Demorou um pouco, mas parece que finalmente o Tera está indo para o caminho que a VW planejava: ele assumiu o posto de SUV mais vendido do Brasil agora em setembro, e a sexta colocação do mercado geral. As pretensões da fabricante são grandes: ela trata o modelo como uma espécie de sucessor de Fusca e Gol, tanto que imprimiu a silhueta desses dois no vidro traseiro do Tera. Muita presunção? 

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Tera TSI manual é divertido

Talvez nem tanto. Isso porque o modelo, de fato, une mais ou menos o que o consumidor busca: vem bem equipado, tem motorização confiável, mecânica robusta, bons níveis de acabamento e isolamento acústico, e não custa tão caro assim. Dependendo, ainda traz algumas vantagens, como uma versão bacana que une motor turbo ao câmbio manual, como essa TSI MT5 avaliada.  

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Por pouco menos de R$ 119 mil básica (ou R$ 124 mil como o exemplar avaliado), ela é divertida de guiar e não perde as virtudes típicas de um SUV, como o bom porta-malas ou carroceria altinha. “Esportiva” é uma palavra muito forte, e é mais fácil descrevê-la como “bem espertinha”. Tem seus 109/116 cv de potência com pouco menos de 17 mkgf de torque (gas/eta) extraídos do motor 1.0 turboflex, contando com a precisa e justa caixa manual de cinco marchas. 

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A equação é fácil: motor turbo, ele desperta com vigor total um pouco acima dos 1.500 rpm, e, para quem está a bordo, a força do pequeno EA-211 turbo é bem nítida a partir daí. Abaixo dessa rotação, seu comportamento é bem mais moroso, vale falar. Como a primeira marcha é extremamente curta, na maioria dos casos vale a pena sair da inércia com ele em 2ª, poupando combustível e aproveitando o torque prematuro.  

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3ª e 4ª dão conta de mover o Tera no uso urbano sem maiores problemas, dada a elasticidade do 1.0 turboflex, enquanto a 5ª é das mais longas. Todas as marchas contam com a qualidade dos engates justinhos e alavanca bem posicionada (alta e na mão do motorista), o que melhora bastante a ergonomia geral do carro.  

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Câmbio 4+E

Na realidade, esse câmbio do Tera é mais ou menos como um 4+E, onde as quatro primeiras marchas são funcionais, e a última serve mais para baixar o giro e diminuir o ruído no uso rodoviário. É a chamada “sobremarcha”, ou “overdrive”. Graças a ela, o SUV compacto conseguiu médias de mais de 14,0 km/l na estrada a 110 km/h durante os testes. Sem contar o silêncio e suavidade extras a bordo por isso.  

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Foi mais difícil fazer as melhores médias com o Tera TSI manual no uso urbano, confesso. Digo isso porque o carrinho é ágil, esperto e gostoso de guiar, até instigando a uma tocada mais rápida, digamos assim. Porém, com pé leve e antecipando as trocas de marchas (o que é possível pelo bom torque em baixa, novamente), deu para rondar os 9,5 km/l de etanol, número interessante. A maioria dos 500 km percorridos na semana de testes com ele foi na cidade, inclusive.  

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Benefícios do Polo

Baixo consumo e boa performance a parte, outra coisa que surpreende positivamente no Tera é que, apesar de ser SUV, ele tem muito em comum com o hatch Polo, do qual deriva. E o Polo, vale falar, tem uma das melhores dinâmicas de condução da categoria, seja pra frenagens, curvas e por aí vai. Apesar de ser mais altinho, com curso maior de suspensões e centro de gravidade mais elevado, o Tera encara curvas rápidas como se fosse um hatch compacto: é seguro e direto. Boa! 

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Também esqueça a tocada um tanto instável que alguns SUVs trazem nas altas velocidades: ele permanece na mão sempre, mesmo quando próximo ao seu limite dinâmico. Também freia bem, apesar de apostar nos tambores traseiros. E a direção, leve e direta, mais uma vez faz lembrar do Polo. As semelhanças vão além com o posto de condução (só um pouquinho mais alto no Tera), e posição dos elementos na cabine. Tudo fácil e acessível, inclusive comandos de multimídia ou painel digital.  

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Acabamento e espaço

Essa nova fórmula de cabines da Volks ainda inclui um acabamento surpreendentemente bom (tecido nas portas e painel, black piano, plásticos texturizados), e visual que não cansa, especialmente das telas (o layout da multimídia, inclusive, é bonito e funcional). Só os bancos dianteiros, com encosto de cabeça fixo, podem ficar um pouquinho estreitos para quem for mais corpulento. Questão de costume, já que densidade de espuma e tecido da forração são corretos.  

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Apesar de quem vai na frente se sentir mais num SUV, com direito até a capô a mostra, atrás o espaço é praticamente igual ao de um hatch compacto: bom por conta do teto alto e arredondado, mas nada surpreendente. Em comparação, a acomodação no Nivus, coupé com o mesmo entre-eixos, é mais complicada atrás, por conta de posicionamento de banco traseiro, queda do teto e encostos dianteiros maiores. No mais, os 350 litros de porta-malas do Tera estão justamente na média do segmento. 

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Seu conjunto de suspensões, que lembra o do Polo, porém erguido, é claramente feito para encarar as dificuldades do piso brasileiro: estanca como deveria os impactos de buraqueira, lombadas, valetas e desníveis da pista, e fazem bem aos elogiados comportamentos do Tera em curvas rápidas e frenagens bruscas. E a calibração de molas e amortecedores já é macia, no padrão dos modelos mais atuais da Volks. 

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Equipado

No exemplar avaliado, as rodas diamantadas e a função de internet a bordo são itens opcionais por cerca de R$ 3,4 mil. Tirando o pecado dessa versão vir de fábrica com calotas (feias, por sinal) e apenas quatro alto-falantes, o restante do pacote agrada: painel digital de 8”, central de 10,1”, volante multifuncional, coluna regulável em altura e profundidade, quatro vidros elétricos um-toque, piloto automático com limitador de velocidade, sensores de estacionamento traseiros, faróis em LED com regulagem de altura, retrovisores elétricos com tilt-down direito, ar-condicionado etc. 

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Quanto a segurança, ele faz jus as cinco estrelas recebidas pelo Latin NCap em testes de colisão, afinal oferece alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência (inclusive para pedestres), detector de fadiga do motorista, além dos 6 airbags. Esses sistemas não estão só na versão TSI MT5 e nas mais caras: existem já na MPI “básica”. 

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Tera TSI manual: diversão e trabalho? 

Não é preciso que um carro tenha a aceleração mais impressionante do mundo para ele ser divertido: esse Volks, aliando o motor turbo com o elogiável câmbio manual, mostrando baixo consumo com bom desempenho, e trazendo um acerto mecânico dos mais corretos, já pode ser pra lá de gostoso de guiar. Trabalho? Como em qualquer SUV que se preze, ou que se espere, o espaço interno, o porta-malas, as suspensões elevadas e a robustez mecânica fecham seu pacote. 

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