15/04/2022 - 9:30
A nova edição especial de carros elétricos e híbridos da MOTOR SHOW mostra um novo mundo (leia mais aqui). Ele às vezes parece até mágico, alimentado por jornalistas empolgados, muita propaganda e atuações de políticos.
Montadoras querem que consumidores amem elétricos, e respondem ao problema da autonomia/recarga com baterias que se carregam em 15, 30 minutos – se houverem carregadores caríssimos, e em número suficiente, para uma frota que políticos europeus, por exemplo, sonham em forçar a chegar a 100% de domínio dos elétricos na frota zero-quilômetro já em 2035.
Falam em emissão zero – mas só no escape. Na cidade, de fato são vantajosos para a qualidade do ar e a saúde pública. Mas a extração de lítio e terras raras para baterias tem grande impacto ambiental.
Baterias, aliás, que usam quantidade enorme de matéria prima e são caras de fazer, em processos que emitem muito CO2 e poluentes. Que tornam os elétricos mais pesados, reduzindo sua eficiência. Que têm oito anos ou 100, 160 mil quilômetros de garantia, e depois… Como se descartam ou se reciclam?
Não se sabe nem como esses carros estarão após anos uso, com baterias no fim de vida. Consumidores na Europa e nos Estados Unidos já relatam que trocá-las ou consertá-las custa mais do que vale o carro no mercado de usados, transformando-o em “sucata”.
E, ainda sobre baterias, a Tesla, devido a alta no preço do níquel, por aumento da demanda, trocará, em alguns mercados e modelos, as de íons de lítio pelas de fosfato de ferro-lítio, tecnologia usada em modelos baratos.
Ainda há a questão energética. Na Espanha, consumidores reclamam nas redes sociais que a energia elétrica subiu 300% nos últimos anos. Na Itália, nossa parceira Quattroruote mostrou em grande reportagem que a demanda de energia elétrica por automóveis já está no limite da capacidade, e não haverá energia suficiente para todos.
Na Alemanha, Polônia e outros países, a maior parte da eletricidade vem do carvão, anulando em grande parte os benefícios dos carro elétricos. Por fim, os CEOs da Volkswagen e da Stellantis disseram que, basicamente, os políticos não entendem do assunto e as metas são irrealistas.
Enfim, este admirável mundo novo dos carros elétricos não é exatamente o que tentam vender hoje. Baterias “revolucionárias” são prometidas há tempos, mas ainda não há nada de concreto.
O carro elétrico já é realidade, e, ao mesmo tempo, ainda é um sonho. Uma possibilidade de evolução está nos elétricos a hidrogênio – nos quais marcas como Toyota e Mercedes-Benz sempre acreditaram mais (acabaram “forçadas” pelo mercado a investir em modelos a bateria).
São aqueles a célula de combustível, como Toyota Mirai (leia aqui a avaliação) e Hyundai Nexo, vendidos em poucas regiões, caros e que demandam infraestrutura de abastecimento.
Outra célula de combustível mais promissora, a SOFC, faz do etanol disponível em qualquer posto fonte do hidrogênio para alimentar o motor elétrico. É desenvolvida por Nissan e Ipen, no Japão e no Brasil. Pode ser a virada de página da qual os elétricos precisam?
Flávio Silveira | Editor da revista MOTOR SHOW
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