações
Aliás, justamente na Selva de Pedra ele também consegue ser confortável para absorver a buraqueira, e robusto para valetas, lombadas, tartarugas e afins. Suspensões altinhas e bons ângulos de ataque e saída sempre foram vantagens do Kwid. Porém, o acabamento interno segue simples e até frágil, e já fazia barulho no exemplar avaliado, com pouco mais de 3.500 km rodados.
Essas “coisas de carro de entrada” também ficam claras em algumas limitações dinâmicas do Kwid. Nenhuma delas novidade: a direção não tem as respostas mais diretas e precisas, e as suspensões, bem macias e altas, deixam o carro inclinar muito nas curvas. Como não dispõe de barras estabilizadoras, acaba tendo uma rolagem excessiva da carroceria em curvas rápidas ou desvios bruscos de trajetória. Em maiores velocidades, ventos laterais também “brincam” bastante com sua carroceria alta, estreita e leve. Mas, claro, rodar a 120 km/h na rodovia não é a praia dele.
Ergonomia “para baixinhos”
Como sou grande (1,85 m de altura e 120 kg), demorei para me acomodar bem no carrinho. Os bancos estreitos e volante pequeno, ambos sem ajuste de altura, tiram um pouco da liberdade de ergonomia do motorista, assim como a pedaleira pequena e apertada. Mas, o teto alto, portas grandes e alavanca de transmissão alta, assim como os comandos acessíveis no painel, pesaram a favor nessa balança da ergonomia.
Espaço e porta-malas são vantagens
No geral, o Kwid é consideravelmente espaçoso para seu tamanho, e supera com folga o rival Fiat Mobi em alguns quesitos, como no vão para as pernas dos passageiros traseiros (dois, no máximo), ou no tamanho do porta-malas, com 290 litros. Ah, e outra melhora da linha 2026 foi a chegada de um botão para abertura da tampa traseira…na própria tampa traseira! Facilita muito na hora de colocar sacolas ou malas no compartimento. Só que, em contrapartida, ele perdeu a tecla no painel que cumpria a mesma função. Mais ou menos no lugar dela, foi parar o ajuste de altura dos faróis.
Tem Kwid mais barato
Achou caro esse Kwid de R$ 85 mil? Ele começa nos R$ 78,6 mil (ou R$ 67,3 mil com IPI Zero), embora com menos equipamentos de série, na versão Zen. Essa Iconic, aliás, vem com rodas de liga-leve aro 14, adesivos e decorações exclusivas, teto preto brilhante, bancos com tecido próprio e detalhes azuis, comandos de som na coluna de direção, vidros dianteiros e travas elétricas, retrovisores com ajustes elétricos, multimídia de 8” com conexões sem fio, câmera de ré, direção elétrica e afins.
Evoluiu. Ainda bem!
Dos primeiros exemplares, aqueles lá de 2017, até esses 2026 mais modernos, muita coisa evoluiu no Kwid. Ainda bem! Com esses avanços, e outros, ele segue como uma das únicas opções para quem quer um carro 0 km pagando menos de R$ 90 mil, sem considerar IPI zerado ou descontos especiais. Barato? Jamais. Mas, para os padrões atuais, é dos mais acessíveis.
