O primeiro carro híbrido do mercado brasileiro começa a ser vendido este mês. E não é qualquer carro, mas um Mercedes – e dos mais luxuosos. Trata-se de um sofisticadíssimo e gigantesco Classe S. Como consequência do lançamento deste S400 Hybrid, uma avalanche de críticas se anuncia.

Primeiro, por ser um modelo que certamente custará mais de R$ 500 mil e terá vendas limitadíssimas, sendo otimista. Segundo porque ele não é um híbrido puro, já que seu motor elétrico apenas auxilia o motor a gasolina com um acréscimo de 20 cv e, em nenhum momento, é capaz de movimentar o carro sozinho. Terceiro porque, apesar da ajuda da energia limpa, ele continua sendo um sedã V6 enorme e gastão. Apesar de tudo isso, e ainda que os mais radicais discordem, sua chegada ao País é, sim, motivo de comemoração.

O logotipo abaixo identifica a nova versão híbrida do Classe S. No mais, as diferenças estão debaixo da carroceria

As outras marcas seguirão o exemplo a médio prazo, os consumidores mais leigos no assunto começarão a se interessar pela nova tecnologia – que até então era algo distante – e o carro vai fazer pensar e dará credibilidade para todos os que vierem depois.

Acima, o tradicional motor V6 de 3,5 litros que gera 272 cv de potência. No canto, à direita do motor, (esq. na foto) fica a bateria, que oferece até 27 cv adicionais sem emitir poluentes. O consumo, para um carro deste porte, é bom

Acima, a bateria de íons de lítio (à direita do motor) e a transmissão com motor elétrico acoplado diretamente a ela

Inconscientemente, as pessoas verão este S400 como um aval da confiável marca alemã para os híbridos em geral. “Se até a Mercedes se meteu nisso é porque a coisa é boa”, dirão nas conversas de bar. Principalmente porque o uso da eletricidade, neste caso, não prejudicou a sofisticação nem o desempenho do Classe S em relação ao seu equivalente com motor movido apenas a gasolina. A unidade seis cilindros debaixo do capô é a mesma do S 350. Um motor com 3,5 litros que desenvolve bons 272 cv de potência. A diferença aqui é que, quando o motorista exige potência do carro, um segundo motor, elétrico – alimentado por uma bateria de íons de lítio (semelhante àquela usada em aparelhos eletrônicos e celulares e nunca antes em um carro de série, com exceção do limitadíssimo e quase experimental Tesla Roadster, apesar de ser mais compacta e eficiente que as convencionais) – entra em ação e oferece um incremento de 27 cv gerados a partir de energia limpa, sem emissão de poluentes.

Duas telas, abaixo, mostram a atuação e a carga do sistema híbrido: uma no centro do velocímetro e outro na tela central

Uma diferença em relação aos veículos puramente elétricos e aos híbridos do tipo plugin é que a recarga da bateria não é feita pela tomada, mas apenas utilizando a energia cinética da desaceleração. Lembra do sistema Kers, usado na Fórmula 1? Pronto! É isso.

Com esses dois motores trabalhando em conjunto, o S400 oferece excelentes 299 cv de potência e 39,3 kgfm de torque, que garantem uma aceleração de zero a 100 km/h em 7,2 segundos e uma velocidade máxima de 250 km/h (limitada). Em relação ao consumo, segundo a Mercedes, o modelo faz médias entre 12,3 e 12,7 km/l, que representam uma economia de 21% em relação ao modelo somente a gasolina. A emissão de CO2, de 186 g/km, é 18% menor do que a do S350.

Além da adição do motor elétrico, a marca lançou mão do sistema start stop – que desliga o motor quando o carro está parado em semáforos, por exemplo, e religa automaticamente quando se pisa no acelerador para evitar o desperdício –, e aumentou o uso de materiais de acabamento naturais, reciclados ou que sejam fáceis de reciclar. Pode ser pouco ainda. Mas… por que não? É só um primeiro passo. Que venham os próximos.

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