De uns tempos para cá, passei a querer um veículo parrudo como este Troller T4 rebatizado TX4 nesta versão automática). Embora tenha gosto por compactos e subcompactos, o péssimo asfalto de São Paulo junto da falta de educação de certos motoristas, estejam eles de carro, motocicletas ou de caminhões/ônibus, motivou minha mudança.

E esse meu “novo normal” coincidiu com a oportunidade de passar alguns dias usando o Troller T4, ou melhor, o TX4, para avaliar sua usabilidade no dia a dia. É como dizia um amigo: “Faça valer o tamanho do seu carro!” E, neste quesito, o jipão impõe respeito.

Do alto dos meus 1,70 m, entrar na cabine virou uma prova de alpinismo, enquanto desembarcar foi semelhante a praticar paraquedismo. Isso porque o Troller nasceu para encarar o fora-de-estrada.

Com ângulo de entrada de 53º, ângulo de saída de 50º e expressivos 31,6 cm de vão livre do solo, ele é um carro para se dirigir rindo da cara de buracos, valetas e lombadas.

De início, precisei me reeducar por conta das reações mais lentas que as de um carro comum. E precisei de uma dose extra de atenção nas mudanças de faixa, manobras e balizas devido ao estepe na tampa do porta-malas.

Achei bacana a posição de dirigir e a cabine lavável, que oferece até alguns mimos: ar-condicionado digital de duas zonas, teto solar duplo, vidros/retrovisores elétricos e multimídia JBL de 6,75” com Android Auto/CarPlay.

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Durante minha convivência, curti bastante o fôlego do motor turbodiesel associado ao câmbio automático de seis marchas. É força pura! Mais que suficiente para uso na cidade – porém são necessárias correções no volante para manter a trajetória.

Já na estrada, não espere o Troller ganhar velocidade rapidamente, e o barulho da rolagem dos pneus Pirelli Scorpion 245/70 R17 incomoda. Afinal, os “borrachudos” são 20% on-road e 80% off-road.

O Troller tem tração traseira ou 4×4, com reduzida e diferencial traseiro blocante. A capacidade de tração é de 5.065 kg e ele vence alagamentos com profundidade de até 80 cm.

À época do lançamento, pude avaliar as capacidades off-road do Troller TX4 no Campo de Provas da Ford, em São Paulo. E ele impressionou pela valentia.

Não sou casado nem tenho filhos, então olharia com carinho para o Troller TX4 em meio aos seus poucos rivais em nosso mercado – como os pequeninos e valentes Suzuki Jimny (leia avaliação), de R$ 82.990, e Jimny Sierra (leia avaliação), de R$ 113.990, e o Jeep Wrangler Sahara (R$ 347.990).

Legal e divertido, sim, mas para ser um segundo ou terceiro carro, pois o acesso ao banco traseiro é ruim e o porta-malas por pouco não acomodou nem minhas compras do mercado. Ah, e ele ainda pode virar uma relíquia, se, com o fim da produção pela Ford, ninguém assumir suas operações.

Rafael Poci Déa | Repórter

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Contraponto

● Gosto de aventuras off-road e de estradas de terra, então sempre tenho “jipes” no meu radar. Normalmente, o que me afasta é a racionalidade: acabo priorizando a relação custo-benefício.

E passar uns dias na cidade de Troller só reforçou que neste ponto ele é péssimo. Não estou falando de encarar trilhas, tarefa para o qual o Troller é um dos mais capazes do mercado.

É um tremendo brinquedo, mas não dá para usar no dia-a-dia, principalmente no meu caso, com dois filhos em cadeirinha/booster. Sem rebater o banco traseiro, mal cabe o mínimo de bagagem que costumo carregar ou mesmo uma compra, como disse o Rafael. Rebatendo, não cabem as crianças.

Não se trata de uma opção. Se dirigi-lo na terra e na trilha é um deleite, na cidade é um estorvo. Não manobra, reage com lentidão aos comandos do volante e é barulhento, grande e desajeitado.

Isso não quer dizer que não o compraria. Afinal, tudo vale a pena se a carteira não é pequena. Funcionaria muito bem para mim como segundo carro, para deixar no sítio e usá-lo só por lá. Mas não acho que valha a pena comprar um jipe desses com câmbio automático. Iria de manual.

Na verdade, se é para ter um brinquedo, optaria pelo brinquedinho: o Suzuki Jimny, igualmente divertido, porém mais barato (é a racionalidade falando novamente).

Flávio Silveira | Editor

COMPRE SE…

  • Você curte a dirigibilidade dos jipes e se aventura em estradas de terra ruins e/ou trajetos fora-de-estrada nos finais de semana.
  • Você deseja um veículo para lá de parrudo e não faz (muita) questão de ter mimos ou muito conforto a bordo.

NÃO COMPRE SE…

  • Você roda com a família. O Troller pode ser usado no dia-a-dia, mas tem limitações no porta-malas e no acesso ao banco traseiro.
  • Você tem “dificuldade” em fazer manobras/balizas. Afinal, o porte é avantajado e o raio de giro de 12,7 m exige fazer manobras extras.

Considere também esses concorrentes

Suzuki Jimny Sierra 4Style – R$ 133.990

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Motor 1.5 e câmbio automático de quatro marchas. Ângulos de entrada e de saída de 37º e 49º. Vão livre de 214 mm. Leia a avaliação completa aqui

Jeep Wrangler Sahara – R$ 347.990

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Motor 2.0 turbo e câmbio de oito marchas. Ângulos de entrada de 41,4º, de saída de 35,9º, com vão livre de 246 mm. Leia a avaliação completa aqui

Troller TX4

Preço básico R$ 181.415
Carro avaliado R$ 181.415

Motor: cinco cilindros em linha 3.2, 20V, turbo, intercooler
Cilindrada: 3198 cm3
Combustível: diesel
Potência: 200 cv a 3.000 rpm
Torque: 47,9 kgfm entre 1.750 e 2.500 rpm
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: hidráulica
Suspensões: eixo rígido, com barra estabilizadora e barra panhard, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos de dupla ação (d/t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: 4×2 traseira ou 4×4, com opção de reduzida e bloqueio do diferencial traseiro (LRD)
Dimensões: 4,163 m (c), 1,992 m (l), 1,936 m (a)
Entre-eixos: 2,585 m
Pneus: 245/70 R17
Porta-malas: 149 litros (835 com o banco traseiro rebatido)
Tanque: 62 litros
Peso: 2.297 kg
0-100 km/h: 12s5
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo cidade: 7,7 km/l
Consumo estrada: 7,5 km/l
Emissão de CO2: 263g/km
Consumo nota E
Nota do Inmetro: E*
Classificação na categoria: E*