Quem poderia imaginar que aquele tímido Polo importado da Argentina no fim de 1996 e com um esquisito sósia chamado Seat Córdoba seria hoje, três gerações depois, o carro mais importante da Volkswagen do Brasil?

Desde 2002, quando a quarta encarnação do modelo passou a ser produzida localmente nas versões hatch e sedã, o Polo tem sido o principal desbravador de novos caminhos da fabricante no Brasil. O próprio início de sua produção por aqui levou a uma modernização da fábrica da Anchieta, o que incluiu 400 robôs, solda a laser e pintura automatizada.

Na sequência, o Polo Sedan se tornou o primeiro Volkswagen brasileiro a ser exportado para a Europa – o segundo seria o Fox, em 2003. Seis anos mais tarde, a versão hatch inaugurou a era dos carros flex sem o reservatório de gasolina para partida a frio. Foi o ensaio para uma versão verdadeiramente “verde”, Bluemotion, com direito a pneu com sílica (para gerar menos atrito com o piso) e apêndices aerodinâmicos, truques que reduziram o consumo e as emissões de poluentes em 15%.

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Um intervalo de pouco mais de dois anos marcou a descontinuação da quarta geração

e o retorno do Polo ao Brasil, em 2017, já na sexta fase. Que inaugurou por aqui a plataforma MQB-A0, uma estrutura alinhada com o melhor que a VW tinha lá fora, composta por cerca de 50% de aços de alta e ultra resistência.

Também deu sua contribuição para o legado de esportivos da marca com as versões GTI (importado em 2007, é um dos “neoclássicos” mais cobiçados atualmente) e GTS, recentemente transferida para o Nivus, agora o rival do Fastback Abarth.

No último mês, as vendas do modelo foram incrementadas pelo programa Carro Sustentável, que zera o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para modelos de entrada e do qual o Polo faz parte com as configurações Track, Robust e TSI. De acordo com a marca, houve um aumento de 101% nos emplacamentos nas segunda e terceira semanas de julho, em comparação com o mesmo período de junho).

Até julho, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Polo acumula 70.155 emplacamentos, liderando o segmento de automóveis e atrás somente da Fiat Strada (75.592) no ranking geral, que inclui comerciais leves.

Polo na Garagem Volkswagen

Enquanto isso, a Garagem Volkswagen passa por sua terceira ampliação, agora com um espaço de 400 m2 dedicado a protótipos, carros-conceito, esportivos e modelos que nunca foram lançados, como o Gol BY. Aberta no último dia 4, a extensão comporta mais 13 exemplares e complementa os 1.430 m² concluídos em novembro de 2022 como a nova casa do acervo de clássicos da marca.

O aumento da Garagem Volkswagen converge com a implementação do programa de visitas à fábrica da Anchieta (cujas vagas até dezembro já estão preenchidas). Além de exemplares históricos de Kombi, Fusca, Santana e Gol, os visitantes são apresentados a duas unidades da quarta geração do Polo e quatro da sexta – que representam apenas uma fração da história de 50 anos do modelo.

Principais nomes da Volkswagen até hoje, Passat (1973), Golf (1974) e Polo (1975) protagonizaram uma revolução na linha de produtos daquela que já era uma das principais fabricantes de automóveis do mundo: motores refrigerados a ar, instalados na traseira e conectados às rodas de trás – a essência do Fusca e seus derivados – eram substituídos por propulsores refrigerados a água, acomodados na dianteira e ligados às rodas da frente, configuração mais moderna, e que se padronizava mundialmente.

Baseado estética e mecanicamente no Audi 50, o primeiro Polo media 3,5 metros e pesava 685 quilos, e seu motor de 900 cc e 40 cavalos sacramentava a proposta urbana do menor Volkswagen já produzido. Algo distante dos 4,07 m, 1.154 kg e 116 cv do Polo Highline à venda atualmente.

Embora fosse uma versão simplificada do Golf, o Polo não viveu à sua sombra. Aos dois anos ganhou uma variante sedã, Derby, e aos quatro uma configuração esportiva, GT, de 60 cv. Ao partir para a segunda geração, em 1981, já somava 1,1 milhão de unidades vendidas.

Foi nessa fase que o Polo começou a demonstrar seu caráter experimentalista, revelado principalmente na nova carroceria alongada – algo como uma perua compacta de duas portas –, que se juntava às formas de sedã e hatch. No topo da gama estava o GT G40, de 115 cv.

O Salão de Paris de 1994 revelou a terceira geração – aquela que estrearia no mercado nacional em janeiro de 1997, três meses depois de se apresentar no Salão de São Paulo.