Brigando com modelos de entrada, o Clio tinha vantagens e desvantagens. Preço e conforto eram, segundo os consumidores, os principais motivos de compra do popular da Renault. Seus pontos fracos apareciam no design e no consumo e, não por acaso, o modelo evoluiu exatamente nessa direção: inaugurou no Brasil a nova identidade visual da marca – que, em breve, poderá ser vista no Fluence, no Sandero e no Duster – e recebeu evoluções que o transformaram no carro mais econômico do Brasil, segundo o Inmetro. Para oferecer mais desempenho gastando menos, o propulsor 1.0 Hi-Flex teve a taxa de compressão aumentada (10:1 para 12:1) e uma série de mudanças feitas para aumentar a eficiência e a durabilidade.

Na unidade retrabalhada, que ganhou o nome Hi-Power, são novas as bielas (as mesmas do motor 1.2 16V turbo), os pistões (com aplicação de grafite para diminuição do atrito e resfriamento com jato de óleo), a bomba de óleo, as bronzinas, a junta do cabeçote, o coletor de admissão e o corpo de borboleta (com um quinto injetor). Além disso, houve a adoção de um sensor de posicionamento de abertura da borboleta de entrada de ar e um sensor de fase no comando de válvula. Fora o propulsor, a engenharia trabalhou para deixar o carro mais leve, adotou pneus verdes e alterou a relação de marcha.

Todas essas mudanças renderam ao motor do Clio um leve aumento de potência (agora são 80 cv com etanol e 77 cv com gasolina) e, principalmente, uma maior suavidade de operação. O motor parece mais redondo e bem acertado e a relação mais longa do câmbio não chega a ser um incômodo. O carro manteve suas características de agilidade urbana. Para o bolso, a boa notícia está nos números de consumo – é possível rodar até 15,8 quilômetros com um litro de gasolina na estrada – e no posicionamento de preço. “Tínhamos que melhorar os pontos fracos sem perder nossas qualidades. Por isso, manter um preço atraente era muito importante”, afirmou Frédéric Posez, diretor de marketing da Renault do Brasil.

O novo modelo parte de atraentes R$ 23.290 na versão duas portas (já com computador de bordo e econômetro) e chega a R$ 24.950 na quatro portas. É preciso pagar mais pelo ar-condicionado (R$ 2.500) e pela direção hidráulica (R$ 1.100). Airbag e ABS, porém, não são oferecidos nem mesmo como opcionais. “Fazer um carro com um custo baixo exige uma produção também com custo baixo e para isso precisamos diminuir a oferta de variações”, explicou Posez. Ele espera aumentar em 50% a participação de mercado do Clio no segmento. Para alcançar a meta, o pós-venda está sendo uma das grandes apostas da marca na busca pelos consumidores da classe C. A revisão do modelo até os 30.000 km custará R$ 0,80 ao dia e a garantia é de três anos.