A primeira versão mostrada à imprensa do novíssimo VW T-Cross foi a mais completa. Natural a marca mostrar primeiro o modelo mais sofisticado e com melhor desempenho. E embora o VW T-Cross Highline 250 TSI do qual tivemos rápidas primeiras impressões – leia aqui tenha se mostrado excepcional, ele não é perfeito, e o preço final é salgado.

Por mais de R$ 125.000 quando equipado com todos os opcionais, custa o quase o mesmo que SUVs médios como o Hyundai Tucson – e a própria Volkswagen tem o grandão Tiguan Allspace por R$ 128.990 (com mesmo motor do T-Cross, mas câmbio DSG). Mas, sem trocar compacto por médio “pelado”, pelo mesmo do T-Cross “top” você leva um SUV quase irresistível: o Jeep Renegade 4×4 a diesel. E então, T-Cross ou Renegade? Flex ou diesel? Vamos ver o que você ganha e perde em cada um.

PREÇOS E  EQUIPAMENTOS

O Volkswagen T-Cross Highline 250 TSI custa R$ 109.900 iniciais. Por enquanto é a única versão 1.4 TSI, os outros são todos 1.0 TSI de até 128 cv. Já vem bastante completo (confira todos os detalhes aqui), mas ainda tem três pacotes de opcionais sofisticados. Painel digital, Discover Media e seletor de modo de condução saem por
R$ 4.000. O teto panorâmico custa R$ 4.800 e o pacote com estacionamento semiautônomo, faróis full-LED e som “Beats”, R$ 6.050.
Total: R$ 124.750 (sem a pintura).

Já o Jeep Renegade Longitude 2.0 é a versão intermediária de acabamento, considerando também os Renegade Flex, porém a mais acessível com o 2.0 a diesel. Custa R$ 127.990, também sem pintura (ou verde). São apenas R$ 3.240 a mais do que custa o VW T-Cross, e isso sem opcionais… porque se você quiser alguns itens do Volks, terá que aumentar a diferença em R$ 6.080 (os faróis full -LED custam R$ 2.300 e os airbags extras, R$ 3.880).

Mesmo que você opte por não passar de R$ 128.000 e fique com o Jeep Renegade Longitude sem opcionais, na lista de equipamentos você terá algumas vantagens sobre o Volks – e também muitas outras desvantagens. Vou tentar resumi-las aqui.

Além das já citadas bolsas de ar adicionais e faróis mais eficientes, por esse valor só o Volks terá mimos como seletor de modo de condução (o rival tem o de terreno), painel de instrumentos 100% digital, chave presencial, estacionamento semiautônomo, (o ótimo) teto panorâmico, som Beats, retrovisores externos rebatíveis externamente e internos eletrocrômicos, faróis automáticos, sensor de chuva, porta-luvas climatizado, start-stop,  monitor de pressão de pneus, sensor de estacionamento dianteiro e indicador de fadiga.

Já quem optar pelo Jeep terá como vantagens detalhes pouco importantes como luz traseira de neblina e alças de segurança no teto (PQP), além de itens mais significativos, como rodas maiores, com aro 18 (17 no Volks), ar-condicionado de duas zonas e um item de tem conf que faz bastante falta no T-Cross: o freio de estacionamento elétrico (e com acionamento automático).

Olhando só para preços e equipamentos, portanto, a vantagem do Volks é grande. Mas, primeiro, se você puder pagar mais, há a versão Trailhawk, de R$ 149.990, que tem boa parte dos itens que a Longitude fica devendo ao T-Cross Highline. E, segundo – e mais importante –, há muita outras vantagens no Jeep Renegade, que vão além dos equipamentos. Vamos lá.

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POWERTRAIN

O Volkswagen T-Cross Highline 250 TSI impressiona com o desempenho proporcionado pelo motor 1.4 turboflex de 150 cv – o mesmo do Golf – aliado à boa caixa automática de seis marchas. Em desempenho, deixa (bem) para trás seus rivais diretos na faixa de R$ 110.000.

Mas, quando enfrenta o Jeep Renegade Longitude com seu 2.0 turbodiesel de 170 cv, a coisa muda de figura. Aliado a uma caixa de nove marchas, o motor do Jeep ganha não só na potência, mas também no torque – por mais de 10 “quilos”. Assim, mesmo o Renegade sendo mais pesado, anda próximo do Volks. Veja os detalhes na tabela abaixo.

T-Cross 250 TSIRenegade 2.0
Potência máxima150 cv170 cv
Torque máximo e rotação25,5 kgfm a 1.500 rpm35,7 kgfm a 1.750 rpm
Peso/potência8,6 kg/cv9,7 kg/cv
Peso/torque50,7 kg/kgfm46 kg/kgfm
0-100 km/h8,7 segundos9,9 segundos
Velocidade Máxima198 km/h190 km/h

 

CONSUMO

No consumo de combustível, como você vê abaixo, o T-Cross tem números melhores (dados do Inmetro), mas aí é preciso fazer as contas de acordo com sua região, pois o preço dos combustíveis varia bastante no País.

Em São Paulo, com os preços atuais, o gasto total acaba equivalente. Mas é importante observar que, na prática, conseguimos números muito próximos andando de Renegade a diesel e de T-Cross com gasolina no tanque. E como diesel é um combustível mais barato, acabamos gastando menos no Jeep. 

T-Cross 250 TSI (g/e)Renegade 2.0 (d)
consumo urbano11/7,79,4
consumo rodoviário13,2/9,311,5

 

CABINE

Se o Jeep Renegade sempre sofreu algumas críticas por não estar entre os SUVs mais espaçosos, o VW T-Cross também não se destaca nesse ponto. Nas medidas externas, o VW T-Cross é de fato menor que o Jeep. Vamos aos números:

T-CrossRenegade Longitude
Comprimento4,199 m4,232 m
Largura1,751 m1,805 m
Altura1,570 m1,722 m
Entre-eixos2,651 m2,570 m
Porta-malas373 litros320 litros

 

Há dados que chamam a atenção. O Jeep Renegade é 15,2 cm mais alto que o VW T-Cross, o que resulta em um porte mais imponente e em uma posição de guiar mais alta, mais de um SUV legítimo, enquanto o VW T-Cross nesse ponto está mais para crossover (mistura de estilos). O Jeep também é ligeiramente mais longo e substancialmente – 5 cm –  mais largo.

Já o VW T-Cross leva vantagem de 8,1 cm no entre-eixos e de 53 litros no porta-malas. Na prática, no T-Cross os passageiros do banco traseiro tem um pouco mais de espaço para as pernas e dá para acomodar uma mochila média a mais – uma diferença pequena em relação ao Renegade (mesmo assim o bagageiro do T-Cross é considerado pequeno; Hyundai Creta, Honda HR-V e Kicks estão na faixa de 430 litros – capacidade que o T-Cross alcança com o uso da trava que deixa o encosto do banco traseiro vertical demais, bem ruim para quem viaja ali).

Essas desvantagens da cabine do Jeep são compensadas pelo acabamento: o Renegade tem interior  mais luxuoso que o do T-Cross, que é até meio espartano para sua categoria. Com materiais  de acabamento superiores, o Jeep também tem isolamento acústico melhor – não se ouve o motor, mesmo sendo a diesel.

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(galeria da versão Trailhawk)

AO VOLANTE

Apesar de muito bem ajustadas, as suspensões do T-Cross são menos macias e aparentaram ser menos robustas que as do Jeep, esse mais apto a um ”uso pesado”. Além disso, enquanto o T-Cross usa suspensão traseira com eixo de torção, as do Jeep são independentes, tipo multilink. Assim, apesar de mais alto e mais “SUV”, o Renegade tem comportamento ótimo nas curvas. A direção do Jeep Renegade é mais pesadinha também, casando mais com a imagem de mini-SUV.

Enfim, a sensação geral de dirigir no VW T-Cross é mais esportiva, de um carro mais “no chão”, de quem gosta mais de uma pegada de hatch, enquanto o Jeep Renegade entrega exatamente o que se espera de um SUV a diesel – maciez excessiva, capô no campo de visão, respostas um pouco mais lentas (parte disso vem da própria construção, da plataforma, e se reflete, inclusive, no peso maior).

(LEIA MAIS SOBRE O RENEGADE A DIESEL AQUI)

OFF-ROAD

Falando em mini-SUV, chegamos a um ponto que não importa para todos, mas, caso importe, passa a ser decisivo aqui. O VW T-Cross Highline 250 TSI é, assim como a maioria dos SUVs compactos, inclusive o Renegade Flex (leia aqui), um “SUV de shopping”. Tem vantagem para pular lombadas e valetas e alguma vantagem em estradinhas de terra batida, mas nenhuma aptidão off-road — e nem mesmo a possibilidade de uma versão 4×4.

Já o Jeep Renegade Longitude Diesel é um verdadeiro e legítimo SUV, com tração integral que distribui o torque entre as quatro rodas conforme a demanda. Tem bloqueio do 4×4, reduzida e seletor de terreno para encarar trilhas sem problemas. Ou seja, toda aquela fantasia de aventura que SUVs compactos como o VW T-Cross apenas vendem, o Jeep Renegade 2.0 entrega. É um off-road de verdade.

ESTILO

Essa imagem de SUV de verdade também fica claramente destacada no estilo do Jeep Renegade, com seus faróis redondos e sua grade que remete ao clássico Willys. Já o rival T-Cross adota um visual mais  moderno-esportivo-crossover, que não tem um pingo do charme. Questão de gosto, e pelo gosto do Blog Sobre Rodas o Jeep ganha de lavada.

VEREDICTO

Então, por R$ 125.000, vale a pena comprar um VW T-Cross Highline 250 TSI ou melhor ficar com o Jeep Renegade Longitude 2.0? Gasolina ou diesel?

Bem, não há como negar que o T-Cross “completão” oferece uma dirigibilidade exemplar e uma série de itens bastante atraentes, que o rival ou não tem ou pelos quais ainda cobraria mais dinheiro, seja como opcionais ou na versão Trailhawk.

Por menos de R$ 130.000, este Blog abriria mão dessas sofisticações e investiria no SUV com a verdadeira alma de SUV, com o estilo mais charmoso, capaz de enfrentar aventuras de verdade — clique aqui para ver a que fizemos com o Jeep Renegade a diesel e o Compass no Jalapão. O Blog Sobre Rodas fica o Jeep Renegade 2.0. E você?