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Parece que o Renault Kwid foi feito para mim. Durante a semana, rodo cerca de 80 km por dia, sempre em perímetro urbano e enfrentando o tráfego pesado do horário de pico da capital paulista. E quando chego em casa, tenho que me desdobrar para estacionar o carro em uma apertada vaga de apartamento. O subcompacto (que a Renault chama de SUV compacto) atende muito bem ao meu perfil de uso. As dimensões são compactas (3,680 m de comprimento e 1,579 m de largura), mas o espaço interno é bom (com um porta-malas de 290 litros). O acabamento é simples, mas bem executado.

O motor 1.0 de 66/70 cv (gasolina/etanol) pode parecer fraco perto dos outros 1.0 de três cilindros do mercado. Mas combinado ao baixo peso (786 kg) do Kwid, o resultado é um automóvel ao mesmo tempo ágil e bastante econômico. Abastecido com gasolina, o consumo médio é de 15,6 km/l na estrada e de 14,9 km/l na cidade. Combine essas características a uma direção leve (ótima em manobras) e a lista de equipamentos que já inclui os airbags laterais e o isofix, e o Kwid traz todos os requisitos necessários para cumprir muito bem o papel de carro de uso urbano.

Mas como acontece nos relacionamentos amorosos, nem sempre aquela pessoas que parece perfeita à primeira vista é a que vai acabar se casando com você. Com a convivência, você acaba descobrindo alguns segredos que podem não te agradar. E como eu gosto de pegar uma estrada nos finais de semana, foi neste habitat que eu percebi que o Kwid se sente um estranho. Numa rodovia, acima de 110 km/h, a direção se torna leve demais, o ruído do motor invade a cabine e o motorista precisa se esforçar para manter a trajetória com os ventos laterais. E o conjunto de suspensão bem que poderia ser mais mole.

Eu gosto de carros que mostram desenvoltura na cidade. Mas gosto mais ainda daqueles que podem me empolgar em uma estrada. Por esse motivo, eu não levaria o Kwid para casa. Não que ele seja ruim. Ainda mais se considerarmos o seu valor. Eu só não me sentiria confortável para desenvolver um relacionamento de longo prazo. Entretanto, o que não parece adequado para mim pode ser adequado para você. Principalmente se você só precisa de um carro para te levar da casa para o trabalho e do trabalho para casa. E preza o custo-benefício acima da diversão. Não é o meu caso.

Ficha técnica:

Renault Kwid Intense 1.0 SCe

Preço básico: R$ 29.990
Carro avaliado: R$ 39.990
Motor: 3 cilindros em linha 1.0, 12V
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 66 cv a 5.600 rpm (g) e 70 cv a 5.500 rpm (e)
Torque: 9,4 kgfm a 4.250 rpm (g) e 9,8 kgfm a 4.250 rpm (e)
Câmbio: manual, cinco marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d)eixo de torção (t)
Freios: disco sólido (d)e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 3,680 m (c), 1,579 m (l), 1,474 m (a)
Entre-eixos: 2,423 m
Pneus: 165/70 R14
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 38 litros
Peso: 786 kg
0-100 km/h: 15s5 (g) e 14s7 (e)
Velocidade máxima: 152 km/h (g) e 156 km/h (e)
Consumo cidade: 14,9 km/l (g) e 10,5 km/l (e)
Consumo estrada: 15,6 km/l (g) e 10,8 km/l (e)
Emissão de CO2: 86 g/km
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Utilitário Esportivo Compacto)


Contraponto

Por Rafael Poci Déa

Igual ao Evandro, dirijo a maior parte do tempo na cidade. E a bordo do Kwid não fiquei solitário. Afinal, tudo nesse Renault é audível. Por isso, discordo do colega porque achei o ruído do motor invasivo na cabine mesmo em velocidades baixas. Também achei as suspensões macias o suficiente (ou além), pois isso e a altura elevada me fizeram tomar cuidado nas curvas, devido à inclinação da carroceria. Também não aprovei os freios, que exigem uma pisada mais forte, os engates do câmbio, os antiquados pinos nas portas e os pedais pouco ergonômicos.

Falando em bem estar a bordo, os bancos não acomodam bem o corpo e depois de duas horas guiando nos congestionamentos senti minhas costas doerem. Fiquei curioso com um detalhe: alguém me explica o motivo do botão de abertura do porta-malas ter um carrinho semelhante ao Smart desenhado? Em suma, não gostei da maioria dos pontos no Kwid, mas curti sua agilidade, assim como os airbags laterais, o isofix, a capacidade do porta-malas e a sacada das calotas imitando rodas de liga leve. Mesmo assim, não o compraria.

COMPRE SE…
Você precisa de um carro acessível para os deslocamentos urbanos, pois o Kwid tem um bom preço e vai bem na cidade.
Se o baixo consumo de combustível é um fator decisivo para a sua compra. Atualmente, o Kwid é o 1.0 mais econômico do País.

NÃO COMPRE SE…
Faz questão de uma lista de equipamentos generosa e de um acabamento interno mais sofisticado, pois o carro é espartano.
Vai utilizar o carro frequentemente em estradas, pois o Kwid foi pensado para a cidade e sofre um pouco em altas velocidades.

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