Era uma vez o Defender, um verdadeiro veículo fora de estrada, bruto e valente. E era uma vez o Range Rover, um verdadeiro carro de luxo britânico, com uma legião de fãs ricos e apaixonados. Entre esses extremos, se definiu todo o resto da linha de modelos da Land Rover. Primeiro veio o Discovery; depois nasceram o Freelander e o Range Rover Sport; e, finalmente, o Evoque. Foi justamente o enorme sucesso desse último que marcou uma mudança radical na estratégia da fabricante. Por causa dele, muita novidade vem por aí, e o Brasil deve fabricar parte delas (voltaremos a isso adiante).

Prepare-se para a chegada de coisas que nunca se viu saírem do QG da fabricante – o Evoque conversível, o mini-Evoque e o mini-Defender. Serão modelos mais destinados às baladas e centros urbanos do que às trilhas e montanhas; mais pensados para as mansões do que para as fazendas. Modernizar e rejuvenescer é a nova estratégia da Land Rover, mas isso não significa renunciar ao seu DNA, como frisa o diretor de design da marca, Gerry McGovern: “Nunca deixaremos de oferecer em nossos modelos a capacidade off-road; ela é a razão de ser dos nossos carros. É o que nossos clientes procuram. Mesmo que a maioria deles não a use, sabe que pode.” Assim, nenhuma das próximas novidades da marca abrirá mão da habilidade inquestionável de superar qualquer tipo de obstáculo.

O plano de produtos da Land Rover para os próximos cinco anos articula a linha de modelos em três grupos ou famílias de veículos. A primeira é formada pelos modelos “Range”, mais urbanos e chiques: Range Rover (no Brasil Range Rover Vogue) e Range Rover Sport, além do Evoque e suas futuras variantes – a mais bizarra sendo a versão conversível, antecipada no começo do ano passado sob a forma de um carro-conceito; e a mais interessante, a que chamamos de mini-Evoque, e ilustra a abertura desta reportagem. Embora o início de sua produção não tenha ainda sido aprovado, ele representa um desejo de McGovern e, dado o sucesso de seu irmão maior, deve se tornar realidade. Com cerca de quatro metros de comprimento – menor que um EcoSport –, será oferecido apenas com duas portas.

No extremo oposto da família “Range”, há os verdadeiros “utilitários”. Mesmo eles terão várias versões: o novo Defender terá uma com entre-eixos estendido e sete lugares e outra bem curta, para os jovens “descolados”. No meio desses dois grupos, teremos os carros de “alma dupla”, que equilibram da melhor forma visual moderno e dirigibilidade esportiva com qualidades fora de estrada de um Land Rover – o Freelander e o Discovery. A nova geração do primeiro chega no início de 2014, e terá também uma versão de sete lugares. O segundo, que oferece espaço para sete, a fim de não ser “canibalizado” pelo Freelander, ficará mais luxuoso e ganhará uma carroceria de alumínio.

O calendário deve ser o seguinte: no fim deste mês, provavelmente no Salão de Nova York, nos EUA, já veremos o novo Range Rover Sport. No Salão de Genebra, também este mês, o Evoque ganha uma transmissão automática de nove marchas. Em 2014, teremos o novo Freelander, sua versão com sete lugares e o Evoque Cabriolet; em 2015, o novo Discovery; em 2016, os novos Defender e mini-Evoque; e, em 2017, o mini-Defender e o Defender com entre-eixos estendido (equivalente ao 110).

Muitos fãs da marca devem estar indignados, se perguntando se a Land Rover enlouqueceu de vez ou se o sucesso do Evoque subiu à cabeça dos ingleses. Por trás dessa multiplicação de modelos, há bastante racionalidade. Analistas já preveem que sejam vendidos mais de 20 milhões de SUV e crossovers em todo o mundo até 2020. E a Land Rover quer garantir uma boa fatia desse bolo, por isso, partiu para a segmentação e para os nichos. E o Brasil nessa história? A fabricante inglesa já deixou claro ter sérias intenções de montar sua fábrica por aqui, e hoje estuda cuidadosamente o programa Inovar-Auto para viabilizá-la. Concretizando os planos, deve começar a produzir no País em 2015. Os modelos óbvios para nosso mercado seriam a nova geração do Freelander, o Evoque e o mini-Evoque (todos com a mesma plataforma), além de, possivelmente, o novo Defender. Ainda é cedo para falar em preços, mas o Freelander e o Defender devem ser os modelos de entrada, partindo de R$ 80/90 mil, enquanto o baby-Evoque deve custar cerca de R$ 110 mil, e o Evoque nacional deve ter preço na faixa dos R$ 140 mil.