“Chegou sua vez.” Sim, eu sei que esse é o slogan da propaganda do Jaguar F-Type. Mas, se no caso do roadster de mais de R$ 420 mil ele pode até parecer brincadeira, no caso desse XF com motor 2.0 se encaixaria bem melhor. Por R$ 219.900 – R$ 80 mil a menos que o XF V6 –, você pode levar para sua casa um legítimo e exclusivo sedã de (muito) luxo britânico.

“Mas com um motor 2.0, desenvolvido junto com a Ford para o Fusion, onde fica a exclusividade? E ainda por cima não deve andar nada…”, diria um cliente mais chato. E eu logo responderia que é o mesmo motor turbinado de 240 cv do Range Rover Evoque e de alguns Volvo, e que até agora não vi ninguém reclamando dele. Pelo contrário. E ainda sugeriria que desse uma volta. Afinal, se Mercedes Classe E e BMW Série 5 podem ter versões quatro cilindros perfeitamente agradáveis de dirigir, por que o XF não poderia?

Mais importante que os 240 cv de potência são seus 34,7 kgfm de torque, disponíveis na totalidade de 2.000 a 4.000 rpm. Essa força toda garante não só que o XF responda sempre prontamente ao acelerador, mas que esse Jaguar não se mostre um gatinho quando se precisa dele. A aceleração de 0-100 km/h leva 7,9 segundos e a velocidade máxima é de 240 km/h. Para completar, segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem, na estrada ele roda 9,7 km/l – mais que um Fiat Idea Adventure 1.8 ou um Suzuki Grand Vitara, também 2.0 (mas aspirado). Na prática, a 120 km/h constantes (com o contagiros mantendo-se nas 1.400/1.500 rpm), consegui médias de 12,5 km/l. Para um carro que pesa 1.700 quilos, é uma marca impressionante. Mérito também da transmissão automática ZF de oito marchas, rápida como uma automatizada de dupla embreagem.

Se por fora o XF é um tanto ousado (além de belíssimo), por dentro seu design é conservador – ou, se preferir, clássico. O acabamento é caprichado, superando o dos rivais da Mercedes-Benz e, principalmente, da BMW. É difícil encontrar uma parte sem materiais nobres. O isolamento acústico é primoroso, graças ao extensivo trabalho nos painéis sob o carro e à adoção de uma barreira dupla entre o motor e a cabine.

Para quem gosta de status, esse XF vai além de Série 5 e Classe E. Pode até ser inferior aos alemães em determinados pontos, mas, nas ruas, atrai muito mais olhares e comentários que os alemães. Boquiabertos, os admiradores nem pensarão no que está sob o capô. Não que haja algo errado com esse motor – como já disse, muito pelo contrário