01/11/2010 - 0:00
Provavelmente este Classe C não será o carro mais procurado no estande da Mercedes. Em meio a supermáquinas como o SLS AMG, também na versão GT3 (leia boxe), entre outras, ele pode até não ser notado pelos que vão ao Salão para ver carros “de sonho”. Mas para os compradores de sedãs de mais de R$ 80 mil, que sonham com um sedã de luxo alemão, ele talvez seja o grande destaque.
Basicamente, trata-se do mesmo Classe C lançado em 2007 e que estampou nossa capa de julho (MS 328), na ocasião, comparado ao BMW 320. A grande novidade está no motor, o mesmo já usado no C 200 CGI, mas com alterações na eletrônica para ter menor potência e consumo. Por R$ 114.900, este novo C 180 CGI substitui o C 180 Kompressor, que sai de linha.
Enquanto o motor que se despede era um quatro cilindros 1.6 com compressor, o que chega tem o mesmo número de cilindros, mas é maior (1.8) e turbinado. Apesar de maior e mais moderno, sua potência foi limitada para os mesmos 156 cv do antigo, com o objetivo de manter o consumo baixo. O bom é que o torque máximo é maior (25,5 kgfm, contra 23,4 kgfm) – e com pico disponível em uma faixa maior de rotações (de 1.600 rpm a 4.200 rpm).
Além disso, ele tem injeção direta de gasolina, que, segundo a marca, reduz em 15% o consumo. Isso porque a mistura ar/combustível queimada nos cilindros pode ser mais “magra” com este tipo de injeção – ou seja, ele usa menos combustível com mais eficiência (o enxofre de nosso combustível atrapalha um pouco, e os números de consumo europeus mostrados na ficha técnica dificilmente serão alcançados aqui).
Mas o sobrenome BlueEFFICIENCY não diz respeito apenas à maior efi- ciência do motor, responsável por 4,7% da redução do consumo. Também reduziram o uso da gasolina: as mudanças aerodinâmicas (em 1,2%); a transmissão com diferencial mais longo (em 2,2%); o novo sistema de gerenciamento de energia, principalmente da direção hidráulica cuja polia é desabilitada quando não utilizada (2,4%); e os pneus com menor resistência à rolagem (1,6%).
Em um test-drive de mais de 400 quilômetros entre Ribeirão Preto e o sul de Minas Gerais, com sol e chuva forte, este Classe C mostrou que a Mercedes, mesmo em “populares” como este, não abre mão das qualidades que construíram sua imagem.
O motor quatro cilindros tem retomadas vigorosas, baixo ruído e desempenho surpreendente. As respostas do câmbio, em alguns momentos, poderiam ser mais rápidas (e as borboletas para trocas de marcha no volante também fazem falta).
Ele não tem sensor de chuva e seu som não tem entrada auxiliar, mas o controle de estabilidade e os airbags não foram dispensados e, nas estradas esburacadas, a suspensão mostrou uma eficiência quase inigualável, graças aos amortecedores que se ajustam às condições do solo, e ao acerto das suspensões – independentes nas quatro rodas -, que transformam em pura diversão as curvas mais ameaçadoras. Caro demais para seu tamanho? Não depois de rodar alguns quilômetros…
O indicador de consumo instantâneo ajuda a economizar, mas sente-se falta do sensor de chuva, da entrada auxiliar no som e de mais ajustes no banco