20/12/2018 - 12:00
O Toyota Camry da oitava geração já está à venda no Brasil. A única versão disponível é a XLE, com motor V6 de 3,5 litros. Como é tradição nesse grande sedã familiar, a potência é alta (subiu para 310 cv) e o conforto é impecável, mas agora ele também ficou mais agradável de guiar. Fabricado pela primeira vez sobre a plataforma TNGA, o Toyota Camry melhorou em dirigibilidade e permite uma condução prazerosa, mesmo sem se arriscar a pisar no terreno da esportividade – visualmente até que sim, pois o Camry ganhou um desenho mais agressivo e ficou com uma silhueta insinuante, mas tecnicamente nem tanto.
Apesar do aumento de 33 cavalos na potência (o V6 da geração anterior tinha 277 cv), o Camry manteve a suspensão bem macia para privilegiar o conforto. Fez bem a Toyota. Dessa forma, o modelo é um contraponto interessante para os grandes sedãs alemães, que sempre têm um foco no desempenho. O motor recebeu um novo sistema de injeção direta (o torque subiu para 37,7 kgfm), o câmbio automático com novo conversor de torque passou de seis para oito marchas e alguns ajustes foram feitos nas suspensões para aprimorar a dinâmica do carro.
Rodando, seu comportamento ficou ótimo. A carroceria mais assentada, além de melhorar a aerodinâmica, deixou o Camry mais estável. Na estrada, ele desliza suavemente e responde mais prontamente às solicitações do acelerador. Mesmo em altas velocidades, o equilíbrio é surpreendente, inclusive nas curvas. Graças à nova carroceria, ele inclina pouco e a sensação do motorista é de grande controle do carro, apesar da maciez no rodar. Visualmente, o capô rebaixado também agradou, pois o carro ganhou em harmonia e se livrou do aspecto ultrapassado da geração anterior.
Destaque para a grade dianteira tracejada em formato trapezoidal e para a beleza das rodas de liga leve de 18”. A queda mais acentuada da coluna C também ajudou a rejuvenescer o Camry – e dentro do carro os passageiros de trás não perderam espaço. O conjunto óptico ganhou luzes diurnas de LED e faróis bi-LED com lavadores e regulagem automática de altura. As lanternas traseiras também são em LED. Na traseira, o escapamento é duplo com ponteiras cromadas.
Devido à plataforma TNGA, o Camry ficou 3,5 cm mais comprido e 1,5 cm mais largo, além de 30% mais rígido. A distância entre-eixos, que já era grande, ganhou mais 5 cm, resultando em ótimo espaço para as pernas. Como o carro ficou com o centro de gravidade mais baixo (de novo por causa da plataforma), o motorista dirige em uma posição mais próxima do solo e um pouco recuada em relação ao Camry anterior. Toda a ergonomia melhorou, pois o painel também foi rebaixado. Mas o console central foi elevado e ficou mais largo, o que também ajudou no conforto na parte dianteira da cabine.
Com todas essas modificações, os fãs do Camry terão muitos motivos para trocar o velho pelo novo. Porém, conquistar novos clientes talvez seja um pouco mais difícil. O Camry manteve seu caráter conservador em alguns aspectos. Um deles é a baixa potência específica do motor V6 (menos de 90 cv/litro, apesar da alta potência bruta), o que o faz ter apenas nota C no consumo de sua categoria (e também na classificação geral do Inmetro).
A ausência de Android Auto/Apple CarPlay é outro pênalti para um carro acima de R$ 200 mil, apesar de o navegador por GPS ser muito bom. A falta de piloto automático adaptativo ou de um alerta anticolisão também o faz perder alguns pontos. Mas o pior de tudo é o design do painel, que traz uma solução estranha e pouco intuitiva para os comandos da central multimídia (com display de 8”), com botões horizontais pouco práticos e um quadro de instrumentos com alguns gráficos ruins de ler quando o carro está em movimento (embora seja em TFT de 7”).
Para quem não vê cara, mas sim coração, o Toyota Camry é um carro impecável. O porta-malas é enorme (tem 592 litros), o acabamento é de alta qualidade e o silêncio a bordo é fruto do revestimento reforçado para isolamento acústico no capô, no assoalho e em pontos da estrutura. As vibrações também são mínimas, devido ao novo suporte de motor com quatro pontos colocado dentro do capô. O Toyota Camry está no mercado brasileiro desde a sua terceira geração (1992).
O sedã japonês já atingiu 18 milhões de unidades vendidas desde seu lançamento (1982), tornando-se responsável por 20% das vendas da marca em todo o planeta. Ele foi o carro médio mais vendido do mundo no primeiro semestre deste ano, com 337,1 mil emplacamentos, seguido do Mercedes-Benz Classe C, com 248,4 mil. No Brasil, as vendas do Toyota nos primeiros oito meses do ano somaram 152 unidades. O Camry XLE custa R$ 206.200, mas o carro que avaliamos (na cor bege chamada de prata lumina) tinha mais R$ 340 da pintura perolizada. Ele agora está disponível também nas cores branca, marrom e vermelha, além das tradicionais prata, preta e azul.
Ficha técnica:
Toyota Camry V6 3.5 XLE
Preço básico: R$ 206.200
Carro avaliado: R$ 206.540
Motor: 6 cilindros em V, 24V, turbo
Cilindrada: 3456 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 310 cv a 6.600 rpm
Torque: 37,7 kgfm a 4.700 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d), duplo triângulo (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (d/t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,885 m (c), 1,840 m (l), 1,455 m (a)
Entre-eixos: 2,825 m
Pneus: 235/18 R18
Porta-malas: 592 litros
Tanque: 560 litros
Peso: 1.540 kg
0-100 km/h: 7s2
Velocidade máxima: 225 km/h
Consumo cidade: 8,3 km/l
Consumo estrada: 11,5 km/l
Emissão de CO²: 143 g/km
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: C (Extra Grande)