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Nosso primeiro contato com o Kwid foi com a versão Zen, de R$ 34.990. O Renault agradou na cidade, lugar ideal para um city-car. É a opção mais atraente do hatch que se passa por SUV mas mira Fiat Mobi e VW Up. Não é pelada como a Life, de R$ 29.990 com quase nada além dos quatro airbags, mas fica longe dessa Intense, de R$ 39.990. Esse Kwid “top” ganha conta-giros, faróis de neblina, rodas de aço que imitam (e bem) liga-leve, retrovisores elétricos, abertura elétrica do porta-malas, chave canivete e multimídia touchscreen de 7” com navegador e câmera de ré.

É o Kwid mais bonito, conectado e prático para usar na cidade – e, mesmo nesse valor, ainda é campeão em custo-benefício, considerando preço e equipamentos dele e dos rivais. Mas o brasileiro não usa o “carro de cidade”; não tem a cultura do city-car. Ainda que popular, o carro tem de ser “pau pra toda obra”: ter porta-malas, gastar pouco, encarar o cotidiano na cidade e uma estrada no fim de semana. Então, depois de aprovar o Kwid na cidade, decidimos encarar mais de 400 km de estrada com ele.

Não há ajuste do volante ou altura do banco e os pedais não são ergonômicos (o pé às vezes bate antes na haste do que no pedal em si), mas a posição de dirigir até que é razoável. O acabamento é simples, mas não pobre, e há recursos como o pisca que acende três vezes com um leve toque. A central multimídia bem localizada tem navegador com alerta de radar, mas não Android Auto e Apple CarPlay. São só dois alto-falantes, no painel, mas eles têm boa qualidade sonora.

Mas voltemos ao desafio: ao volante, na estrada, o Kwid não pareceu tão pequeno. Pista molhada, chuva leve, o limpador de para-brisas de apenas uma haste funciona bem. A visibilidade é ótima e uma luz no painel vai de verde a vermelho, conforme se acelera, para ajudar a economizar – recurso que se soma ao sistema inteligente de gerenciamento do motor, que corta combustível sempre que dá, ao indicador de troca de marcha e, nessa versão, ao Driving Eco (pela central multimídia, registra consumo e “ajuda” a dirigir economicamente).

O desempenho não decepciona, pois, apesar dos parcos 70 cv, a relação peso/potência é boa. Até 100-110 km/h não há do que reclamar. O conta-giros fica entre 3.000 e 3.500 rpm, raras vezes é preciso reduzir marcha e o Kwid fez 18,3 km/l. Nessa velocidade, a carroceria segue bem controlada e o ruído do motor não incomoda, mas dá pra ouvir bem o vento e os pneus no asfalto. As retomadas surpreendem, e só nas esticadas, passando de 3.700 rpm, o motor fica mais áspero, apresentando a vibração e a “batida” típicos dos 3 cilindros.

O câmbio manual tem engates ruins, mas é bem escalonado, e a direção, leve na cidade, se mantém precisa na estrada (mas podia ter mais peso). Já as suspensões sacrificam parte do conforto em troca de uma discreta firmeza para encarar curvas (mas não abuse!). Enquanto isso, os freios exigem um pouco mais de força no pedal em freadas fortes, mas não decepcionam. No fim, a dirigibilidade na estrada não é perfeita, mas surpreende para um carro de seu valor. Não chega ao nível de modelos mais caros, porque, afinal, tudo tem um preço. Mas, mesmo que esteja comprando o Kwid para uso urbano, dá tranquilamente para encarar uma estrada com ele.


Ficha técnica:

Renault Kwid Intense

Preço básico: R$ 29.990
Carro avaliado: R$ 39.990
Motor: 3 cilindros em linha 1.0, 12V
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 66 cv a 5.600 rpm (g) e 70 cv a 5.500 rpm (e)
Torque: 9,4 kgfm a 4.250 rpm (g) e 9,8 kgfm a 4.250 rpm (e)
Câmbio: manual, cinco marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) eixo de torção (t)
Freios: disco sólido (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 3,680 m (c), 1,579 m (l), 1,474 m (a)
Entre-eixos: 2,423 m
Pneus: 165/70 R14
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 38 litros
Peso: 786 kg
0-100 km/h: 15s5 (g) e 14s7 (e)
Velocidade máxima: 152 km/h (g) e 156 km/h (e)
Consumo cidade: 14,9 km/l (g) e 10,3 km/l (e)
Consumo estrada: 15,6 km/l (g) e 10,8 km/l (e)
Emissão de CO2: 86 g/km
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (SUV compacto)