Até pouco tempo atrás, o Nissan March era o único “oriental” no segmento de entrada. Agora, ele tem a companhia do Toyota Etios e do Hyundai HB20. São três opções interessantes, mas o Hyundai nacional aposta na extensa lista de itens de série (cofinra na tabela) e na garantia de cinco anos – a Toyota e a Nissan oferecem três anos. O March SR, com motor 1.6, tem preço de R$ 38.690, enquanto o Etios XLS 1.5 custa a partir de R$ 42.790 e o HB 1.6 R$ 44.995 (o automático sai por R$ 47.995). 

O desenho do HB20 é mais arrojado, já o do Etios é mais conservador. Comercializado também nos mercados asiático e indiano, para cá, teve modifi cações na grade dianteira e nos parachoques. “Optamos pela simplicidade, que elimina os excessos”, comenta Akio Nishimura, engenheiro-chefe mundial do projeto. O mais “simpático” – não necessariamente o mais bonito, porque isso é questão de gosto – é o Nissan March com suas linhas delicadas.

Com o maior comprimento, o HB20 é quem melhor trata seus ocupantes. É grande a sensação de amplitude e quem viaja atrás encontra bom espaço para pernas e joelhos. O Hyundai oferece ainda o maior porta-malas. A qualidade do acabamento impressiona e a ergonomia é auxiliada pelo banco do motorista com ajuste de altura (inexistente no Etios) e pelo volante também com regulagem de altura e profundidade, uma exclusividade neste embate. Destaque para o painel de instrumentos e para o sistema “Cluster Ionizer”, que esteriliza e desodoriza o ar da cabine. O pênalti fi ca para o revestimento de tecido só nas portas dianteiras – atrás são totalmente de plástico.

No Etios, o acabamento é extremamente simplório, abaixo do padrão de qualidade Toyota com o qual o consumidor se acostumou. O painel centralizado é uma clara solução para reduzir custos (na Índia, o volante é do lado direito). O mostrador do nível de combustível e do hodômetro é ínfimo e péssimo de visualizar. Os bancos poderiam abraçar melhor o corpo e os cintos de segurança não têm ajuste. Embora o porta-luvas tenha um ótimo espaço, o acesso não é dos melhores. O Nissan peca pela falta de atenção aos detalhes: há parafusos à mostra e os comandos do ar-condicionado revelam fragilidade.

O Hyundai tem o motor mais potente com etanol e também o maior torque, o que beneficia as acelerações e retomadas, principalmente, de quarta para terceira. Há força em baixos giros e o câmbio manual de cinco marchas tem engates precisos – o March leva vantagem pelo acionamento mais suave. O pequeno Nissan somente “acorda” acima das 3.500 rpm. Mesmo assim, não desagrada. Já o Etios é o único com um motor de 1,5 litro e, apesar do desempenho bastante comedido, cumpre a sua proposta.

As suspensões do HB20 estão bem acertadas para o nosso piso. São firmes sem descuidar do conforto e ajudam a contornar as curvas com segurança – mesmo acima da velocidade “recomendada”. Ponto positivo também para o Etios, que absorve as irregularidades muito bem. De acordo com a marca, o Etios vendido aqui tem 15% mais reforços, comparado ao indiano. Somente o March poderia ser mais firme e isso cooperaria para o seu comportamento dinâmico. A carroceria mostra tendência a rolar um pouco a mais nas curvas. Em contrapartida, o Nissan traz a direção com assistência elétrica de série, item opcional no Etios e não existente no HB (hidráulica).

O HB20 tem seus superlativos, comparado ao Etios e ao March. E seu sucesso já parece certo. Agora, verdade seja dita: para ameaçar os líderes Gol e Uno, a Hyundai terá uma missão a cumprir: aumentar a capacidade da fábrica de Piracicaba (SP). Enquanto isso não acontecer, o topo do mercado será um sonho.