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Eu tinha muita curiosidade de conhecer o novo Honda Civic com motor turbo. Quando o carro foi apresentado, fiz uma crítica no blog República do Automóvel sobre seu posicionamento de preço (R$ 124.900). Um dos trechos dizia: “Na sociedade de consumidores em que vivemos, muitos pagam a mais pela grife. E, na visão da Honda, sua grife vale mais do que a da Chevrolet, para não dizer outras”. Eu não duvidava da qualidade construtiva do carro. Minha principal dúvida era: vale a pena pagar esse valor por um sedã médio? A primeira coisa que chama a atenção no novo Civic é a ousadia de seu desenho.

A tentativa de buscar um formato de cunha na dianteira deixou o carro muito aerodinâmico e marcante. Na traseira, a Honda levou ao extremo a ideia de fazer um sedã tipo cupê. O terceiro volume foi eliminado, sem prejuízo para o volume do porta-malas e para o conforto interno. Pelo contrário, o entre-eixos aumentou e o bagageiro também. Gostei das mudanças no interior. A posição de dirigir é ótima, a pegada do volante combina com a proposta de esportividade e o painel sem dois níveis deixou tudo mais amigável.

Para o meu gosto pessoal, a central multimídia ainda é um pouco confusa – senti falta dos botões redundantes, tive alguma dificuldade para encontrar nomes na agenda do telefone e achei exagerado alguns sistemas. Um deles é a câmera que mostra o movimento traseiro na tela multimídia toda vez que você dá seta para a direita. Deve ter encarecido demais o carro e uma simples luz piscando no retrovisor já resolveria o problema do ponto cego. Não consegui dirigir o carro na estrada, mas minha experiência em algumas avenidas já foi suficiente para sentir que ele agrada em longas viagens, pelo conforto, prazer de dirigir e silêncio a bordo e pela qualidade dos sistemas de motor, transmissão, direção, freios e suspensão.

Seu comportamento dinâmico é notável. Também andei no banco de trás – ele é espaçoso, mas não macio. Quando à pergunta fatal, se eu compraria o novo Civic Turbo de R$ 124.900, a resposta é não. Por R$ 17.450 a menos, eu compraria um Chevrolet Cruze completo, também turbo, com potência inferior em 20 cv e porta-malas menor, mas tão bom quanto para minhas necessidades. Com a diferença eu ainda compraria duas passagens de ida e volta para Tóquio, no Japão, em classe executiva, para visitar o país da Honda com minha esposa.

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Ficha técnica:

Honda Civic Touring 1.5 Turbo

Motor: 4 cilindros em linha 1.5, 16V, duplo comando variável, turbo, injeção direta
Cilindrada: 1498 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 173 cv a 5.500 rpm
Torque: 22,4 kgfm de 1.700 rpm a 5.500 rpm
Câmbio: automático continuamente variável (CVT), sete marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e multi-link(t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,637 m (c), 1,798 m (l), 1,433 m (a)
Entre-eixos: 2,700 m
Pneus: 215/50 R17
Porta-malas: 519 litros
Tanque: 56 litros
Peso: 1.326 kg
0-100 km/h: 8s0 (medição MOTOR SHOW)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo cidade: 12,0 km/l
Consumo estrada: 14,6 km/l
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Grande)

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Contraponto

Por Flavio R. Silveira

Concordo com o Quintanilha sobre a alta qualidade construtiva e o design ousado. São as características que mais me agradaram nesse novo Civic, embora não exclusivas dele. Os concorrentes também têm se aprimorado bastante nesses pontos, e não vejo vantagem que justifique o valor extra cobrado em relação ao que custa, por exemplo, um Chevrolet Cruze LTZ – que o derrotou no comparativo da edição passada. Como o Quintanilha, achei a central confusa de usar, e ainda sofri com os comandos do computador de bordo.

Outro ponto que me incomodou foi o velocímetro digital; prefiro o tradicional ponteiro. Já o desempenho é ótimo nos números absolutos, mas o câmbio CVT, mesmo simulando marchas, não me convenceu. O Civic é um ótimo carro, mas não o compraria: pagaria menos em um Cruze LTZ completo ou, se fosse torrar R$ 125.000, ficaria na dúvida entre o futurista e hiper-econômico Toyota Prius ou o ainda mais esportivo VW Jetta 2.0 TSI – com 211 cv e transmissão de dupla embreagem, muito melhor que o CVT do Honda. Por esse preço, vem com todos os opcionais.

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COMPRE SE…
Os atributos de imagem da Honda são importantes para você, pois a assistência técnica é eficiente e a mecânica é confiável.
Certos equipamentos, como a tela multimídia substituindo o espelho retrovisor direito, fazem você se sentir mais seguro ao volante.

NÃO COMPRE SE…
O custo/benefício é o fator número 1 para a escolha do carro, pois alguns itens que elevam seu preço são desnecessários.
Procura um sedã tradicional, com o porta-malas saliente, e com suspensão macia, já que o Civic Touring tem pegada mais esportiva.

CONSIDERE TAMBÉM ESSES CONCORRENTES

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