13/11/2019 - 14:44
Por quase sete dias estive ao volante do Renault Sandero R.S. 2.0. Um hot hatch imbatível na relação custo-benefício e capaz de arrancar sorrisos, seja no uso diário ou nos track days (confira mais). Longe de ser arrogante, já o conhecia de outros carnavais. Afinal, a linha 2020 recebeu apenas mudanças estéticas pontuais, além de airbags laterais e reforços estruturais (aplicados em toda a gama Sandero e Logan 2020).
Ele custa R$ 69.690 e é mais barato comparado aos Stepway Intense 1.6 CVT X-Tronic (R$ 71.790) e Stepway Iconic 1.6 CVT X-Tronic (R$ 73.890). Embora mirem públicos distintos. As atualizações estéticas no Sandero R.S. 2.0 aparecem, principalmente, na traseira ao exibir as lanternas bipartidas com máscara negra. A abertura da tampa do porta-malas passou a ser elétrica e pelo centro do logotipo do fabricante, enquanto foram mantidos a dupla saída de escapamento e o difusor de ar.
Como você já percebeu a dianteira não mudou em relação ao antecessor. No entanto, as belíssimas rodas de 17” receberam os pneus Michelin Pilot Sport 4 de medidas 205/45 (anteriormente, restritos a versão Racing Spirit). Entre as características do “borrachudo” estão a durabilidade 15% maior e as frenagens mais eficientes em pisos molhados, de acordo com a Michelin. Outro detalhe da lateral está na bandeirinha da França na parte inferior das portas frontais.
Sedutor por fora, o interior também mostra novidades. O volante com boa empunhadura foi redesenhado, mas os controles de áudio continuam no comando satélite junto à coluna de direção. As laterais de portas passaram a concentrar as teclas dos vidros elétricos traseiros e ainda receberam um tecido imitando fibra de carbono. A central multimídia tem conectividade Android Auto/Apple CarPlay. O ponto alto da cabine são os bancos dianteiros esportivos com formato concha. Eles acomodam e seguram muito bem o corpo. No dia a dia, eles não incomodam por conta dos apoios laterais pronunciados.
ROJÃO DE DIRIGIR
O motor 2.0 16V naturalmente aspirado, emprestado do Duster, não sofreu modificações na linha 2020. Nem precisava para falar a verdade! Comparado ao do utilitário esportivo, o acerto fino trouxe o coletor de admissão 20% mais largo, a nova calibração da central eletrônica, a injeção com pressão de trabalho de 4,2 bar, o duto de admissão reposicionado para refrigerar melhor o ar e o sistema de exaustão 5 mm maior em relação aos Sandero “normais” e com silenciador esportivo. O peso do Sandero R.S. 2.0 mudou minimamente para o modelo antigo indo de 1.161 kg para 1.181 kg na linha 2020.
Confesso, que uma das minhas alegrias era a primeira partida do dia, com o ronco grave ecoando na garagem. A personalidade do Renault Sandero R.S. 2.0 se divide em duas: antes de 3.000 rpm e acima dos 3.000 giros. A praia dele não são os baixos giros, mas é possível encarar os congestionamentos na boa. O pedal de embreagem não é duro e o câmbio manual de seis marchas possui engates precisos. Só incomoda a direção eletrohidráulica pesada ao esterço nas balizas e manobras.
É possível utilizá-lo diariamente sim, porém, com ressalvas. As suspensões rebaixadas proporcionaram uma altura em relação ao solo reduzida em 2,6 cm, além das molas serem mais rígidas (92% na frente e 10% atrás) e da barra estabilizadora enrijecida em 17% na dianteira e 65% atrás. Apesar de não enroscar em valetas ou lombadas é preciso ficar esperto com os buracos e não passar rápido sobre as irregularidades do asfalto. Já o consumo registrado pelo computador de bordo com etanol foi de 5,6 km/l nos congestionamentos e de pouco mais de 10 km/l na estrada em sexta marcha.
Saindo do modo “civil” para acima dos 3.000 rpm aí a conversa muda de figura, meu amigo. E o pequeno notável vira um rojão capaz de arrancar sorrisos. Pela amor de Deus, que “jatinho executivo” de acelerar. É potência e torque no pé, sem o turbolag dos modelos turbinados. Se a suspensão firme pode incomodar alguns, dependendo do piso, é nas curvas que ela prova a sua eficiência. O conjunto deixa o carro pregado no chão e transmitindo mínima inclinação de carroceria. Os pneus da Michelin são um chiclete e também cooperam na boa aderência com o solo.
Para deixar tudo melhor, está disponível o seletor de modos de condução R.S. Drive, com os programas Standart, Sport e Sport+. Eles alteram a rotação da marcha lenta, as respostas do pedal do acelerador e os parâmetros dos controles eletrônicos de tração e estabilidade. E como tudo o que anda, uma hora precisa parar os freios são a disco nas quatro rodas (os dianteiros possuem 280×24 mm). Ou seja, com todo esse pacote eu te pergunto: “Existe custo-beneficio melhor em nosso mercado?”.