Para quem compra carro de olho no custo/benefício, o Hyundai HB20X é o carro da hora entre os chamados “aventureiros”, que são versões topo de linha com levíssimas pitadas de off road. Com suspensão elevada, o motor mais potente e a melhor relação peso-potência da categoria, o compacto coreano foi eleito a Compra do Ano 2015. Todavia, o HB20X restringe seu lado “aventureiro” a detalhes em preto nos para-choques, nas caixas de rodas e nas portas. Uma coisa que realmente me agradou no HB20X foi a suspensão levantada e um pouco mais dura do que a das versões normais. São 205 milímetros de vão livre do solo, contra 165 milímetros das demais configurações.


Os bancos de couro fazem parte do pacote de série do Hyundai HB20X. O espaço atrás está no padrão de outros carros compactos. O visual é bem discreto

Esses 40 milímetros deixaram o carro bem ágil em pisos irregulares e me deram mais confiança para atravessar algumas áreas alagadas das ruas paulistanas em um dia de bastante chuva. Os pneus 195/65 R15 não são de uso misto, mas na cidade isso não fez diferença. Pênalti mesmo é o câmbio automático de apenas quatro marchas, insuficiente para seu porte. A central multimídia touch screen com TV digital, tela de 7 polegadas e reprodutor de vídeos e fotos é a novidade da linha 2015. Gostei do sistema, mas o rádio me incomodou, pois falhou em várias ocasiões. O navegador BlueNav também é útil para rodar numa cidade grande, mas senti grande falta de um simples termômetro.


O painel é um ponto forte do HB20X. O quadro de instrumentos traz conta-giros e velocímetro bem visíveis, a tela multimídia é novidade na linha 2015, o controle do ar-condicionado é simples, o câmbio tem apenas quatro marchas e as rodas são aro 15

Raras são as versões aventureiras que acrescentam equipamentos ou mesmo detalhes visuais para diferenciá-las – e o HB20X segue na mesma toada. Devido a isso, seu interior é meio sem graça. Tive a comprovação de que o HB20X é um campeão em custo/benefício em sua categoria, mas esse é o tipo de carro que eu dificilmente compraria. Assim como provavelmente não compraria nenhum dos seus concorrentes. Questão de filosofia. Acho que levantar a suspensão e/ou introduzir alguns apliques de plástico é muito pouco para caracterizar um veículo pronto para a aventura. A configuração Premium com Blue MediaTV, BlueNav, câmbio automático e bancos de couro sai por R$ 62.035. Colocando uns R$ 8.000 a mais eu conseguiria comprar um desses novos crossovers que estão chegando ao mercado.

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Ficha técnica

HB20X 1.6 Premium Automático

Motor: 4 cilindros em linha, 16V
Cilindrada: 1591 cm3
Combustível: flex Potência: 122 cv a 6.000 rpm (g) e 128 cv a 6.000 rpm (e)
Torque: 16,0 kgfm a 4.500 rpm (g) e 16,5 kgfm a 5.000 rpm (e)
Câmbio: automático, quatro marchas
Tração: dianteira
Direção: hidráulica
Dimensões: 3,940 m (c), 1,710 m (l), 1,540 m (a)
Entre-eixos: 2,500 m
Pneus: 195/65 R15
Porta malas: 300 litros
Tanque: 50 litros
Peso: 1.058 kg 0-100 km/h: 12s0 (g) e 11s5 (e)
Velocidade máxima: 172 km/h (g) e 174 km/h (e)
Autonomia cidade: 9,9 km/l (g) e 7,0 km/l (e)
Autonomia estrada: 11,7 km/l (g) e 8,3 km/l (e)
Nota do Inmetro: D (categoria compacto)

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Contraponto

Por Rafael Poci Déa

Estes carros com estilo aventureiro me causam arrepios na espinha e já deixo claro que não compraria um carro “fantasiado” de fora de estrada. Na minha opinião, o HB20 não precisava dessa versão X. É puro preconceito meu, admito. Tirando os apliques de plástico na carroceria, o HB20X é agradável ao volante, assim como as demais versões da gama equipadas com o motor 1.6. Esse propulsor oferece uma boa dose de força em giros baixos, mas o câmbio automático de quatro velocidades tira o brilho, pois essa caixa demora a responder, principalmente nas reduções. Também me incomodou as suspensões traseiras, que, dependendo do piso, “bate seco” na fase de compressão da mola. Já no interior, os bancos poderiam ter abas laterais mais pronunciadas. E a central multimídia com TV digital – embora bem intuitiva de usar – não me arrancou sorrisos. Desculpa, Hyundai e proprietários, mas, mesmo com suas qualidades, o HB20X não me cativa, da mesma forma que os seus concorrentes aventureiros. Gosto é gosto, não é mesmo?