A fábrica da montadora chinesa de carros elétricos BYD na Bahia estará em “pleno funcionamento” até dezembro do ano que vem, depois que as obras na instalação atrasaram devido à investigação sobre violações de legislação trabalhista, disse o secretário estadual do Trabalho da Bahia, Augusto Vasconcelos, nesta segunda-feira, 12.

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Até o final deste ano, a fábrica da BYD em Camaçari deve começar a produzir carros a partir de kits semiacabados, acrescentou.

“Um novo cronograma está sendo estabelecido para que até dezembro de 2026 a fábrica esteja em pleno funcionamento, com a expectativa de gerar cerca de 10.000 postos de trabalho”, disse Vasconcelos em vídeo publicado em rede social, citando uma reunião com a empresa na quinta-feira passada.

A notícia chega no momento em que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, viaja pela China com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir planos para a BYD e a indústria automotiva, disse Vasconcelos.

Em nota, a BYD afirma que “reafirma seu compromisso com a reindustrialização de Camaçari e o desenvolvimento sustentável da região. Com investimento de R$5,5 bilhões, a fábrica terá capacidade inicial para entregar 150 mil veículos por ano”.

“A operação terá início com a montagem dos veículos em 2025, enquanto a planta avança para a produção completa, com nacionalização progressiva dos modelos mais vendidos no Brasil. A estimativa é que sejam criados 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos ao longo do projeto, consolidando a planta baiana como o maior polo industrial da BYD fora da China”, conclui a empresa.

Brasil é estratégico para BYD

O investimento da BYD no Brasil – seu maior mercado fora da China – visa transformar uma antiga fábrica da Ford em um complexo de manufatura com capacidade para produzir 150 mil carros elétricos por ano. O projeto foi atingido em dezembro por acusações de trabalho escravo no canteiro de obras da instalação.

A aposta da empresa chinesa no Brasil inclui a aquisição de direitos de mineração em áreas ricas em lítio, um mineral comumente usado para produção de baterias.

A empresa afirmava que a fábrica começaria a produzir no início deste ano, mas os atrasos envolvendo a investigação trabalhista e fortes chuvas afetaram o cronograma, disse Julio Bonfim, chefe do sindicato dos metalúrgicos de Camaçari.

Para montar os veículos a partir dos kits importados da China, em regime de SKD, a BYD deve contratar cerca de 1.000 trabalhadores no Brasil este ano, disse Bonfim à Reuters, muito aquém dos 10.000 que a empresa chinesa prometeu inicialmente.

Novo cronograma

Apesar do atraso, Bonfim disse que o novo cronograma é uma boa notícia e que, no próximo ano, ele espera que as contratações aumentem à medida que a empresa se prepara para construir veículos inteiramente no país.

A indústria automotiva local, por meio da entidade Anfavea, tem criticado a produção de veículos no Brasil a partir dos chamados kits SKD ou CKD, em que partes dos veículos são produzidas no exterior e apenas a montagem dessas peças é executada no Brasil.

Em abril, o então presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, afirmou que se a produção em regime CKD ou SKD aumentar no Brasil “vai ter impacto em empregos e investimentos” do setor.