04/07/2020 - 9:00
Em teoria, deveríamos chamá-lo de desintegrador, mesmo que, com toda gentileza, Fabian Oefner diga o contrário. O fato é que ninguém imagina como ele pode desintegrar um carro de colecionador em pedaços pequenos. Ele diz que “é preciso amar o que se desintegra: os carros que escolho são os que mais gosto”. A Série Desintegração (Desintegrating Series) do artista suíço com ateliê em Nova York derivam da paixão por tudo relacionado ao tempo.
Oefner começou a carreira como fotógrafo comercial depois de trabalhar com estudos de design de produtos. Entre seus projetos pessoais, o mais sedutor brota da restauração de um Volvo P1800: fascinado pelos diagramas e desenhos técnicos das peças mecânicas, as chamadas “vistas explodidas”, Oefner decidiu traduzi-las em composições de naturezas-mortas impressas em grande formato.
Pura ilusão
O que acabaria sendo uma jornada técnica extremamente satisfatória do ponto de vista visual. No ato de surpreender o espectador, de captar sua atenção, o artista é necessariamente um mágico: “Se você olha para os carros no momento em que eles se desintegram, tudo acontece em um instante imaginário, um fragmento de tempo que não existe”, explica.
A desintegração da Ferrari é na realidade uma ilusão, uma idéia metafísica do que acontece em um determinado momento do tempo. Mas é claro que um truque existe, mesmo que você não o veja (a primeira desintegração do artista, assim como essa Ferrrari P4, foram realizadas com miniaturas).
O primeiro carro em escala real que Oefner “desintegrou” foi um Lamborghini Miura (acima). “Um colecionador ia levá-lo a Sant’Agata Bolognese para a restauração completa, e me deu a oportunidade de fotografar cada peça, em um pequeno estúdio montado ao lado da oficina. Por três anos, fiquei indo e voltando da Suíça para Bolonha. Foi bom trabalhar com a oficina mecânica para descobrir em detalhes como este Lamborghini foi construído nos anos 60”, explica.
O truque
Desintegrar um carro, como você já deve ter entendido agora, é uma ficção. A ideia é traduzida primeiro graficamente, por meio de um desenho, e, depois, a partir dos quadros individuais de cada componente. São não menos que dois mil deles, retrabalhados e posicionados com avançados programas de edição de fotos.
É preciso saber exatamente o que está sendo feito, pois, uma vez montadas as peças, não há como mudar mais. Para um projeto como este, é preciso tempo, paciência, dedicação e precisão. Oefner, este ano, se dedicará à escultura, mas não abandonará a série Desintegração. “Gostaria de trabalhar com modelos reais de carros como McLaren F1, Ferrari F40 e Lamborghini Countach. Recebi a aprovação de alguns colecionadores. Mas será necessário esperar até que decidam restaurá-los…
Entre os primeiros trabalhos de Oefner, os modelos em escala do Porsche 956 Works Rothmans Ickx/Bell de 82:
e do Audi-Auto Union Type C 1937:
As impressões vão de 140×70 a 420×210 centímetros
(e estão à venda no site www.fabianoefner.com)