O governo federal lançou em 30 de dezembro o “Mover”, programa nacional de mobilidade verde e inovação. Trata-se de uma nova fase do antigo Rota 2030, no qual vai contar com um incentivo fiscal de R$ 19 bilhões até 2028. Com a medida, o objetivo é ampliar a descarbonização da frota e estimular a produção de novas tecnologias, seja para carros de passeio, ônibus e caminhões.

De acordo com o executivo, a MP do Mover cria o chamado FNDIT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico), que será gerenciado pelo BNDES e sob coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

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Mercado de elétricos

Para a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), a medida é positiva e dá previsibilidade para que as empresas do setor invistam em peças e veículos híbridos e elétricos.

“A grande novidade para as empresas associadas da ABVE, que já estão produzindo no Brasil e outras que estão trazendo investimento para cá, é a inclusão da eletromobilidade dentro das condições de incentivo da condição local”, afirma Ricardo Bastos, presidente da associação, com exclusividade para a IstoÉ.

Ricardo Bastos, presidente da ABVE – Crédito: Divulgação

Outro detalhe é que além de veículos de novas tecnologias, isso inclui a produção de componentes (como de baterias) e engloba a cadeia de autopeças.

“O programa motivou bastante. Várias empresas associadas estão colocando isso dentro de seu plano de negócios e perspectivas de investimentos. É um adicional importante dentro dos planos que estavam sendo preparados. Quando a gente conhece os próximos cinco anos e esses próximos cinco anos vêm com ingredientes importantes que vão permitir incentivos, isso é muito positivo e vai acelerar os investimentos.”

Para Bastos, o crédito tributário oferecido pelo Mover é mais transparente.

“Você faz o investimento, a pesquisa, o desenvolvimento. Conhece a regra de como se apoderar do crédito e como utilizar esse crédito. Ou seja, você vai se apropriar e utilizar ele muito mais fácil para pagar qualquer tributo e contribuição federal. Não é aquele crédito que você tem que compensar no imposto de renda.”

Ainda haverá regulamentações, mas em tese se a empresa fizer pesquisa, desenvolvimento, instalar fábricas no Brasil, para citar, tem os critérios exatos e saberá os percentuais para o cálculo dos incentivos.

“A tendência é que em dois ou três anos, os veículos elétricos fiquem com o mesmo preço dos modelos a combustão. Isso é uma tendência global. O veículo eletrificado começou em um patamar mais alto de preço e com baixo volume. Mas o nome do jogo na indústria automobilística é escala. Quando você tem escala e volume, isso reduz significativamente o custo e preço. A produção local vai ajudar a reduzir custos também. Com o Mover, o fabricante de autopeças que vier a se instalar no Brasil vai começar a ter produção e escala.”