Não se mexe em time que está ganhando, e geralmente não se muda carro que está bom. Mas, não tem jeito: a concorrência feroz e as tecnologias a todo vapor pedem novidades, por melhor que o produto seja. Bom exemplo é o caso do Volvo XC90, o SUVzão de sete lugares da marca sueca, na sua segunda geração. Por mais que tenha projeto antigo, do começo dos anos 2010, ainda é o “mais mais” em segurança e tecnologia, especialmente depois da reestilização lançada na linha 2026. 

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XC90 e suas gerações longevas

O XC90 tem um histórico de gerações bem longevas, tanto que a primeira durou quase 14 anos apenas com mudanças pontuais. Saiu de linha em 2014 para dar lugar a essa carroceria que temos até hoje, que recentemente estreou mudanças de design. Coisa pouca: novos faróis, grade e parachoque dianteiro, lanternas traseiras inéditas e retoques na cabine. Um tapinha com luva de pelica, que provou algo que já era sabido: o SUVzão da Volvo pode ser antigo, mas não obsoleto. Pelo menos por enquanto… 

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Sete lugares mais barato que cinco

Essa versão das fotos é a Ultra, mais cara, que ronda os R$ 740 mil. Preço que, aliás, não chega a ser competitivo como o dos chineses, só que atrai frente aos rivais premium: a BMW cobra quase R$ 800 mil por um X5 com cinco lugares e bem menos presença. Nesse Volvo há três fileiras de bancos confortáveis, espaço para sete pessoas, com direito a saídas de ar-condicionado, tomadas USB e porta-trecos pra todo mundo. Enquanto isso ele mantém um porta-malas maior que o de um Fiat Argo, com 316 litros. Se for montado para cinco pessoas, são 640. 

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Boas novas da linha 2026

Vamos focar no que mudou. A dianteira atualizada deixou o grandalhão moderno e com cara de “hi-tech”. Parte que sente mais o peso da idade é o interior, ainda que não seja nada grave. Amenizaram isso com a nova multimídia, maior (11,2”), saltada do painel e com sistema operacional totalmente novo. Aí entra um ponto complicado: por mais que tenha ganhado mais funções e tecnologias, a central do XC90 ficou (bem) mais complicada de mexer. Menos intuitiva, também. Questão de costume, porém a versão anterior (9”), tinha maior praticidade, sem dúvidas. 

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De qualquer forma, com pacote Google incluso, o XC90 ganhou as operações do irmão elétrico EX90. Tem Maps atualizado em tempo real, Assistente de Voz igual ao dos celulares Android e Play Store para baixar vários apps. Por outro lado, o painel de instrumentos digital manteve o estilo classudo e informativo de antes. Bacana.  

Volvo XC90 Ultra 2026 – Foto: Lucca Mendonça

Mesma motorização

Powertrain inalterado. Pudera, não tem muito pra onde evoluir: o 2.0 turbo a gasolina sob o capô é dos mais eficientes, com 317 cv de potência e que permite ao XC90 médias de consumo superiores a 12 km/litro, sem eletrificação. A ajuda bem-vinda vem do motor elétrico traseiro e da tecnologia BSG no cofre, que junta motor de arranque ao alternador, formando mais um gerador elétrico de energia.  

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Conjunto complexo, mas bom de acelerar, de economizar e que funciona de forma harmoniosa. No total, entrega 465 cv de potência com mais de 73 mkgf de torque, garantindo acelerações dignas de hatches esportivos ao SUVzão. São anos e anos desse trem-de-força movendo o modelo, ou seja, já está pra lá de maduro.  

Volvo XC90 Ultra 2026 – Foto: Lucca Mendonça

Baterias de tração poderiam aumentar

O rápido e responsivo câmbio automático Aisin de oito marchas, claro, está no pacote, assim como as baterias de tração do sistema híbrido plug-in, que permite recargas externas. Nesse caso, dado o avanço das tecnologias de eletrificação, elas já poderiam ter crescido além dos 19 kWh de capacidade atual. Frente aos chineses, esse tamanho de bateria já serve para SUVs médios intermediários com motor a combustão bem mais fraco, vide GWM Haval H6 PHEV19 (ainda existe o PHEV35 acima dele). 

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Não falta, mas também não sobra: durante a semana de testes, o XC90 conseguiu ir muito além do indicado pelo Inmetro no quesito autonomia elétrica. São 47 km de alcance homologado, e o exemplar avaliado chegou perto de dobrar esse número nas melhores condições de uso urbano. Na estrada, rondou os 65 km de autonomia sem gastar gasolina. Excelente.  

Volvo XC90 Ultra 2026 – Foto: Lucca Mendonça

Rende mais de 1.000 km

Mesmo com carga baixa nas baterias, soube trabalhar bem a recuperação de energia em frenagens e desacelerações, e rondou os 12,5 km/l na estrada ou mais de 15 km/l na cidade, onde qualquer híbrido rende mais. Consegue ir além dos 1.000 km de autonomia com tanque cheio e carga completa, como indicado pelo marcador de combustível versus a km rodada. 

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Como anda?

Apesar das suspensões que ainda parecem sofrer um pouco com o piso brasileiro, o XC90 2026 tem muitas qualidades ao volante. Silêncio, (muita) solidez, dinâmica apurada e controles responsivos de direção e freios são algumas delas. Com novo ajuste, a direção elétrica ficou extremamente macia, o que pode não agradar alguns consumidores (a condução torna-se mais anestesiada com isso). E, mesmo com esse tamanho e peso, tenha em mente que ele acelera, freia e faz curva como esportivo. 

Volvo XC90 Ultra 2026 – Foto: Lucca Mendonça

Ele tem seus aliados para tal, como a tração integral permanente (AWD), que faz com que o Volvão entre nas curvas mais rápidas e desafiadoras sem medo. Suspensões pneumáticas, totalmente independentes, dão conta de mantê-lo estável, inclinando pouco a carroceria de quase 1,80 m de altura. E, com carga nas baterias e potência completa do 2.0 turbo, aferimos 5,5 segundos na prova de 0 a 100 km/h. Bruto! 

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“Macio” é apelido

Essas suspensões a ar também são as responsáveis por deixar o rodar do XC90 extremamente macio e suave, como esperado num carrão de luxo de R$ 730 mil, e ainda abaixam ou levantam a carroceria de acordo com as necessidades. Ele fica mais próximo do solo quando estacionado, ou pode se erguer bastante no modo de condução off-road, por exemplo. Tudo é automático, só que é possível controlar a altura do carro por um par de botões na parede interna do porta-malas.  

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Refinado, por medo dos chineses

Nessa linha 2026, a Volvo conseguiu deixá-lo um pouco mais refinado, temendo especialmente os chineses, que são craques nesse assunto. O mix entre madeira, cromados, preto brilhante, superfícies texturizadas, couro perfurado e partes em tecido caíram bem no exemplar avaliado, com cabine clara. Também é possível ter o XC90 Ultra com interior em couro preto ou marrom, ou então em tecido azul escuro. Espaço e conforto são democráticos, para todos os sete ocupantes, embora quem viaje lá no fundão não se acomode com tanta folga. É o lugar da criançada. 

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E mimos não faltam: bancos dianteiros climatizados e com massagem, ajustes elétricos e memórias de posição para motorista e copiloto, teto-solar panorâmico, conjunto óptico full-LED adaptativo inteligente, instrumentação digital personalizável, multimídia com internet a bordo, ar-condicionado digital quadrizone automático, rodas diamantadas aro 21, alavanca de transmissão em cristal Orrefors, tampa do porta-malas elétrica presencial, head-up display, câmeras 360º, telas parassóis retráteis nas janelas traseiras, ou o poderosíssimo sistema de som Bowers & Wilkins com 1.410 Watts de potência, um dos mais potentes do mundo em um carro original de fábrica. 

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XC90, EX90, XC60: escolha sua!

A Volvo te dá alternativas. Pode optar por esse híbrido plug-in, que começa em menos de R$ 680 mil, sempre com sete lugares, muito luxo e exatamente o mesmo powertrain desse Ultra avaliado. Como alternativas, há seu irmão elétrico EX90 (esse tem projeto fresquinho, de dois anos atrás), além do XC60 híbrido plug-in, menor e com cinco lugares. Mas que o bom e velho XC90 de segunda geração segue firme, forte e moderno, em que pese os onze anos de mercado, isso é fato.