Duas tecnologias já comuns no carros vendidos no Brasil, uma delas disponível em vários modelos na faixa ainda pouco acima de R$ 100.000, poderiam ter evitado o recente atropelamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. Nessa tragédia, o motorista teve um ataque epilético ao dirigir na Avenida Atlântica e perdeu o controle do carro, atropelando 17 pessoas e matando um bebê.

O Jeep Compass é um dos carros com o recurso de segurança (em algumas versões)

O sistema mais comum que poderia ter evitado o acidente é a assistência de permanência na faixa, ou, em inglês, Lane Keeping Assist (LKA). Também é chamado, dependendo da marca, de Active Lane Assist, Lane Keeping Assist System e Lane Assist, entre outros nomes. É uma evolução do aviso de mudança de faixa  ou, em inglês, Lane Departure Warning (LDW), também chamado de Lane Departure Alert, LaneSense, etc.

A ilustração mostra o LKA ligado no carro de trás: o da frente, sem o sistema, vai para a contra-mão

A assistência de permanência na faixa funciona de modo bastante simples. Câmeras na frente do carro conseguem “enxergar” as ruas e estradas e “ver” as faixas de trânsito pintadas nessas vias. Ficam, então, monitorando o comportamento do carro – e podem, dependendo da configuração escolhida pelo motorista ou pelo fabricante até interferir no volante, “puxando” o carro de volta para a pista para recuperar sua trajetória.

No Brasil, o LKA está presente em diversos modelos de marcas de luxo como Audi, BMW, Mercedes-Benz, Jaguar e etc. Mas também é encontrado em modelos mais acessíveis, como os Jeep Compass e o Renegade, e os Ford Fusion e Focus, entre outros, seja como itens de série das versões mais caras ou como opcional.

No painel de instrumentos de um Mercedes-Benz, o alerta ao motorista de que saiu da faixa

Não posso dar certeza de que ele teria evitado a tragédia em Copacabana. Mas, quando o motorista apagou e perdeu o controle do carro, a tendência é que esse sistema “puxasse” o carro de volta à pista – até por se tratar de uma reta e com pinturas das faixas bastante claras, situação ideal para o funcionamento do sistema.  Assim, ele acabaria batendo em algum carro na própria Avenida Atlântica. E mesmo que o sistema não mantivesse o carro perfeitamente na faixa até bater em outro carro, sua simples atuação já poderia ter alterado a trajetória do veículo e, com um pouco de sorte, não teria acertado ninguém.

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Outra tecnologia, essa ainda um tanto rara no mercado nacional, é a frenagem automática de emergência, também conhecida por diversos nomes. Dependendo da marca, esse sistema pode detectar apenas outros carros e obstáculos ou então até mesmo pedestres. A versão mais simples é oferecida em carros como o Ford Focus, enquanto a mais sofisticada está restrita a marcas de luxo, como Volvo e Mercedes-Benz. Tivesse esse sistema, o carro teria freado sozinho e provavelmente salvado a vida do bebê e evitado todos os ferimentos graves nos demais atropelados.

O Hyundai i30 envolvido no acidente, como todo Hyundai vendido hoje no Brasil, não tem nenhum dos sistemas à disposição – embora o LKA seja oferecido em veículos da marca em outros mercados.

Claro que se o motorista não tivesse omitido do Detran sua condição o acidente também poderia não ter ocorrido. Mas quantas outras tragédias não acontecem por distração do motorista ou outro tipo de imprevisto e poderiam ser evitados com o uso dessas tecnologias?