15/11/2025 - 18:00
O mercado brasileiro sempre foi um prato cheio para os chineses, e seus carros chineses. Nos últimos vinte anos, eles chegaram devagar, ocupando espaço em um setor gigantesco e até então dominado por marcas tradicionais. A pioneira foi a Chana Motors, em 2006. A marca até precisou mudar de nome para Changan, depois de virar alvo de piadas por aqui. Ela abriu caminho trazendo três utilitários simples: uma van familiar, um furgão e uma picape.
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Depois dos comerciais, os carros chineses de passeio
Na sequência veio a Hafei, em 2007, com o pequeno Towner Junior. Depois, em 2009, foi a vez da Chery, que desembarcou com o SUV Tiggo e o compacto QQ, além dos posteriores Face e Cielo. Em 2011, a JAC Motors entrou em cena. A marca chamou atenção logo de cara, não só pelos modelos J3 e J3 Turin, mas pelo investimento pesado em marketing. Tinha até campanha no Domingão do Faustão. Um detalhe curioso da época é que a JAC usava um emblema muito parecido com o da Chrysler, o que gerou bastante comentário.
Má reputação, e aprendizado rápido
A verdade é que essas primeiras marcas sofreram com a má reputação dos carros chineses. Os produtos eram baratos, mas deixavam a desejar em qualidade, acabamento e durabilidade. Isso marcava negativamente a imagem dos veículos importados da China, que eram vistos como opção de risco no mercado de usados. Não por acaso. A indústria chinesa ainda engatinhava, bem atrás da experiência das fabricantes europeias e americanas.
Mas os chineses aprendem rápido. A história se repetiu como aconteceu com japoneses e coreanos décadas antes. Os japoneses levaram quase vinte anos, dos anos 60 aos 80, para virar sinônimo de qualidade. Os coreanos caminharam no mesmo ritmo e, em quinze anos, já disputavam mercado de igual para igual. A China fez o mesmo em um intervalo ainda menor. Pouco mais de dez anos depois de chegarem ao Brasil, já mostravam carros muito mais sólidos, bem-acabados e competitivos.
Agressivos na eletrificação

E então veio a virada definitiva: a eletrificação. Enquanto boa parte das marcas tradicionais ainda discutia o futuro, as chinesas avançaram em velocidade impressionante no desenvolvimento de sistemas elétricos e híbridos. Hoje, são referência global em tecnologia de baterias, alcance, eficiência e recarga. A situação se inverteu. Agora são europeus e americanos que buscam tecnologia chinesa para desenvolver seus elétricos.
Os carros chineses híbridos e elétricos vendidos no Brasil estão no topo da onda. Oferecem desempenho, sofisticação e autonomia que rivalizam – e muitas vezes superam – as marcas tradicionais. Se as fabricantes veteranas não acelerarem seus projetos de eletrificação, vão ter trabalho para acompanhar.

Quem já está, e quem vai vir
Com produtos cada vez mais competitivos, o consumidor brasileiro passou a olhar para as marcas chinesas com outros olhos. BYD, GWM, Caoa-Chery e JAC já consolidaram suas operações por aqui, as duas primeiras até com fábricas nacionais. Depois vieram Omoda, Jaecoo, GAC, Leapmotor, Geely, Zeekr e Neta. De todas, essa última foi a única que não sobreviveu, por conta da falência da matriz chinesa.

E outras estão por vir: Jetour, MG, Denza, e até a volta da Changan, estão previstas para os próximos meses. Os chineses não estão para brincadeira, e sempre prometem tecnologia de ponta, bom pacote de equipamentos e preços agressivos. Se alguém ainda duvida que elas estão ditando o ritmo do mercado, basta ver a concorrência ocidental baixando preços, incluindo equipamentos e mudando estratégias por causa deles, os carros chineses.








