Não será fácil convencer os chineses  a abrir mão da Volks, que praticamente motorizou a China. Mas a Fiat não tem medo da briga e vai tentar conquistar espaço no país com o sedã Viaggio, seu primeiro modelo produzido em larga escala por lá. Um carro que nasce sobre a plataforma mais moderna do grupo Fiat-Chrysler, desenvolvido nos EUA, partindo da Alfa Giulietta. E nem poderia ser diferente na China do terceiro milênio. Hoje, eles podem e querem ter o melhor. Fomos a Xangai para avaliar o novo modelo. É lá que o Viaggio – assim como fazem VW Lavida, Ford Focus e Chevrolet Cruze – vai tentar pescar jovens de classe média alta que estão à procura de seu primeiro carro.

Mais fácil dizer do que fazer. “Primeiro precisamos criar confiabilidade nesse mercado, já que somos internacionalmente conhecidos como produtores de carros pequenos”, conta Massimo Roserba, responsável de vendas e marketing da divisão Fiat Apac (Asia Pacific). “Para mudar a imagem, usamos o Fiat 500, como o terceiro ou quarto carro chique da família; e o Freemont, como mostra de que podemos fazer veículos grandes”, conclui. As vendas foram pífias, como se esperava, mas serviram para construir a imagem que ajudará a impulsionar o Viaggio, com produção estimada em 130 mil unidades/ano (200 mil em 2014, quando chegar o dois volumes).

A bordo do modelo, a posição de dirigir é ótima, mas a primeira surpresa foi com o volante: na saída do hotel, parecia bem macio – macio demais, na verdade. Mas na primeira volta na estrada, já se mostrava correto, preciso e com a progressividade muito próxima a de um esterço hidráulico, apesar de elétrico. “Há uma série de controles ativos que nas primeiras gerações eram simples e rudimentares”, explica Marco Vassallo, responsável pelo desenvolvimento de produto segmento B/C na Fiat-Chrysler Apac. Sob o capô, um motor 1.4 turbo com 150 cv (há uma opção de 120 cv) acoplado a uma transmissão de dupla embreagem como a da Giulietta, mas menos esportiva. O objetivo aqui é conforto: as passagens são macias, mas, quando se aperta fundo o acelerador, a troca é rápida e precisa. A única questão aparece quando se está a 130 km/h e o contagiros marca 3.500 rpm, evidenciando a necessidade de uma sexta marcha mais longa.

O ruído na cabine é contido por 38 quilos de material antirruído e vibrações. Mas a validade de uma boa base se sente no comportamento dinâmico. E, aqui, o Viaggio se sai muito bem e agrada. Apesar da suspensão traseira simplificada com relação à da Giulietta e do Dodge Dart (braços múltiplos foram trocados pelo eixo de torção), o carro é seguro nas entradas de curva e com pouquíssimo balanço lateral, fazendo você se sentir bastante confiante, até mesmo no imprevisível tráfego chinês.

A Fiat não confirma o carro para o Brasil – assim como também não confirmava o Freemont quando soubemos e noticiamos, em primeira mão, que o modelo seria vendido aqui. Mas segundo nossas fontes, ele será sim produzido aqui para brigar com Civic, Corolla e cia. a partir de 2014. Nesse momento, o Linea será aposentado ou reposicionado para brigar um degrau abaixo, com Honda City e seus oponentes.