Era uma vez o baterista da maior banda de rock em atividade no mundo. E ele era tão rico e famoso que tinha uma coleção de carros. Mas esse roqueiro não sabia dirigir. Essa introdução bem que poderia fazer parte de algum livro infantil sobre o clichê do “pobre menino rico”. Mas, nesse caso, o clichê é verdade. E o nome do baterista é Charlie Watts.

Eu não escolhi essa história para inaugurar este blog ao acaso. Ontem, 2 de junho, Watts completou 79 anos. São quase 60 anos como baterista dos Rolling Stones. E tudo que começa com os Stones termina bem.

Watts pode ser considerado o mais discreto dos rockstars do seu quilate. É casado há mais de 50 anos com Shirley Ann Shephard. Tem uma filha e uma neta. E quase nenhum registro nos arquivos de paparazzi. Mas discrição não significa que ele não tenha suas excentricidades. E a que envolve sua coleção de carros é uma das mais peculiares.

Não é que ele tenha uma garagem cheia de relíquias ou máquinas caríssimas. Esse é o caso de outro baterista britânico: Nick Mason, do Pink Floyd, que tem, entre os seus 40 modelos, uma Ferrari 250 GTO 1962 avaliada em R$ 155 milhões (mas essa a gente deixa para outro post).

A coleção de Watts é muito mais singela. Ele tem apenas 4 carros antigos. E é aí que a história começa a ficar suculenta. Discreto e um pouco avesso a entrevistas e ostentação, ninguém sabe direito o que tem na garagem do rockeiro. E ele (ou seus colegas de banda) não fazem esforço algum para mudar isso.

Em uma entrevista à revista NME, publicada dois anos atrás, Watts comentou por cima sobre sua coleção. Ele falava sobre a receita para ser um rockstar e estar casado com a mesma pessoa durante tanto tempo. “É porque eu não sou um rockstar. Eu tenho quatro carros antigos e eu nem posso dirigir. Eu nunca tive interesse em dar entrevistas ou aparecer.”

Anos antes, o colega caçula Ron Wood já havia dado pistas sobre a excentricidade de Watts no que se refere aos carros em sua garagem. Também ao semanário NME, Wood falou sobre o baterista e seu…alfaiate.

Watts adora ternos, a gente sabe. Não é raro que ele apareceça em eventos de divulgação na maior estica. Esse hábito rendeu a ele títulos como um dos “músicos mais elegantes do mundo”, segundo a Esquire. E ele já disse algumas vezes que apenas não adota o figurino nos shows com os Rolling Stones porque o paletó limitaria seus movimentos.

Mas deixemos o closet e voltemos a sua garagem. Segundo Wood, Watts mandou fazer um terno completo para usar em cada um dos quatro carros de sua coleção, que ele não pode dirgir. O ritual então é: vestir o terno exclusivo de um dos veículos, sentar ao volante, ligar o motor e…ficar ouvindo o ronco do possante.

E ele nem tem habilitação. Porque Charlie Watts não precisa de uma.