Motor de seis cilindros e 7,2 litros, 400 cv de potência e suspensão retrabalhada. Embora a descrição lembre a de um carro esportivo, estamos falando de um caminhão: o Atego 1725 da Mercedes, que participou do 19° Rally Internacional dos Sertões, entre os dias 10 e 19 de agosto. Foram 4.026 km percorridos, de Goiânia (GO) a Fortaleza (CE). “É o mesmo veículo utilizado no ano passado, mas com melhorias”, explica Eustáquio Sirolli, gerente de marketing de produtos dos caminhões Mercedes-Benz.

Na edição deste ano, duas equipes participaram com o Atego 1725: a Salvini Racing (piloto Guido Salvini, navegador Flavio Bisi e copiloto Fernando Chweigert) e a Petrobras Lubrax (piloto André Azevedo, navegador Maykel Justo e mecânico Ronaldo Pinto). Em relação ao modelo de rua, ele teve a potência do motor elevada de 245 cv para 400 cv com mudança da unidade injetora, dos pistões, dos aneis, da camisa dos cilindros e da pressão do turbo. Um ronco encorpado soa pelo sistema de escapamento redimensionado ao dar a partida. Sinônimo de força bruta. Toda essa usina é alimentada com o diesel convencional, encontrado em qualquer posto do Brasil. “O consumo pode chegar de 1,2 km/l a 1,5 km/l na areia e até 4 km/l na terra”, diz André Azevedo.

À equerda, a versão “civil” do Atego 1725, um pacato caminhão de uso comercial antes da transformação para encarar o desa o do Sertões, que cruza regiões inóspitas no interior do País

Esse “monstro” de mais de sete toneladas pode chegar aos 171 km/h de velocidade máxima. O câmbio é o mesmo da Fórmula Truck, com relações alongadas e seis marchas. Além de melhorar a dirigibilidade, a troca favoreceu a durabilidade do conjunto. “É um rali muito difícil e temos que ser consistentes, por isso precisamos preservar ao máximo o equipamento”, conta Guido Salvini.

Enquanto no caminhão da Salvini Racing a suspensão recebeu batentes hidráulicos na dianteira e novos amortecedores atrás, o Atego do time Petrobras Lubrax foi equipado ainda com novos amortecedores e as quatro lâminas da traseira foram recalibradas. “A tendência é de que o caminhão sempre pouse de frente após um salto”, explica André Azevedo. Os amortecedores são reforçados para aguentar esse uso severo. “É o mesmo conjunto utilizado no rali Dakar e traz dez ajustes. Anteriormente, usávamos os originais, mas era como andar em uma gangorra”, diz Ronaldo Pinto, mecânico da equipe. Os pneus são originais. Já a escolha pela banda de rodagem dupla na traseira aumentou a segurança e a estabilidade. “Em 2010, usamos apenas um pneu de cada lado. Com os dois, caso ocorra um furo, não temos que parar e perder seis minutos para realizar a troca”, diz Guido Salvini.

Em trechos esburacados, a suspensão reforçada e recalibrada: garantia e ciência e resistência ao conjunto. Ao lado, a equipe Petrobras Lubrax

Internamente, todo o acabamento da boleia foi removido e recebeu uma gaiola de proteção. O mínimo de conforto é proporcionado pelo potente ar-condicionado para aliviar o calor que, mesmo fora da cabine, pode passar dos 40°C em alguns dos trechos percorridos. Além disso, toda a suspensão da cabine recebeu um novo projeto para favorecer a estabilidade e a durabilidade dos componentes. “É um conjunto que suportaria tranquilamente o rali Dakar”, naliza o experiente André Azevedo.