A história é feita por ciclos que acabam se repetindo. No passado, nosso ex-presidente Itamar Franco era simpático ao Fusca e afirmava sempre que o modelo havia ajudado a desbravar o Brasil no passado. Com sua motorização fácil de ser reparada, sem mistérios para a grande maioria dos mecânicos e com peças de reposição abundantes por todo o território nacional, o Besouro acabou se transformando em um desbravador valente desde o final dos anos 50 até 1986, quando saiu de linha.  

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VW Fusca Itamar 1994 – Foto: VW/divulgação

Mas nosso presidente da época não se conformava com o fato de a Volkswagen ter paralisado a produção de nosso pequeno herói automotivo. Por esse motivo, o então presidente Itamar, utilizando as ferramentas da lei, fez com que houvesse uma sensível redução de impostos para carros equipados com motores de até 1600 cm³ (1.6 litro) que fossem refrigerados a ar, e tivessem tração traseira.  

VW Fusca Itamar 1994 – Foto: VW/divulgação

Propositalmente, a lei descrevia o Fusca como o único beneficiário da boa isenção de impostos federais, e de acordo com os governadores, também os estaduais. Na época, a Kombi também acabou ganhando carona nos tais impostos privilegiados. O fato é que a pressão política fez com que a Volkswagen voltasse a fabricar o Fusca novamente em 1993, sete anos depois da paralização da sua produção. 

Relançamento do Fusca Itamar em 1993 – Foto: VW/divulgação

Foi um verdadeiro corre-corre atrás de ferramental de produção, que já havia sido vendido à pequenos fabricantes de peças de reposição. O carro renascido, que ficou conhecido carinhosamente como “Fusca Itamar”, foi produzido até 1996, se beneficiando das isenções que a lei permitia.  

VW Fusca Itamar 1994 – Foto: VW/divulgação

Na realidade, já quando saiu de linha da primeira vez, em 1986, o Fusca já era um carro obsoleto e apresentava níveis de segurança muito aquém daquilo que o mercado exigia, e do que o consumidor pedia. Além disso, o velho motor a ar oferecia baixa performance e excessivo consumo de combustível quando comparado a outros produtos em fabricação na época, agora falando dos anos 90. O próprio consumidor da década de 1990 não queria mais o Fusca, e assim a baixa demanda o tirou de linha pela segunda vez, de forma definitiva. 

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Agora, a história se repete. O governo anunciou um programa, batizado de “Carro Sustentável”, para carros equipados com motor 1.0 de alta eficiência, baixo consumo e contida emissão de poluente, e que tenha também uma alta taxa de materiais recicláveis em seu processo de produção. Além disso, essa nova lei se aplicará à veículos compactos e totalmente nacionais.  

VW Polo TSI manual – Foto: Lucca Mendonça

Desta vez sem pedido do presidente, a VW foi a primeira a se manifestar, colocando na fila de beneficiados uma versão do Polo que já havia, inclusive, saído de linha: a TSI manual, aposentada oficialmente no início desse ano. Lembra muito o ocorrido dos anos 90 com o Fusca: um carro descontinuado, que volta a ser produzido para atender as exigências da lei. O descontinuado Polo TSI com câmbio manual, a toque de caixa volta à vida.

VW Polo TSI manual – Foto: Lucca Mendonça

Segundo as determinações da nova lei, a tal configuração cai como uma luva naquela descrição de carro isento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Com preço competitivo, ela surge novamente como uma peça interessante no mercado: seu motor 1.0 turboflex, de até 116 cv de potência com etanol, traz injeção direta de combustível e duplo comando de válvulas com variadores de fase. O câmbio é manual de cinco marchas, reduzindo o consumo e também as emissões de poluentes.  

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Agora, resta as outras marcas nacionais apontarem quais serão suas cartas do baralho, ou, melhor dizendo, os modelos que vão se enquadrar no tal programa Carro Sustentável, que promete redução de impostos e preços mais baixos até o final de 2026. Ao consumidor? Minha dica é aproveitar os benefícios enquanto eles existam…