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Nos últimos nove anos (2008 a 2016), um total de 725.340 carros elétricos foram vendidos no mundo somente dos 10 modelos de maior sucesso. Ainda é pouco, em comparação com as vendas de automóveis convencionais. Mas, desde o surgimento do Nissan Leaf, em 2010, houve uma explosão de carros elétricos de sucesso – nove dos dez modelos mais vendidos surgiram na “era Leaf”, totalizando 687.740 veículos. O Leaf e o Tesla Model S, sozinhos, já venderam mais de 408.000 unidades. Por isso, a General Motors não quis ficar de fora dessa briga. Em outubro de 2016, a GM lançou nos Estados Unidos o Chevrolet Bolt EV, um carro compacto 100% elétrico que pretende disputar a liderança do ranking com os pioneiros do mercado.

A convite da GM, fomos aos EUA conhecer o Bolt e todo o conceito que está por trás desse carro. Partindo de Detroit, fizemos um test drive de 166 km, passando por Pontiac, Milford e Plymouth, cruzando trechos de rua, rodovias sinuosas de mão dupla e autoestradas. Tempo suficiente para o Bolt EV mostrar por que já vendeu 6.000 unidades de janeiro a maio deste ano. No final do percurso, o Chevrolet elétrico ainda tinha fôlego para rodar mais 217 km. Isso dirigindo de forma nada econômica, acelerando forte em alguns trechos para sentir a potência do carro. No total, o alcance do Bolt é de 383 km.

A grande autonomia, a alta potência, o tamanho compacto e o preço acessível são os quatro pilares que estão sustentando o sucesso do Bolt. Dotado de duas grandes baterias de íon de lítio com 288 células, o Bolt entrega excelentes 204 cv de potência e 36,8 kgfm de torque. O impressionante conjunto de baterias ocupa toda a parte inferior do Bolt e pesa 429 kg. O carro inteiro tem 1.624 kg, mas a relação peso/potência é tão boa (7,9 kg/cv) que ele acelera de 0-100 km/h em meros 7 segundos. A velocidade máxima é de 150 km/h. Com 4,166 m de comprimento, seu porte fica entre um Onix e um Tracker, para comparar com dois modelos da linha Chevrolet. Ele também é um pouco maior do que o Honda Fit, a quem se assemelha bastante no design.

Mas um dos grandes atrativos do Bolt EV é o preço. Ele custa oficialmente US$ 37.495, mas o governo americano dá um incentivo para a compra de carros elétricos e, assim, o Bolt sai por apenas US$ 29.995. É um pouco mais caro que um Camaro de entrada (US$ 26.900), mas muito mais barato que um Tesla Model S (US$ 59.900 a US$ 134.500). Nesse caso, a GM antecipou-se à Tesla, pois seu futuro Model 3 deverá partir de US$ 35.000 (antes dos incentivos). Mesmo assim, o Bolt EV não será importado para o Brasil com as regras atuais. Afinal, seu preço final seria de R$ 250.000, o que o tornaria comercialmente inviável. Precisaria de mais incentivos.

A experiência de dirigir um Bolt é fascinante. Como todo carro elétrico, ele tem apenas uma marcha para frente e a marcha-à-ré. O torque está disponível em qualquer velocidade. O Bolt arranca com facilidade e tem um comportamento dócil, como qualquer carro convencional. Ao volante, as regras para economia de energia são diferentes das normas de economia de combustível. Num carro com motor a combustão interna, freadas bruscas prejudicam o consumo; no Bolt EV, as frenagens suaves regeneram energia para as baterias.

O quadro de instrumentos com tela de 8” mostra um gráfico de uso de energia (conseguimos ver que a 92 km/h ele gasta 98 kWh) ou de ganho de energia (nas frenagens). Aliás, o Bolt traz do lado esquerdo do volante uma borboleta por meio da qual você pode dirigir com apenas um pedal acionada, ela freia o carro quando se tira o pé do acelerador. Caso queira dirigir o tempo todo assim, basta colocar o câmbio na posição Low. Mas é uma freada intensa, tornando a condução um tanto desconfortável, pelo menos antes de se acostumar com essa maneira de guiar.

A transmissão é eletrônica. Uma tela multimídia de 10,2” (com MyLink, AndroidAuto e Apple CarPlay), auxílios de condução como alerta de tráfego mais lento na mesma faixa e freios ativos na detecção de pedestres, dez airbags, câmera 360º, sistema OnStar, freios a disco nas quatro rodas e uma ótima posição de dirigir tornam a vida a bordo confortável. Com boa distribuição de peso (55% na frente, 45% atrás) e suspensões duras, o carro tem boa estabilidade nas curvas. Apesar da ótima autonomia, o Bolt EV também tem aquilo que é o problema de todos os carros elétricos: a demora no carregamento das baterias. Usando 110V, leva 12 horas para obter até 80 km de alcance. Com 240V, ele recarrega totalmente as baterias em 9h45min, na proporção de 40 km de alcance/hora. Mas existe também a opção de usar o Fast Charger (carregamento rápido), que entrega 145 km de autonomia a cada 30 minutos.

Finalmente, mas não menos importante, o Bolt EV consagra a tendência que já vimos nos modelos da Tesla: a beleza e a simplicidade do design. Definitivamente, carro elétrico não precisa mais ser exótico. Seu interior é limpo, agradável e simples. Os comandos são intuitivos e a condução é tranquila. Por fora os designers da GM usaram uma “cinta” de acrílico preto que envolve todo o carro. Visto de lado, ele parece ter toda a parte superior “flutuante”, desde o capô. O conjunto é completado por belas rodas diamantadas de 17”. Com todos esses atributos, o Bolt já é um dos carros preferidos também do Maven, o programa que colocou a GM na liderança absoluta do mercado mundial de automóveis compartilhados.


Ficha técnica:

Chevrolet Bolt EV

Preço básico: US$ 37.495*
Preço com incentivo: US$ 29.995*
Motor: elétrico, duas baterias de íon de lítio, 288 células
Potência: 204 cv
Torque: 36,8 kgfm
Câmbio: automático, uma marcha à frente e ré
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco (d/t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,166 m (c), 1,765 m (l), 1,610 m (a)
Entre-eixos: não divulgado
Pneus: 215/50 R17
Porta-malas: 481 litros (carregado até o teto)
Peso: 1.624 kg
0-100 km/h: 7s0
Velocidade máxima: 150 km/h
Alcance: 383 km
Emissão de CO2: o g/km