27/10/2025 - 6:00
Que o T-Cross é um carro consagrado no Brasil, disso ninguém duvida. Nesses seus quase sete anos de mercado, ele já passou por várias atualizações, e mostra a maturidade típica de um carro que já foi testado e aprovado muitas vezes pelo grande público. E, mesmo com as paralisações nas linhas da sua fábrica em São José dos Pinhais (PR), para preparar a chegada da inédita picape compacta monobloco, esse SUV compacto tende a fechar o ano como o mais vendido do mercado nacional.
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Só avaliei T-Cross em 2019
Já não convivia com o T-Cross desde sua estreia em 2019. Na ocasião, avaliei suas três versões da época (200TSI – com o diferencial da extinta transmissão manual, Comfortline e Highline), numa sequência de testes que, juntos, me tomaram quase um mês. Virei amigão do modelo da Volks, mas desde então perdemos o contato…

Contato retomado
2025, T-Cross maduro e líder de vendas, SUVs compactos “voando”, e era hora de retomar essa relação. Escolhi para isso justamente a versão Highline, que acompanha ele desde a estreia, para saber até onde ela vale a pena frente a novata Extreme. Essa basicamente só acrescenta peças de acabamento diferenciadas, rodas próprias, adesivos, gravuras…nada muito além da estética. Até então exclusiva, sua grade iluminada por uma barra de LED logo depois chegou à Highline também. Então, a Extreme hoje é puro visual.
R$ 7 mil entre Highline e Extreme
Só que a diferença de preços assusta: por R$ 190 mil, a Highline custa R$ 7 mil a menos que a Extreme, trazendo o mesmo pacote de equipamentos, mesma mecânica e mesmas virtudes do projeto ainda moderno do T-Cross. Até os opcionais, teto-solar panorâmico e pacote ADAS mais completo (que poderiam muito bem vir de série, ambos), são iguais nas duas versões. Por isso, se você não faz questão da estética da Extreme, ou de adesivos, apliques coloridos e outras firulas, vá de Highline.
Motor 1.4 turboflex segue elogiável
Pois bem. Voltamos à boa e velha versão Highline que o T-Cross oferece desde 2019. Barata ela não é, de forma alguma, porém tenta justificar essa cifra com algumas qualidades relevantes. Uma delas é o motor 1.4 turboflex, que já moveu desde Audi A1 até Tiguan AllSpace no Brasil, ainda com seus bons 150 cv e 25,5 mkgf, em que pese as leis de emissões cada vez mais rígidas.

Com foco na confiabilidade e boa entrega de força, esse motor brinda com torque máximo já aos 1.500 rpm. Sem coice nem muito turbolag (mas um enorme delay de acelerador), o T-Cross fica espertinho nas acelerações, retomadas e até numa tocada mais esportiva. O seletor de modos de condução, exclusivo dessas versões 1.4T, e a calibração esperta da transmissão automática de seis marchas, fazem a diferença.

Esse câmbio, aliás, está calibrado para relações extremamente longas, inclusive nas primeiras marchas, já que a força prematura do motor não pede altos giros ou muitas reduções. No modo Eco, são baixíssimos 2.200 rpm a 120 km/h, com a sexta marcha fazendo papel de “overdrive” puro, para reduzir vibração, barulho e consumo. Trabalha suave assim nas baixas e médias rotações, adiantando bastante as trocas no Eco.

Economia na estrada. Cidade, nem tanto
No que isso se reflete? Claro, no quanto ele gasta de combustível. Na estrada, com o motor girando pouco e modo Eco evitando reduções, passou dos 13,5 km/l de etanol, em média. Já na cidade, com a maior inércia frente ao 1.0T de 128 cv, esse conjunto não mostrou números tão promissores assim: cerca de 8,5 km/l, ou algo próximo do que divulga o Inmetro. Mesmo com o afoito sistema Start & Stop, que irritava desligando o carro mesmo antes de pará-lo completamente, não foi muito além disso.

Muita solidez
O SUV compacto da Volks continua muito sólido, graças principalmente a plataforma modular MQB, que tem essa característica. Apesar de esse motor 1.4 ser bem menos suave e silencioso que o 1.0 turboflex de três cilindros, é com ele que o T-Cross mostra melhor seu poder dinâmico, especialmente nas acelerações mais poderosas, frenagens fortes e curvas rápidas: sempre “na mão”, sem sustos ou críticas. Claro, falando dentro dos limites de um SUV, com carroceria alta e maior centro de gravidade. É um dos que mais se aproxima de um hatch na condução. Boa!
Mais macio
Desde as atualizações promovidas para a linha 2025, ele ficou mais confortável, por conta de algumas “mexidinhas” nas suspensões. Elas não perderam a vantagem de alto controle da carroceria, mas, em compensação, agora absorvem melhor os impactos com o solo. Os passageiros, que sentem menos a buraqueira, agradecem. Competentes freios a disco nas quatro rodas e uma direção precisa também agradam bastante. A assistência elétrica, aliás, também passou pelo processo de “maciez”, facilitando nas balizas, principalmente. Mecanicamente, o carro está bem servido.
O fato de essa versão ser a mais completa, e beirar os R$ 200 mil, faz com que o T-Cross Highline também tenha os melhores níveis de isolamento acústico e térmico da linha. Só o tal do 1.4 turboflex é ouvido com mais frequência pelos ocupantes, ainda que tenha um som encorpado que agrada.
Limitações e equipamentos
De quebra, a oferta de equipamentos é boa, ainda que algumas mancadas decepcionem, como a limitação do freio de mão por alavanca, e a ausência total de luzes de leitura traseiras (quando há teto panorâmico). Sistemas de entretenimento (VW Play com mais de 10” e conexão com a internet), ar-condicionado (digital automático touch), som (6 alto-falantes e alta fidelidade), e instrumentação (digital de 10,2”) são elogiáveis. Já o acabamento, mesmo com recentes evoluções nos materiais e apliques, ainda perde para os padrões de SUVs chineses, por exemplo.
E aí?
Completão como o exemplar das fotos, o T-Cross Highline 250TSI (código para essa motorização), ronda os R$ 203,7 mil. Um Extreme nos mesmos moldes já vai pra perto de R$ 211 mil. E, lembrando: as duas com as mesmas qualidades citadas acima, mais o generoso espaço interno, amplo entre-eixos e porta-malas com até 420 litros.
E, entre um modelo bom e caro, e outro bom e mais caro ainda, ao que tudo indica a primeira opção se mostra mais interessante. Ou seja: Highline. É, ou não é?




































