“Sportage contra SW4? O que os dois têm em comum?”, perguntou um amigo ao saber deste comparativo. Bem, embora tenham pesos e medidas diferentes, eles são as mais novas dentre pouquíssimas opções com motor bicombustível no segmento. Um belo diferencial diante de concorrentes como Chevrolet Captiva, VW Tiguan, Mitsubishi ASX e o recém-atualizado Honda CR-V. Agora, entre o Kia e o Toyota, qual das novidades oferece mais por menos?

Foi-se o tempo em que havia preconceito contra os carros coreanos. Hoje eles estão com a corda toda: cada vez mais, como se vê aqui, desafiam modelos tradicionais, sejam japoneses, como esse SW4, sejam de outras nacionalidades. Neste caso, os SUVs têm preços praticamente idênticos, mas o Sportage topo de linha compensa o menor tamanho com um bom pacote de equipamentos e um visual mais arrojado, enquanto a SW4 Flex, vendida em versão única, tem um pacote bem limitado (mais detalhes na tabela de equipamentos).

No SW4, a lista de equipamentos é limitada e os bancos tem tecido simples e de cor clara. O antiquado câmbio de quatro marchas não têm a opção de trocas sequenciais

Dirigir um Sportage é como estar em um sedã médio. Construído sobre a mesma plataforma do irmão Hyundai ix35, ele tem um bom acabamento, se comparardo ao SW4, um rodar suave e uma série de mimos para os ocupantes. Um dos destaques em conforto é a direção com assistência elétrica, que deixa o carro bastante leve em manobras – o SW4 ainda usa o sistema hidráulico progressivo, e tem a direção pesada. Além disso, o assoalho traseiro praticamente plano beneficia o espaço para as pernas do terceiro ocupante. E, com o recente “tapa” no visual, o Toyota manteve seus ares de robustez. Se o SUV coreano ganha no “recheio de série”, o Toyota dá um show à parte quando o assunto é espaço interno.

Com dimensões maiores, os até cinco ocupantes podem viajar com mais folga e espaço no porta-malas. Os mais baixinhos, porém, encontram dificuldade para entrar, por causa da maior altura em relação ao solo. Sorte que há alças para facilitar essa tarefa. Mesmo assim, por dentro, o SW4 é antiquado e demasiadamente simples, quando comparado ao Sportage. Os bancos forrados de tecido bege, além de destacar a sujeira, contrastam com as peças pintadas de cinza e preto. O painel exibe uma grafia simples e uma iluminação branca que “briga” com o console central iluminado por lâmpadas verdes – como as usadas nos carros da década de 80. Nenhum dos modelos traz freio de estacionamento elétrico, e ambos têm regulagem smente da altura da coluna de direção. Outro ponto negativo do SW4 é o estepe na parte de fora, que facilita a ação dos ladrões.

No SW4, a lista de equipamentos é limitada e os bancos tem tecido simples e de cor clara. O antiquado câmbio de quatro marchas não têm a opção de trocas sequenciais

Voltando às novidades mecânicas, os dois modelos acabam de ganhar motor flex, mas o Sportage leva vantagem por ter uma unidade mais silenciosa e de baixa vibração. No SW4, há muito ruído e o funcionamento é um tanto áspero. Dependendo da região do País, é possível encher o tanque com cerca de R$ 80. Mas não espere por muita autonomia. A média de consumo com etanol, em ambos os modelos, não passou de 6 km/l em trajeto misto (cidade e estrada). O 2.0 da Kia pode até ser mais potente que o 2.7 do Toyota, mas a impressão que fica, nos dois, é a de falta de fôlego, principalmente nas retomadas. Você acelera fundo, a marcha é reduzida, mas o desempenho é apenas suficiente.

HÁ UM PREÇO A PAGAR PELO ESPAÇO EXTRA QUE O TOYOTA SW4 OFERECE: SUA LISTA DE EQUIPAMENTOS É MUITO MAIS LIMITADA E O CONFORTO AO RODAR É BEM MENOR

O SW4 oferece mais força e em rotações mais baixas, mas o Sportage compensa com a ágil transmissão automática de seis velocidades, contra a antiquada caixa de quatro marchas do rival – e ainda tem a opção de trocas manuais. Embora ambos usem suspensões independentes nas quatro rodas, o Sportage permite abusar um pouco mais nas curvas. Por conta da maior altura, além de menos estável, o SW4 ainda “pula” mais nas ruas esburacadas da cidade que o concorrente.

Preços iguais, mas visual e porte diferentes. Afinal, qual é a melhor compra? Se você tem um sítio ou trafega por estradas de terra, vá de SW4. Ele é projetado para encarar o tranco. Agora, se você quer somente um carro alto para desfilar no trânsito, opte pelo Sportage. Ele cuidará melhor de você e da sua família. O único inconveniente é o preço das suas peças; mesmo assim, oferece cinco anos de garantia, contra os três do SW4.