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O Toyota Yaris chegou ao Brasil como um samurai de espada em punho: pronto para fazer vítimas. A primeira foi dentro da própria Toyota. Com o início de sua produção em Sorocaba (SP), duas versões do Etios saem de linha: XLS e Platinum. Outro carro ameaçado de morrer é o Corolla de entrada. Mas, apesar da canibalização inicial, o Yaris quer mesmo é devorar os concorrentes. E, nesse caso, o duelo será sangrento contra três hatches (VW Polo, Fiat Argo e Chevrolet Onix) e três sedãs (Fiat Cronos, VW Virtus e Honda City). Ao contrário da Fiat e da Volkswagen, que lançaram as duplas Argo/Cronos e Polo/Virtus separadamente, a Toyota coloca as versões sedã e hatchback à venda de uma só vez.

Nosso primeiro contato foi com o Yaris XLS 1.5 topo de linha. Escolhemos a versão sedã mais cara para essa avaliação por ser a mais completa (leia mais sobre o hatch aqui). O Yaris hatch tem duas opções de motor: 1.3 e 1.5. São os mesmos propulsores que equipam o Etios, mas eles receberam melhoramentos (basicamente setup eletrônico) e ficaram um pouco mais potentes. O 1.3 passou de 88/98 cv para 94/101cv (gasolina/etanol). Já o 1.5, único disponível nas versões sedã, foi de 102/107cv para 105/110 cv (g/e). O torque também foi ligeiramente melhorado nos dois motores. Nas versões 1.3, o câmbio pode ser manual de seis marchas ou CVT de sete (simuladas). As versões 1.5 também, mas só uma é manual.

Posicionado entre o Etios e o Corolla, o Yaris tem a fácil missão de elevar as vendas da Toyota de 190 mil para 200 mil unidades em 2018. A Toyota poderia ter sido mais ousada, pois o carro ficou caprichado. Por dentro, ele passa a impressão de ser mais moderno que o Corolla. O volante é o mesmo, multifuncional, com a parte central de couro – uma solução que remete à sofisticação, mas com resultado meio brega. Tirando o volante, porém, todo o painel do Yaris remete à modernidade. O quadro de instrumentos em tela TFT de 4,2” é um show à parte, com um desenho diferente e inteligente, deixando para o lado direito as informações do computador de bordo. São inúmeras funções e uma das mais interessantes é a que mostra o consumo médio a cada 5 minutos na última meia hora rodada, além do consumo instantâneo. É muito fácil para o motorista perceber em quais situações o carro bebeu mais combustível.

No centro do painel, o Yaris traz uma tela multimídia tátil de 7” eficiente, intuitiva e bonita (o fundo preto e azul deu sofisticação). Não há Android Auto/Apple CarPlay, o que é um pênalti, mas em compensação é possível baixar vários aplicativos, inclusive Waze (iPhone) ou navegador TomTom (Android), pela plataforma Toyota Play+. É de longe o melhor sistema multimídia que a Toyota oferece no Brasil, superior até ao do Corolla e do SW4, que são carros mais caros. Os plásticos são duros, mas com excelente desenho e acabamento. A vida a bordo é facilitada pela ótima posição e tamanho dos porta-objetos, pelo conforto dos bancos (encaixam bem o corpo) e pela ergonomia perfeita – tão boa que a ausência do ajuste de profundidade do volume não incomoda nem um pouco. Vale dizer também que os joelhos e pernas não batem nas laterais do console ou nas portas, como em outros carros dessa categoria.

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Para quem vai atrás, o espaço é bom só para duas pessoas, apesar de o fundo ser plano, sem túnel central. O passageiro do meio tem encosto de cabeça e cinto de três pontos em todas as versões, mas fica apertado. Uma pessoa de 1,80 m raspa a cabeça no teto se sentar no banco de forma ereta. Para quem carrega crianças, o Yaris oferece isofix com encaixe top tether. Ainda na segurança, a versão topo de linha traz sete airbags. E desde a versão de entrada estão disponíveis os controles eletrônicos de tração/estabilidade e auxílio de partida em subida.

Visualmente, o Yaris ficou muito bem resolvido. A parte dianteira é bem arrojada, com a grade inferior ocupando quase toda a extensão do para-choque e passando a sensação de ser um carro maior. Os faróis afilados dão sentido à grade superior minúscula. De lado o carro também é bonito – e nessa versão as rodas de liga leve têm duplo acabamento (preto e prata). Porém, o aro 15 prejudicou o visual; o carro merecia rodas de 16” pelo menos na versão XLS. Com uma traseira muito bem desenhada e lanternas mais harmoniosas, horizontais, alargando o carro, o três-volumes tem também a vantagem de oferecer um porta-malas bem maior, com 473 litros de capacidade.

Já a parte mecânica ficou impecável. Ainda não dirigimos o Yaris 1.3, mas o Yaris 1.5 com motor Dual VVTi (duplo comando de válvulas variável) deu conta do recado. Tínhamos dúvidas sobre o desempenho do carro com o motor herdado do Etios, mas com o novo sistema de exaustão e nova calibração, o resultado agradou. O torque é de 14,9 kgfm. Evidentemente, não é um carro com DNA esportivo e sim com foco no conforto e na eficiência. As arrancadas são razoáveis (0-100 km/h em 11,8 segundos). Como era esperado, o câmbio CVT provoca um ruído desconfortável nas acelerações bruscas. Porém, a Toyota equipou o Yaris CVT com borboletas atrás do volante e a alavanca do câmbio também permite trocas manuais. Assim, com sete velocidades simuladas, é possível antecipar as marchas e tirar algum prazer da condução mais rápida do Yaris. Não podemos deixar de registrar que o carro é muito silencioso depois que o CVT sai do modo “grito”. Rodando a 90 km/h, o motor gira a apenas 1.500 rpm e o Yaris faz incríveis 20 km/l com etanol.

A Toyota sabe que nem todos os motoristas sentem prazer ao dirigir carros de reações rápidas e suspensão dura. Por isso, fez do Yaris um carro de caráter calmo, dócil ao guiar, macio e silencioso, mas que não rola demais nas curvas se for conduzido com mais velocidade. Novamente, a Engenharia da Toyota do Brasil conseguiu um equilíbrio perfeito entre robustez, maciez, agilidade e handling – o acerto de motor, câmbio e suspensões ficou impecável. Para se ter uma ideia, o Yaris nacional é 13 mm mais alto do que o Yaris global. Para além disso, a direção elétrica é leve e não cansa o motorista. O Yaris mostrou-se um carro facílimo de manobrar – ainda mais equipado com câmera de ré e sensor de estacionamento.

O Yaris não é barato, mas tem preços competitivos. Até porque vem muito bem equipado desde a versão de entrada. Espelho antiofuscante, faróis com acendimento automático, vidros dianteiros e traseiros elétricos de um-toque, faróis de neblina, travas elétricas e outros equipamentos estão disponíveis em todas as versões. Em nenhuma delas há equipamentos opcionais – a Toyota considera que eles desvalorizam o carro na hora da revenda. Além da versão XLS avaliada (R$ 79.990), o Yaris tem mais quatro configurações sedã: XS (R$ 76.990) e XL Plus Tech (R$ 73.990), ambas CVT, serão as mais vendidas da gama. Já o Yaris de entrada, apenas XL, pode ser CVT (R$ 68.690) ou manual de seis marchas (R$ 63.990). O custo de revisões até 30.000 km é de R$ 1.168, o que deverá ser outra arma desse verdadeiro samurai sobre rodas fabricado em Sorocaba (SP).


Ficha técnica:

Toyota Yaris Sedã XLS

Preço básico: R$ 63.990
Carro avaliado: R$ 79.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.5, 16V
Cilindrada: 1496 cm³
Combustível: flex
Potência: 105 cv a 5.600 rpm (g) e 110 cv a 5.600 rpm (e)
Torque: 14,3 kgfm a 4.000 rpm (g) e 14,9 kgfm a 4.000 rpm (e)
Câmbio: automático, CVT, sete marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,425 m (c), 1,730 m (l), 1,490 m (a)
Entre-eixos: 2,550 m
Pneus: 185/60 R15
Porta-malas: 473 litros
Tanque: 45 litros
Peso: 1.150 kg
0-100 km/h: 11s8 (e)*
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo cidade: 9,0 km/l (e) e 13,0 km/l (g)
Consumo estrada: 10,6 km/l (e) e 14,5 km/l (g)
Emissão de CO²: 97 g/km
Nota do Inmetro: B
Classificação na categoria: B (Médio)

*MOTOR SHOW