Reportagem Alessio Frassinetti
Tradução e edição Flávio Silveira

Difícil lembrar de um período tão cheio de novidades no mundo automotivo. Não são só novos modelos, mas novas marcas, a maioria do Oriente, ansiosas por acabar com a percepção de baixa qualidade associada aos automóveis feitos na China – como a Zeekr, parte da gigante Geely, também dona da Volvo e da Lotus. O modelo X, “primo” do Volvo EX30, chega depois do sedã 001 à Europa, onde o testamos, mas deve ser o primeiro no Brasil, onde já foi flagrado em testes e deve estrear ainda este ano.

Seus 4,43 metros de comprimento o colocam no segmento de SUVs médios e, como todo elétrico a bateria (BEV) com plataforma tipo skate, tem longo entre-eixos (2,75 m), com bom espaço nas duas fileiras de bancos – mas ao custo de um porta-malas de só 362 litros.

+ Montadora chinesa GAC anuncia investimento de R$ 5,6 bilhões no Brasil
+ Montadoras querem elevar imposto de importação para carros chineses no Brasil; entenda

A cabine é muito bem construída:
• montagens e acabamentos de qualidade,
 quadro de instrumentos de 8,8”,
 sistema de infotainment de 14,6”,
• head-up display de 24,3” com realidade aumentada: as informações podem ser sobrepostas aos veículos da frente, deixando os avisos e as instruções bem mais intuitivos e imediatos.

Mas a impressão é que os chineses não perderam o hábito de se “inspirar” em outras marcas: as funções são todas muito semelhantes (senão idênticas) às dos Tesla, do “modo sentinela” aos jogos disponíveis, incluindo o inusitado “Modo Festa”, que sincroniza as luzes externas do carro com a trilha de áudio.

A bateria tem capacidade de 69 kWh, com células de NMC (níquel-manganês-cobalto), e a versão de entrada traz o mesmo motor elétrico traseiro do Volvo, com 272 cv e 343 Nm (0-100 km/h em 5,6 segundos).

Já a variante que avaliamos, com dois motores, tem 428 cv e 543 Nm (0-100 km/h em 3,8 segundos). A de apenas um motor tem cerca de 440 quilômetros de autonomia no ciclo chinês, e a com dois, só 400 – pelo padrão do Inmetro, deve dar menos de 300 quilômetros (mas ao menos aceita carregamentos de 150 kW DC e 22 kW AC).

(Divulgação)
(Divulgação)

A base mecânica é a plataforma SEA-E do grupo Geely, já empregada com modificações pelo Volvo EX30 e pelos Smart #1 e #3. Ele pode ter tração traseira ou integral, com potências de 272 e 428 cv, respectivamente

(Divulgação)

(Divulgação)
(Divulgação)

Minimalista, o painel é dominado por telas: o cluster tem 8,8” e a central, 14,6”. No volante, alavancas tipo joystick. No apoio de braço, fica o carregador por indução, a coluna B é funcional, com indicador de funções, e o logo traseiro é iluminado

Desempenho

• Em movimento, a sensação de controle é boa, mas a calibragem da suspensão, como de costume nos chineses, tende a ser demasiadamente macia.

• A versão mais potente é verdadeiramente estimulante em desempenho longitudinal: a forma como ganha velocidade surpreende e, assim que nos familiarizamos com as reações, a tração integral passa a ser inspiradora.

• Uma leve pressão no acelerador basta para equilibrar o carro nas curvas – e nas saídas delas, aproveitando a resposta imediata dos motores elétricos.

O crossover consegue somar bem a isso características de um carro prático para o uso diário – e é na cidade que se percebe a verdadeira alma do modelo.

A absorção das suspensões é notável: você pode passar por valetas e buracos sem raspar – o que, aliado ao bom isolamento acústico, eleva o nível de conforto.

Habitabilidade, tecnologia e desempenho são características positivas deste modelo que alguns podem subestimar, dada a marca quase desconhecida e sua origem. Mas, considerando as qualidades dos demais modelos do grupo Geely, é uma realidade bastante sólida. Resta saber os preços que serão praticados no Brasil. Na Europa, custa o equivalente a R$ 279 mil, o que nossos colegas italianos consideram muito. Aqui, seria competitivo.

Zeekr X

Motores: elétricos, um por eixo, síncronos
Combustível: eletricidade
Potência combinada: 428 cv (ou 315 kW)
Torque: 543 Nm
Câmbio: automático, caixa redutora fixa com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: integral
Dimensões: 4,43 m (c), 1,83 m (l), 1,56 m (a)
Entre-eixos: 2,75 m
Pneus: n/d
Porta-malas: 362 litros
Bateria: íons de lítio, 69 kWh
Peso: 1.960 kg 0-100 km/h: 3,8 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo médio: 5,7 km/kWh (Europa)
Autonomia: 400 quilômetros (na Europa)
Recarga máxima: 22 kW AC e 150 kW DC