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O Toyota Corolla faz um sucesso estrondoso no Brasil. Desde o lançamento da atual geração, no primeiro semestre de 2014, tem dado um banho de vendas na concorrência. Nem as incríveis melhoras do Chevrolet Cruze e do Honda Civic – que ganharam nova geração este ano – abalaram a liderança do Corolla. Por causa disso, a Toyota se permite brincar.

Assim, para “comemorar” o sucesso do Corolla em seu 50º ano de produção, a Toyota lançou recentemente a série especial Dynamic, que tem uma produção de 400 unidades/mês. Passamos uma semana com o Corolla Dynamic e pudemos avaliá-lo na cidade e na estrada, enfrentando trânsito pesado, chuva, estradas de pista simples e pista dupla, com descida e subida de serra.

Dentro da linha Toyota, o Dynamic serviu para reduzir o “gap” de preço entre o topo de linha Altis (R$ 108.000) e o XEi (R$ 94.700), do qual é derivado. O Corolla Dynamic custa R$ 97.890 e acrescenta, em relação ao XEi, os seguintes itens: luzes diurnas de LED, acendimento automático dos faróis, interior todo preto com tapete personalizado, rodas e retrovisores pintados em preto, além de pintura metálica, que sozinha custa R$ 950 (a perolizada custa R$ 300 extras).

Assim como o Altis e o XEi, o Dynamic utiliza o bom motor 2.0 flex com duplo comando de válvulas variável (Dual VVTi), que entrega 154 cv e 20,7 kgfm com etanol ou 143 cv e 19,4 kgfm com gasolina. Seu pênalti está justamente no desempenho com gasolina, pois as versões similares em preço dos rivais Cruze e Civic têm 7 cavalos a mais de potência com esse combustível. Pelo nome Dynamic (palavra relativa a movimento, mudança, atividade e criatividade) e pela proposta de esportividade, esse Corolla deveria entregar mais. No entanto, só entrega mais do mesmo. Não que seja ruim – pelo contrário, é muito bom, mas fica devendo na condução esportiva.

É inegável que o Toyota Corolla é um carro honestíssimo e muito bem resolvido. Sua lista de equipamentos é completa. Se o motor não desenvolve muita potência específica, acaba compensando pelo sistema VVTi e pelo funcionamento suave, sem contar que o câmbio CVT de sete marchas simuladas proporciona trocas rápidas e boa arrancada (serve para satisfazer o ego de quem brinca de dirigir esportivamente). A potência e o torque máximos, entretanto, surgem somente em giros altos, o que torna o carro meio barulhento e sem aquele ronco gostoso dos verdadeiros esportivos.

Como é comum em carros esportivados, o Corolla Dynamic não tem modificações técnicas. Mas, convenhamos, até para um modelo conservador ele poderia ir além, incluindo assinatura nos bancos, um desenho de roda exclusivo, um volante com pegada mais esportiva e, quem sabe, algum detalhe visual dentro ou fora do carro. Pelo menos rodas maiores (aro 17) ele deveria ter. Como não tem nada disso, além das rodas e espelhos pintados em preto, o Corolla Dynamic é uma boa compra que não empolga.

Isso fica evidente quando você aperta o botão “Sport”, dá mais gás no câmbio e desfrutar das rápidas trocas manuais por meio das borboletas. Basta algumas dezenas de metros em sétima marcha, em velocidade constante, para que a transmissão CVT imediatamente volte para o modo Drive. Da mesma forma, a direção mostra-se lenta e imprecisa quando você aponta mais forte numa curva. Enfim, esse Corolla é tão pacato como os outros e talvez o nome Dynamic tenha sido meio exagerado. Corolla Plus talvez ficasse mais coerente. E mesmo sendo “plus” ele deveria abrir mão dos cromados na base da alavanca de câmbio, pois o reflexo do sol que bate ali incomoda muito na estrada.

Pelo histórico de boa fama do carro e da marca, o Toyota Corolla Dynamic – que conta com cinco airbags, um sistema multimídia quase completo e câmera de ré – deverá vender as 400 unidades produzidas por mês, exclusivamente nas cores branca, preta e prata. O modelo japonês é atualmente o quinto carro mais vendido do Brasil, com 58.725 emplacamentos de janeiro a novembro. E na categoria de sedãs médios é o líder disparado, dominando 44,5% das vendas. Mas, em termos de esportividade, ergonomia, prazer ao dirigir e interface de conectividade, não há dúvidas de que o Corolla ficou para trás do Cruze e do Civic.

FICHA TÉCNICA
Toyota Corolla Dynamic
Preço: R$ 97.890
Motor: 4 cilindros em linha 2.0, 16V, duplo comando variável (Dual VVTi)
Cilindrada: 1986 cm3
Combustível: flex
Potência: 143 cv a 5.600 rpm  (g) e 154 cv a 5.800 rpm (e)
Torque: 19,4 kgfm a 4.000 rpm (g) e 20,7 kgfm a 4.800 rpm
Câmbio: automático (CVT), sete marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,620 m (c), 1,775 m (l), 1,475 m (a)
Entre-eixos: 2,700 m
Pneus: 205/55 R16
Porta-malas: 470 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.315 kg
0-100 km/h: 9s6 (e)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo cidade: 10,6 km/l (g) e 7,2 km/l (e)
Consumo estrada: 12,6 km/l (g) e 8,8 km/l (e)
Emissão de CO2: 118 g/km
Nota do Inmetro: B
Classificação na categoria: A (Grande)