Texto Rafael Poci Déa

O Nissan Leaf ZE é pioneiro entre os elétricos de larga escala: estreou nos EUA e no Japão em 2010, quando mal se falava em carros elétricos para uso amplo, e na segunda geração, lançada em 2017, ele chegou a ser o elétrico mais vendido do mundo. Por servir também a motoristas de aplicativo, e por causa da desvalorização acima da média ocorrendo com os carros elétricos, ele pode ser encontrado hoje por valores abaixo de R$ 150 mil. É tentador, claro, mas vale a pena?

Maior que o BYD Dolphin e o Peugeot e-2008, alguns dos elétricos novos mais atraentes e que custam quase o mesmo valor, este Leaf usado (folha, em inglês) “tem muitas conveniências a bordo e atende, inclusive, à categoria Black do app” – como explica Danillo Viana, proprietário de um Leaf e motorista de aplicativo há cinco anos. Feito sobre a base Nissan EV, o Leaf tem 4,48 m de comprimento, 2,70 de entre-eixos e ótimos 435 litros de porta-malas: “Um dos principais motivos da compra foi o espaço interno”, diz Anderson de Oliveira, outro proprietário consultado.

Entre as tecnologias do carro, se destacam o e-Pedal, que permite guiar apenas com o pedal do acelerador, a função B, que aumenta a regeneração de energia, o controlador de cruzeiro adaptativo e o alerta de mudança de faixa. Mas faltam sensores de estacionamento e ajuste de profundidade da coluna de direção, e o freio de estacionamento é ativado por um ultrapassado pedal. Além disso, o plugue tipo CHAdeMO precisa de adaptador para estações Tipo 2. “E a autonomia dele é baixa: fiz uma viagem de 500 quilômetros e precisei de paciência”, diz Oliveira. “Ainda não tenho wallbox, então carrego o Leaf só com o carregador portátil. Faço duas cargas: uma à noite, quando chego em casa, e outra na hora do almoço”, relata Viana.

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Nenhum carro está livre de problemas, mas os elétricos, apesar da baixa manutenção básica, têm peculiaridades: “No Leaf, pode ocorrer o vazamento do líquido que passa pelas baterias, causando um curto no sistema. A troca do pacote custa de R$ 22 mil a R$ 28 mil, e gasta-se mais uns R$ 12 mil de mão-de-obra. Depois, é essencial fazer o balanceamento para evitar estressar a bateria. Manutenções preventiva como troca das pastilhas e de pneus e reaperto da suspensão traseira também são necessários, devido à grande força do motor elétrico”, explica Rodrigo Salviato, proprietário da oficina Infinity Tecnologia em Autos.

“Conheço as dificuldades de possuir um carro elétrico, principalmente os problemas relacionados ao abastecimento. No entanto, após minha experiência com esse tipo de veículo, incluindo o Nissan Leaf ZE, dificilmente eu optaria por voltar a ter um carro a combustão”, diz Danillo.