13/09/2025 - 7:00
Em alguns locais dos Estados Unidos é fácil observar carros sem motorista circulando pelas ruas, isso há alguns anos. O serviço comercial de transporte por aplicativo já existe em estados como Arizona, Califórnia e Texas, para citar.
Mas, e no Brasil? É possível ter um Uber sem motorista, por exemplo? Bom, para responder essa pergunta, a MOTOR SHOW entrou em contato com o Ministério dos Transportes. A pasta afirma que atualmente não existe legislação de trânsito específica para veículos autônomos no Brasil.
“O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece a proibição de conduzir veículos sem o uso das mãos, o que gera desafios para a circulação de veículos com níveis avançados de autonomia”, explicou o ministério.

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E os carros que têm tecnologias de direção autônoma?
No mercado automotivo há muitos modelos novos que contam com tecnologias semiautônomas de direção.
O BYD Song Pro GS é um deles. Ele recebeu recentemente um pacote de sistemas em sua lista de itens de série, como controle de velocidade adaptativo, assistência de permanência em faixa e frenagem automática de emergência. Os sistemas como esses conseguem “ler” as faixas das ruas, os veículos ao redor, aceleram de forma contínua e corrigem a direção automaticamente.
No entanto, não pense que um motorista consegue tomar um cafezinho e largar de mão, há sempre avisos sonoros e visuais para que o motorista nunca deixe o volante. Em relação a essas tecnologias, o ministério responde que as novas tecnologias sempre passam por uma regulamentação do Contran para serem inseridas nos carros.
“Algumas tecnologias que automatizam a condução, como sistemas de frenagem autônoma, aviso de afastamento lateral de faixas de rolamento, entre outros, dependem de regulamentação pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para que possam ser adotadas pelos fabricantes de veículos.”
Problemas com a direção autônoma
Órgãos americanos realizam há anos investigações e recalls relacionados a colisões envolvendo a tecnologia de veículos autônomos da Tesla.
No início de agosto, um júri da Flórida ordenou que a companhia de veículos elétricos de Elon Musk pagasse cerca de US$ 243 milhões às vítimas de um acidente fatal ocorrido em 2019 envolvendo um Model S equipado com o Autopilot. Foi considerando que o software de assistência ao motorista estava com defeito.
Quais os possíveis problemas para a adoção da direção autônoma no Brasil?
O problema dos acidentes com os veículos autônomos não é a sua frequência, que é muito menor do que seria com pessoas físicas, mas de quem é a responsabilidade, de acordo com a visão de Cassio Pagliarini, CMO da Bright Consulting, empresa especializada em consultoria automobilística.
“Você está em um carro autônomo e não está prestando atenção na condução porque o carro está dirigindo sozinho. Ele vai desviar do cachorro e pega outro carro, mata uma pessoa. De quem é a responsabilidade? Do dono do carro? Do aplicativo que emprestou o carro? Do fabricante do veículo?”
Pagliarini diz que caso haja alguma legislação nesse sentido, ela será reflexo das já existentes na Europa e Estados Unidos. Além disso, ele enxerga outro problema da adoção de carros autônomos no Brasil.
“O maior problema é a sinalização de ruas e estradas, de acordo com o padrão. Você encontra estradas que são perfeitas e que os veículos com auxílio de ADAS [Advanced Driver Assistance Systems ou Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor, na tradução] conseguem conduzir e tem lugares em que isso é muito mal sinalizado e os equipamentos não têm como ler as condições da estrada.”
O especialista ressalta que o Brasil está muito distante de uma condução sem motoristas.
“Aqui no Brasil, eu acredito que a gente está há mais de cinco anos de uma condução autônoma máxima, nível 5. Porém, a gente tem tecnologias muito boas.”
Ele cita: piloto automático adaptativo, manutenção e alerta de faixa, e alerta de tráfegos transversos.
Conheça abaixo os cinco níveis de automação dos carros, segundo a SAE (Society of Automotive Engineers):
Nível 0: a direção depende 100% do motorista, no máximo com equipamentos que alertam o condutor;
Nível 1 – direção assistida: o veículo é capaz de fazer algumas funções, mas as principais ações ainda dependem do motorista. Se enquadram nessa categoria os veículos equipamentos com piloto automático adaptativo, ela faz com que o carro permaneça em uma mesma velocidade sem a intervenção do motorista;
Nível 2 – automação parcial: em cenários seguros, o veículo consegue acelerar, frear e se manter dentro de faixas de rodagem, mas o motorista deve permanecer atento à via todo o tempo para assumir a direção em situações de emergência;
Nível 3 – automação condicionada: o sistema autônomo é capaz de guiar efetivamente o veículo em certas condições de tráfego, mas o condutor deve se manter pronto para assumir o controle do veículo quando solicitado;
Nível 4 – automação avançada: o sistema autônomo de nível 4 assume praticamente todas as funções do condutor, mas em situações adversas a máquina pode solicitar que o motorista assuma os comandos;
Nível 5 – condução autônoma: dispensa totalmente os motoristas e os comandos manuais, permitindo dar ordens ao veículo por meio de comando de voz, por exemplo.