18/06/2021 - 9:00
Acabo de ver, em um grupo de Facebook, um consumidor da Honda revoltado que pagam “tabela Fipe” no Civic dele, mas, ainda assim, vai precisar “completar” com R$ 40 mil para levar uma versão EXL 2021, vendido por R$ 142.500 na concessionária onde ele foi (provavelmente no estado de São Paulo, que agora tem mais imposto, porque, na maior parte dos demais, seu preço de tabela é R$ 133.600). E o que isso tem a ver com o Honda City avaliado aqui? Já chego lá.
MUDANÇAS NA GAMA HONDA
Como mostrei aqui no Blog Sobre Rodas há quatro meses, um novo Honda Civic 2022 já nasceu nos EUA (veja aqui) com design controverso, e recomendei que, se você gostasse do atual, já era melhor garantir sua compra antes que fosse tarde demais. Agora, especula-se que esta nova geração possa nem ser fabricada, e sequer vendida no Brasil. Ela seria “substituída” pelo novo Honda City 2022, também de nova geração (veja aqui), que deve estrear no Brasil ainda este ano, acompanhada da versão hatch (leia aqui sobre a estratégia), que – tristeza –, pode aposentar o também novo e brilhante Honda Fit (leia a avaliação aqui).
Bem, como todos os zero-quilômetro (e também os usados), aquele Honda Civic que eu sugeri comprar – e ainda sugiro, pois é um dos melhores carros fabricados no Brasil hoje –, subiu de preço. Mas saiba que a versão topo de linha Touring, com motor 1.5 turbo, subiu de R$ 149.400 para R$ 157.400 (não-SP). E a básica LX, que há pouco se comprava por R$ 100 mil, agora custa R$ 115.500. Veja preços no site da Honda.
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DE VOLTA AO HONDA CITY
Mas, voltando ao Honda City, se você não pode (ou não quer) gastar bem mais de R$ 100 mil em um sedã, resta optar, caso goste da marca japonesa, por ele (ou, então, por seus rivais Chevrolet Onix Plus, em falta, Volkswagen Virtus (com longa fila de espera para a versão 1.0 turbo) Fiat Cronos, Hyundai HB20S, Nissan Versa, etc. – todos eles agora nesta “nova” faixa de preços, clique nos nomes para ler suas avaliações. É muito dinheiro para um sedãs compacto-médio? Sim, mas é a realidade atual do mercado.
E, pior ainda, em breve, você nem deverá achar um City neste preço – não só porque a tendência do mercado é que os preços continuem subindo devido à falta de componentes, mas, principalmente, porque o novo City chegará um pouco maior (com 4,55 m de comprimento, cerca de 10 cm a mais) e com nova mecânica (seja o 1.5 do Civic sem turbo, mais potente que este, com cerca de 130 cv, ou o 1.0 turbo de 122 cv da Tailândia). E, talvez sem o Civic para “brigar” com ele na concessionária Honda, seu preço deverá ficar bem salgado. Pode ser, então, a última “chance” de pagar R$ 100 mil em um Honda City – R$ 95.100 no EX ou R$ 101.200 no top de linha EXL, versões que mais recomendo.
É O QUE TEM PARA HOJE
O Honda não City não muda há alguns anos e não tem um design tão atual (embora atualizado por facelifts e com belas rodas aro 16) nem motor turbo como seus rivais mais novos citados acima. Mesmo assim, ainda é um carro com muitas qualidades para quem procura um sedã que é, acima de tudo, muito racional.
A começar pela cabine: o acabamento, apesar de a parte superior do painel ser de plástico duro, como virou regra nos rivais, os plásticos são de alta qualidade, agradando ao menos aos olhos, e tem muitas partes em “black piano”, com uma aparência de sofisticação maior que no Virtus ou Onix Plus, por exemplo. Os bancos dianteiros também são maiores que a média, com ótimo suporte e bastante confortáveis. Além disso, nas portas, a versão EXL, topo de linha, vem com bastante couro sintético – que parece melhor que no HR-V.
O ar-condicionado automático digital tem controle sensível ao toque ótimo, rápido e de fácil ajuste, e a lista de equipamentos inclui agora inclui seis airbags (quatro no ex), ESP, ajuste de altura do farol, e, novidades da linha 2021, espelho retrovisor interno antiofuscante e rebatimento elétrico dos retrovisores externos. Todos vêm com lanternas de LED, e nesta versão EXL ainda há faróis full-LED com excelente iluminação.
Por outro lado, o quadro de instrumentos decepciona bastante – com boa leitura, mas excessivamente simples e com um computador de bordo vergonhoso – o sistema multimídia tem um botão “físico” não giratório e uma interface, quando não se usa o Android Auto/Apple CarPlay, feia, embora até funcional. Ah, e faltam os porta-copos que o irmão de plataforma Fit oferece na frente das saídas de ar, assim como mais porta-objetos.
Em termos de espaço, a cabine é ampla não apenas para o motorista e o passageiro dianteiro, mas também para quem vai atrás, que também encontra um banco generoso e confortável. E o porta-malas está entre os maiores do mercado – são 536 litros, contando 51 litros abaixo do assoalho (mas falta um forro na parte superior).
AO VOLANTE
Ao volante, o Honda City ele está bem longe de ser o Civic que há pouco se podia comprar pelo mesmo valor, mas é bastante honesto. O motor 1.5 de até 116 cv tem anos de mercado, e se provou bastante confiável. Com sistema de variação de válvulas VTEC, é bastante elástico, e é combinado a um bom câmbio CVT.
O cenário onde o City se sai melhor é o urbano – daí o nome?. Neste tipo de uso, ele agrada pelas respostas suaves, tanto ao pedal do freio quanto ao do acelerador. Isso se deve também ao câmbio CVT, que permite fazer quase tudo trabalhando na faixa de 1.500 a 2.500 rpm. Dirigindo com calma, tem horas em que ele parece até turbo – mas, claro que quando você acelera mais, essa impressão logo vai embora.
Além disso, é muito boa a sensação e a economia de – sempre que se alivia o pé direito – o motor cair para pouco mais de 1.200 rpm. Além de garantir conforto e silêncio, essa característica do conjunto mecânico torna fácil chegar a médias na faixa de 10/11 km/l, com gasolina, na cidade (em trechos planos). Ainda no cenário urbano, a direção elétrica bastante leve é um dos outros destaques positivos do Honda City.
Isso não significa que o Honda City seja ruim na estrada. A direção fica um pouco leve, embora se destaque pela precisão, e o motor quatro cilindros 1.5 tem suas limitações de potência e torque, obviamente – mas, novamente, o câmbio CVT colabora para uma dirigibilidade bastante agradável. A relação longa permite circular a mais de 120 km/h sem passar muito de 2.000 rpm e com médias de consumo na faixa de 14/15 km/l.
Nas subidas, quando se acelera mais e a rotação do motor tende a subir demais devido às características do câmbio CVT, as aletas para trocas de marcha junto ao volante são muito bem-vindas. Basta um toque, a qualquer momento, para ele passar a atuar em uma das sete relações simuladas e baixar os giros, muitas vezes sem perder força.
Para uma dirigibilidade mais esportiva, há o modo Sport, que deixa as rotações sempre mais altas, na faixa de maior torque do motor (andando bem agressivamente, as médias de consumo ainda ficaram em bons 10 km/l, mas o ruído na cabine é alto, pois o isolamento acústico é deficiente). E a transmissão CVT ainda permite trocas totalmente manuais – basta colocar no modo Sport e acionar uma das aletas, e aí o motorista passa a ter controle total do câmbio.
CONCLUSÃO
Enfim, o Honda City atual pode não ser o mais moderno ou belo sedã do mercado, e fica devendo no quadro de instrumentos e no sistema multimídia, principalmente. Também não é o mais rápido ou o mais econômico, mas agrada pela suavidade, pelo bom consumo e pela cabine com bom espaço e acabamento. Por fim, considerando o panorama geral do mercado e as especulações sobre o futuro da linha Honda, com o provável encarecimento do Honda City, se você não faz questão de novidade, talvez seja melhor hora para garantir seu City sem preço de Civic.
FICHA TÉCNICA
Honda City EXL
Motor: quatro cilindros em linha 1.5, 16V, comando variável
Cilindrada: 1497 cm3
Combustível: flex
Potência: 115 cv (g) e 116 cv a 6.000 rpm (e)
Torque: 15,2 kgfm (g) e 15,3 kgfm a 4.800 rpm (e)
Câmbio: automático continuamente variável, modos S e M com sete marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensão: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,455 m (c), 1,695 m (l), 1,485m (a)
Entre-eixos: 2,600 m
Pneus: 185/55 R16
Porta-malas: 485+51 litros = 536 litros
Tanque: 46 litros
Peso: 1.121 kg
0-100 km/h: 11s3 (e)*
Velocidade máxima: 175 km/h (e)
Consumo cidade: 12,3 km/l (g) e 8,5 km/l (e)
Consumo estrada: 14,5 km/l (g) e 10,3 km/l (e)
Nota do Inmetro: B
Classificação na categoria: B (médio)
*medição MS
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