Ao longo de nove anos de MOTOR SHOW, avaliei muitos Audi Q3 de primeira geração, dos com motores 1.4 e 2.0 TFSI à variante esportiva RS Q3, que trazia um cinco cilindros 2.5 (EA855) de 340 cv e 45,9 kgfm.

Agora, chegou ao Brasil sua segunda geração, bem melhorada.Se eu o compraria? Para começar, não tenho filhos e, atualmente, não me vejo como um dono de SUV. Mudarei de opinião após o test-drive? Logo veremos.

NOVA BASE, VELHO MOTOR

Este novo Audi Q3 trocou a base PQ35 pela MQB. Assim, cresceu no comprimento, na largura e no entre-eixos (de 2,680 m), enquanto o porta-malas espichou 70 litros, chegando a 530. Nos dias a bordo do SUV, curti a posição de dirigir, o quadro de instrumentos digital e o intuitivo sistema multimídia MMI.

Também gostei da tela onde estão os comandos do ar-condicionado, do design dos puxadores das portas e dos detalhes em Alcantara seguindo a cor laranja da carroceria – um mimo à parte, por R$ 4.000.

A traseira do SUV, que continua meio conservadora demais

Embora tenha assumido um lado “Mini-Q8” (leia aqui sobre o Q8), que é positivo, é uma pena agora ter só o velho motor 1.4 TFSI, ainda por cima só a gasolina. Os 150 cv e 25,5 kgfm estão condizentes à proposta, e o câmbio de dupla embreagem e seis marchas do modelo antigo recebeu uma nova calibração.

AO VOLANTE

Os modos de condução Auto, Comfort, Dynamic e Off-Road mudam diversos parâmetros do Q3, como as respostas do pedal do acelerador, da direção e da transmissão. Aproveitei um trajeto rodoviário para explorar esses programas e constatar que são bem distintos entre si. O Dynamic deixa tudo mais divertido, com uma pitada extra de esportividade nas trocas sequenciais feitas pelas borboletas atrás do volante ou pela alavanca. Mas sem muita emoção, dada a limitação de potência.

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Esta versão tem sua cor especial usada também na cabine, nos detalhes de Alcantara, um tipo de camurça que também está nos bancos. O espaço interno melhorou bem, como precisava. As rodas aro 18 tem belíssimo design, e não prejudicam quase nada o conforto ao rodar

As suspensões do Audi Q3 me agradaram pela suavidade em meio à “buraqueira” de São Paulo, mesmo com grandes rodas aro 19 e pneus Hankook Ventus S1 Evo² 235/50. A carroceria rola minimamente nas curvas contornadas rapidamente e, durante um bate-papo no lançamento, fui informado que ele possui barras estabilizadoras na frente e atrás.

MELHOR, MAS…

No fim, o Audi Q3 melhorou exponencialmente em relação ao antigo. Entretanto, apesar das qualidades, desembolsaria um pouco a mais pelo Mercedes-Benz A 250 Vision (leia aqui), pois em grande parte do tempo dirijo sozinho e não preciso de tanto espaço para tralhas (além disso, sou fã declarado de hatches).

Outro ponto que me levaria à “Meca” é o motor 2.0 turbo de 224 cv e 35,7 kgfm. Posso estar fazendo uma comparação injusta entre um SUV e um hatch premium, mas o Classe A me fala ao coração. Questão de gosto!

Rafael Poci Déa | Repórter

Audi Q3
O interior da cabine, com toques de Q8, agrada pelo acabamento, que era um dos pontos mais criticados na geração antiga.

Contraponto

● A primeira geração nunca me conquistou. Para mim, não passava de uma versão do hatch A3 que passou tempo demais na academia. Gostei das evoluções no acabamento e no aumento do espaço interno, que realmente ficava devendo.

Para mim, agora o Q3 ficou bem mais competitivo em sua categoria – mas tem um grande ponto negativo na mecânica. Não que o conjunto seja ruim, mas na Europa este  novo Q3, e até modelos da Volks, com o Polo, já usam o novo 1.5 capaz de desligar cilindros — e acoplado a um novo câmbio de sete marchas.

Como disse o Rafael, este 1.4 serve bem à proposta familiar do SUV. Mas, olhando para o mercado, há rivais que oferecem mais pelo mesmo valor. Não que eu fosse comprar algum deles, porque, como o Rafael, não sou muito fã de SUVs, ainda mais deste tipo que não vai trazer muitas vantagens no off-road.

Como preciso de porta-malas, por este valor não ia querer um Mercedes Classe A. E, como não ligo para status, tampouco iria para um Mercedes. Minha garagem receberia bem melhor um sedã grande, sofisticado e econômico como o Honda Accord (leia aqui).

Flávio Silveira | Editor

COMPRE SE…
Você deseja uma novidade, pois a segunda geração trouxe um novo visual e mais itens de tecnologia e de conforto/conveniência.

Você precisa de porta-malas. O banco traseiro pode ir 15 cm à frente para aumentar a capacidade do compartimento de bagagens.

NÃO COMPRE SE…

Você quer desempenho. O 1.4 TFSI é a única opção, ao menos por enquanto, e tem os mesmos 150 cv e 25,5 kgfm do antecessor.

Você quer ter sistemas semiautônomos de última geração, como os que alguns concorrentes, como o Volvo XC40 abaixo, já oferecem.

Considere também esses concorrentes

Volvo XC40 Momentum – R$ 199.950 O sueco tem entre-eixos maior e motor 2.0 com 192 cv e 30,6 kgfm. Seu porta-malas de 460 litros é menor que o do Q3 (leia mais aqui).
Mercedes A 250 Vision – R$ 245.900 O “pequeno notável” despeja 224 cv e 35,7 kgfm. Uma opção espetacular. Mas subiu de preço em maio, e ficou caro.

Audi Q3 Black

Preço básico R$ 185.990
Carro avaliado
R$ 215.990

Motor: quatro cilindros em linha 1.4,16V, turbo, injeção direta
Cilindrada: 1395 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 150 cv a 5.000 rpm
Torque: 25,5 kgfm de 1.500 a 3.500 rpm
Câmbio: automatizado, com dupla embreagem e seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,484 m (c), 1,849 m (l), 1,616 m (a)
Entre-eixos: 2,680 m Pneus: 235/50 R19
Porta-malas: 530 litros (1.525 com banco rebatido)
Tanque: 58 litros
Peso: 1.605 kg
0-100 km/h: 9s3
Velocidade máxima: 207 km/h Consumo cidade: 10,2 km/l
Consumo estrada: 11,9 km/l
Emissão de CO2: 123g/km
Consumo nota C
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: C