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A preferência do brasileiro mudou, e ele quer carro automático. Inevitável entrar nessa, mesmo no segmento de entrada. A Volks vem tentando, mas primeiro optou pela transmissão automatizada simples – lenta e com trocas nada suaves, bem diferente das de dupla embreagem. Outras marcas, porém, lançaram populares automáticos “de verdade” – Chevrolet Prisma, Hyundai HB20, Toyota Etios – e dominaram o nicho. Agora, a Volks se rende ao câmbio automático tradicional, com conversor de torque, nos carros de entrada. Do Gol falamos na edição passada (confira aqui); vejamos o Voyage.

Mais “familiar” por ter porta-malas maior, o Voyage tem mais necessidade do câmbio automático. Com ele, parte de R$ 59.990, alinhado com os rivais. O valor inclui ar, direção e vidros elétricos dianteiros, não muito mais – como nos rivais. Rodas de liga, retrovisores elétricos, ajuste da direção (altura e profundidade), faróis de neblina, sensor de estacionamento, luzes de leitura, chave canivete e outros vêm no pacote Urban, de R$ 3.000, enquanto a central multimídia custa R$ 2.000, elevando o preço para R$ 64.990.

O facelift que Gol/Voyage ganharam já é a terceira plástica dessa geração, e seu interior é aquele mesmo que se “sofisticou” há anos, quando o Polo/Virtus não estava nos planos (por isso o acabamento é até melhor em alguns pontos). Mas estamos falando do segmento de entrada, então tudo é de plástico duro (porém bem feito). Há falhas de ergonomia: a alavanca de câmbio é baixa e não há apoio para o pé esquerdo.

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Da atuação, porém, não há o que criticar. A caixa de seis marchas e privilegia consumo, adiantando as trocas. Se quiser esportividade, use o modo S (Sport), que estica as marchas, ou ative o modo Manual – com trocas pelas borboletas no volante ou usando a própria alavanca. Mas ele não é 100% obediente: em caso de kick-down, reduz; e se estica demais, sobe. Ainda é possível interferir a qualquer hora: bom pra adiantar reduções (próximo a curvas) ou inibi-las (retomadas suaves). A atuação no freio-motor também é bastante acertada.

Na cidade, as saídas deveriam ser um pouco mais suaves, mas a agilidade é boa e se trabalha com a terceira e a quarta marchas sem ficar subindo de giro. A 60 km/h com pé leve, a sexta já entra, e fica fácil marcar médias de 10 a 11 km/l (gasolina) mesmo com trânsito. Na estrada, andando a 120 km/h, são 2.600 rpm e mal se ouve o motor (mas o ruído de pneus e vento é alto). O consumo fica acima de 17 km/l, digno de elogios – assim como retomadas e acelerações. Afinal, o câmbio é associado ao elástico 1.6 16V MSI de 120 cv (não ao velho EA111). Junto com o baixo peso, faz o Voyage andar mais que muito sedã 2.0. No mais, as suspensões são firmes , boas de curva e ao mesmo robustas. A direção, apesar do velho esquema hidráulico, ainda é precisa.

Se o irmão maior Virtus continuasse com câmbio automático só na versão 200 TSI, esse posicionamento faria mais sentido. Afinal, por pouco mais de R$ 1.500 adicionais você compra um Virtus Automático com a mesma mecânica – porém “pelado”, pois equiparado em equipamentos fica R$ 5.000 mais caro. Se você pode pagar, vale pelo que ganha em segurança e espaço. Mas se você quer um sedã da marca e seu limite é R$ 65.000, pode ser melhor comprar esse Voyage completinho que um Virtus basicão.


Ficha técnica:

Volkswagen Voyage 1.6 Automático

Preço básico: R$ 59.990
Carro avaliado: R$ 64.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.6, 16V, comando variável
Cilindrada: 1598 cm3
Combustível: flex
Potência: 110 cv (g) e 120 cv a 5.750 rpm (e)
Torque: 15,8 kgfm (g) e 16,8 kgfm (e) a 4.000 rpm
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: hidráulica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,218 m (c), 1,656 m (l), 1,464 m (a)
Entre-eixos: 2,467 m
Pneus: 195/55 R15 (opcional)
Porta-malas: 480 litros
Tanque: 55 litros
Peso: 1.058 kg
0-100 km/h: 10s8 (g) e 10s2 (e)
Velocidade máxima: 184 km/h (g) e 190 km/h (e)
Consumo cidade: 11,1 km/l (g) e 8,0 km/l (e)
Consumo estrada: 14,3 km/l (g) e 10,1 km/l (e)
Emissão de CO²: 108 g/km
Nota do Inmetro: B
Classificação na categoria: C (Médio)